Na região amazônica é difícil não sofrer de gripes, resfriados e de um dos sintomas mais comuns dessas doenças: a congestão nasal. As vias respiratórias vão fechando, o nariz vai ficando entupido e respirar fica mais difícil na hora de dormir.em alguns casos não adianta assoar o nariz, pois o esforço vai ser ineficaz.
Quem sofre ou já sofreu de congestão nasal, certamente lembrou-se dessa sensação ruim. Mas tão característico da Amazônia, quanto em outras regiões do Brasil com influência africana, como a Bahia, quanto ter uma eventual congestão é um curioso remédio: tomar um banho de eras. Alguns ritos que acompanham a solução são de fato desnecessários, como o banho durante a noite e sob luz do luar. Porém, a eficiência do procedimento de ervas é verdadeira e de mito não tem quase nada.
O Doutor em Fitoterapia e Fitoquímica Wagner Barbosa, professor da faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Pará, e sua mestranda, a médica- veterinária Bianca Alcântara, atestam que o banho de ervas pode ser utilizado, sim, no tratamento para congestão nasal. Porém, as ervas não funcionam apenas em forma de banho, mas também em chás ou vapores inaláveis. Os ingredientes mais usados para os preparados são alho (Allium sativum) , guanxuma (Sida tuberculata), jambu (Acmella oleracea), pimenta-caiena (Cayenne pepper), canela (Cinnamomum zeylanicum), sálvia (Salvia officinalis), folha-de-louro (Laurus nobilis), várias espécies de eucalipto (Eucalyptus melanophloia, Eucalyptus setosa, Eucalyptus cinerea e a Eucalyptus perriniana entre outras) e tomilho (Thymus vulgaris).
"A obstrução parcial das vias aéreas superiores, ou congestão nasal, ocorre por vários fatores como infecções e quadros alérgicos. Os sintomas podem ser corrimento nasal, membranas nasais edemaciadas e dificuldade para respirar. O nariz é a área mais vascularizada do corpo e os orifícios nasais são repletos de veias e capilares (pequenas veias superficiais), que facilitam a absorção dos princípios ativos voláteis. Desta forma, os banhos podem ser aconselhados, desde que sejam feitos na forma de decocção (processo de extração dos princípios ativos de substâncias ou plantas pela ação de líquidos em ebulição), a uma temperatura adequada para a volatização e liberação dos ativos de cada erva" explicam Wagner e Bianca.
Mas só porque a técnica realizada funciona não quer dizer que pode ser feita sem determinados cuidados. Wagner destaca que o uso fitoterápico de ervas como um recurso terapêutico requer conhecimento técnico dos ingredientes utilizados e procedimentos. Temperaturas inadequadas podem machucar a pele ou as vias respiratórias. E ainda podem nem sequer liberar os vapores necessários.
Bianca observa que o costume da utilização de banho de ervas é muito difundido na região amazônica e é uma atividade cultural-religiosa. No Brasil, os banhos foram aprimorados pelos indígenas e por escravos africanos.
Os dois pesquisadores concluem que há sim verdade no banho de ervas para tratamento da congestão nasal e não se trata de um mero mito. Porém sempre é recomendável procurar um médico. Também é bom se informar sobre as receitas corretamente e conhecer os ingredientes.
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