sexta-feira, 12 de julho de 2013

Educação alimentar e nutricional precisa fazer parte do currículo escolar

Por Renata do Amaral

O documentário “Muito além do peso”, da diretora Estela Renner, tem chamado atenção para uma nova realidade brasileira: com a desnutrição em queda no país, agora o problema de saúde que aflige as crianças é a obesidade. O filme mostra que a qualidade dos alimentos ingeridos fica a desejar, ocasionando doenças diversas. A preocupação é semelhante à da nutricionista Alicinez Guerra Albuquerque, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco, que buscou saber como o conhecimento sobre a alimentação e nutrição é repassado para os alunos nas escolas públicas.

Orientada por Mônica Maria Osório de Cerqueira e coorientada por Cleide Maria Pontes, a dissertação “Conhecimentos e práticas de educadores e nutricionistas sobre a educação alimentar e nutricional no ambiente escolar” procurou responder à seguinte questão: quais são os conhecimentos teóricos e as práticas de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) dos educadores e nutricionistas na escola pública estadual de Pernambuco? A construção de hábitos alimentares saudáveis pode e deve começar na infância. A ideia é que os conteúdos ligados às escolhas alimentares saudáveis sejam tocados em várias disciplinas, segundo os parâmetros curriculares nacionais.

“A EAN envolve um processo educativo, com intuito de formar, compartilhar e melhorar os hábitos alimentares. O processo da EAN não pode limitar-se ao conteúdo, é preciso ter habilidade em dialogar o conhecimento junto ao aluno partindo do seu contexto alimentar de acesso aos alimentos, tornando a aprendizagem mais fácil”, explica Alicinez. Ela realizou o estudo na Secretaria Estadual de Educação de Pernambuco (SEE) e na escola pública estadual Severino de Andrade Guerra (Esag), no município de Machados, no Agreste. O local foi escolhido por ter um Programa de Alimentação Escolar que oferece cardápios orientados por nutricionista.

Ela entrevistou sete educadores da Gerência de Políticas Educacionais (GPE) do Ensino Fundamental II da SEE, na função de técnicos de ensino que planejam o currículo escolar; oito professores do Ensino Fundamental II da Esag; e 13 nutricionistas responsáveis técnicos pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) das escolas públicas estaduais do Estado. Em seguida, usou a técnica da Análise de Conteúdo, de Bardin, que apontou para três temas recorrentes: a carência da escola em práticas de EAN, as estratégias de EAN na escola (a merenda faz parte, mas não é suficiente) e as limitações para a prática de EAN na escola.

Os entrevistados indicaram carência de ações efetivas de EAN e os professores se disseram pouco instruídos sobre o tema para poder passar o conteúdo com segurança. “É primordial que os profissionais sejam formados continuamente para tal, a fim de tornar o olhar mais sensível para os problemas sociais relacionados à alimentação, de modo interdisciplinar, reconhecendo a necessidade de integrar os saberes e as ações para melhorar a qualidade de vida da comunidade escolar e da sociedade”, afirma. Apesar de a merenda ter boa aceitação, a nutricionista observou que há considerável consumo de alimentos ricos em gordura e açúcar comprados fora da escola.

A EAN busca promover a saúde e a segurança alimentar, ou seja, o direito humano ao acesso a alimentos em qualidade e quantidade suficientes sem comprometer outras necessidades. De acordo com o perfil de saúde e nutrição da população, professores e nutricionistas podem atuar juntos na prevenção de males crônicos como obesidade, hipertensão, diabetes e doenças do coração. Alicinez defende que a escola é um ambiente privilegiado para desenvolvimento da EAN em busca da cidadania e da qualidade de vida ao integrar a questão alimentar e nutricional com o contexto real dos estudantes.

Mais informações
(81) 2126.8463

Alicinez Guerra Albuquerque

Data: 08.07.2013
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