sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Mais pesquisadores se dedicam ao estudo de Plantas Medicinais e Fitoterápicos no Brasil

Por Antonio Carlos Siani
Foto: Fernanda Birollo

Nas instituições brasileiras, a quantidade de Grupos de Pesquisa (GP) que se dedicam ao estudo de plantas medicinais e fitoterápicos teve um significativo aumento na primeira década do século XXI, conforme indica o levantamento publicado na edição mais recente da Revista Virtual de Química (*). Com base em inventários realizados nos censos bianuais do CNPq, disponíveis em buscas no Diretório de Grupos de Pesquisa, este estudo apontou um significativo aumento na quantidade de GP e nas Linhas de Pesquisas (LP) dedicadas às investigações destes temas.

Quatro temas principais orientaram as buscas no Diretório, segundo as palavras-chave: Plantas Medicinais, Fitoterápicos, Biodiversidade eProdutos Naturais. No ranking de utilização de quaisquer deles, entre 2000-2010, houve uma liderança constante da região Sudeste. Esta apresentou o crescimento de 37 para 105 GP e de 30 para 112 LP, para a busca pelo tema plantas medicinais, e de 8 para 40 GP e 5 para 34 LP para o tema fitoterápicos. Em seguida, apareceram as regiões Nordeste (32 para 76 GP e 36 para 83 LP) e Sul (23 para 60 GP e 20 para 56 LP). Com menor expressão, mas também demonstrando constantes crescimentos ao longo da década, estão as outras regiões do país. Embora estes números sejam em parte relativizados, devido às possíveis replicações derivadas dos grupos que utilizam mais de uma palavra-chave na denominação de seus GP e LP, as tendências de crescimento são claramente observadas. As buscas no Diretório do CNPq também foram estendidas a terminologias de escopo mais amplo, como biodiversidade eprodutos naturais, produzindo maiores quantitativos (já que envolvem temas com escopo mais abrangentes); contudo produzindo tendências similares de crescimento.

Os expressivos aumentos constatados nos inventários são, em parte, atribuídos às políticas públicas de criação e expansão da rede de ensino superior, que vem se consolidando depois da metade da década, com a constituição de novos campi universitários em regiões mais periféricas do território nacional, e a renovação do status acadêmico dos Institutos de Pesquisa. Também relevante para o aumento dos GP e LP nas áreas levantadas foi a evolução do marco regulatório na área de fitoterápicos e da produção de vegetais com fins medicinais – o que paulatinamente tem o efeito de organizar a cadeia tecnológica de produtos farmacêuticos que utilizam esta matéria-prima, estimulando assim o setor produtivo de medicamentos, cosméticos, nutracêuticos e outros.

O crescimento observado dos GP institucionais também reflete um aumento quantitativo de projetos que integram múltiplas áreas, como Biologia, Química, Farmácia, Agronomia e Ciências Biomédicas em geral, cujas atividades científicas compõem a cadeia tecnológica para obtenção de produtos para a saúde humana, em especial as plantas medicinais e os fitoterápicos. Ao promover a integração entre disciplinas e profissionais diversos, a multiplicação qualitativa e quantitativa dos GP nos temas em foco também reforça a capacidade interdisciplinar das universidades e institutos científicos nacionais, o que é considerado pelos autores como o pilar da contribuição da academia científica para promover a inovação nesta área.

Referência

(*) P. G. Santos & A. C. Siani. Consolidação dos Grupos de Pesquisa em Plantas Medicinais e Fitoterápicos no Brasil. Revista Virtual de Química 5 (3), 438-449 (2013).

Antonio C. Siani é graduado e doutorado em Química Orgânica pela UNICAMP. Atualmente, é servidor no Instituto de Tecnologia em Fármacos, Fiocruz, Rio de Janeiro, atuando como tecnologista no desenvolvimento de produtos oriundos da diversidade vegetal brasileira, especialmente plantas medicinais e fitoterápicos.

Data: 15.08.2013

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