quinta-feira, 11 de julho de 2013

Pesquisas com erva-baleeira, por Médica Veterinária Carolina Granconato de Abreu

A erva-baleeira é uma planta da Família Boraginaceae que se distribui no Brasil da região Amazônica até o Rio Grande do Sul, sendo mais concentrada próxima às regiões costeiras. Denominada cientificamente por Cordia verbenaceae, é empregada popularmente, há tempos, contra afecções inflamatórias osteomusculares, tanto de modo tópico e como oral.

As infusões e esmagamentos das folhas em gazes, por exemplo, sobre feridas e extratos, são os mais empregados. No entanto, o óleo essencial da planta é o que possui mais princípios ativos, sendo o mais eficaz.

O óleo essencial da erva-baleeira é o responsável pelos seus efeitos anti-inflamatórios, mas o seu extrato hidroalcoólico tem pouco efeito medicinal de acordo com pesquisas em universidades. Anteriormente, a artemetina foi dita como responsável pelos benefícios, mas em estudos mais aprofundados e em ensaios clínicos, os pesquisadores observaram que na verdade, é o alfa-humuleno o princípio ativo que faz da erva-baleeira uma planta medicinal. Por isso, no uso popular ela tem mais ação quando usada sobre os locais acometidos logo após o esmagamento das folhas.


Outro uso popular é por meio dos extratos hidroalcoólicos ingeridos contra inflamações diversas no organismo. Ainda estão sendo testados os efeitos da erva-baleeira quando ingerida, mas estudos já determinaram que houve boa tolerância do organismo sem relatos de intoxicações, tanto no uso popular quanto nos testes laboratoriais em ratos. Também estão sendo analisados o efeito protetor da espécie na mucosa gástrica. Dessa forma, se tornará muito promissor o uso da erva-baleeira em comparação aos anti-inflamatórios atualmente empregados, já que estes levam a lesões gastrointestinais e até renais ao longo do tempo de uso. 

Uma pesquisa na Universidade de Campinas demonstrou que extratos da erva-baleeira tiveram ação anti-inflamatória de diversas causas em ratos e sugeriu que sua ação se deve a inibição de síntese ou de atividade de prostanoides, substâncias formadas no organismo responsáveis pela inflamação. No entanto, como em outros estudos, a artemetina não foi responsável por essa ação.

Matias et al. (2010) avaliaram as ações antibacteriana dos extratos de algumas plantas, dentre elas a erva-baleeira, contra linhagens resistentes de Staphyloccocus aureus e Escherichia coli, bactérias comumente encontradas no organismo de animais e seres humanos que podem acarretar em danos à saúde. O extrato da erva-baleeira ficou dentre os mais efetivos contra as bactérias testadas. Entretanto, quando testada sobre Salmonela sp, a planta não inibiu nem desativou a bactéria, apesar de ter sido usado o extrato e não o óleo essencial, sendo assim mais um campo de ação a se estudar sobre este vegetal.

Visando comprovar outros empregos da Cordia verbenaceae, o extrato bruto e o óleo essencial foram testados em periodontites de ratos, obtendo resultados que confirmaram uma redução da progressão da doença através da menor perda óssea nos animais tratados com esta planta.

A C verbenaceae é uma das plantas mais bem estudadas do Brasil e já existe um creme tópico de comprovada segurança e eficácia. Este creme foi comparado ao diclofenaco dietilamônio, o anti-inflamatório de uso tópico em pomadas considerados mais forte atualmente, e o produto à base da planta foi considerado de efeito equivalente e, em alguns casos, melhor do que esse químico. Um fitoterápico para uso oral está em fase de estudo e em breve será lançado no mercado para agir contra dores agudas e crônicas sendo mais um produto para valorizar a rica flora brasileira.


Referências: 

BARRELA, G. E. Efeitos de plantas medicinais na periodontite experimental de ratos. Dissertação apresentada ao programa de Pós Graduação em Odontologia da Universidade Paulista- UNIP para a obtenção do título de Mestre em Odontologia, 2012. 
LADEIRA, R.S. Preparação do extrato seco de Cordia verbenaceae. Rio Grande do Sul, 2002. Phytomédica, ano1, nº1. Cordia verbenaceae- Planta contra inflamação. São Paulo, s.d. 

MATIAS, E. F. F. et al. Atividade antibacteriana In vitro de Croton campestris A., Ocimum gratissimum L. e Cordia verbenacea DC. R. bras. Bioci., Porto Alegre, v. 8, n. 3, p. 294-298, jul./set. 2010.

OLIVEIRA, M. C. B. L. Atividade antiinflamatoria dos extratos obtidos de Cordia curassavica DC. Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP. 2002. 


WIEST. J. M. et al. Inibição e inativação in vitro de Salmonella spp. com extratos de plantas com indicativo etnográfico medicinal ou condimentar. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.61, n.1, p.119-127, 2009 

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