09.07.2014 por THIAGO EDUARDO
ITACOATIARA – Qualquer pessoa portadora de algum tipo de deficiência sofre com diversos fatores que a sociedade insiste em colocá-los como correto, sobretudo com crianças e jovens que estão em plena formação física, psicológica e sociológica. O projeto ‘Alfabetização Sensorial: utilização dos sentidos na identificação das plantas medicinais aromáticas por alunos cegos’, executado na Escola Estadual João Bosco Ramos de Lima com a coordenação da professora de Libras Ieda Solange Rattes, combate o preconceito existente e mostra que todos são capazes de fazer qualquer coisa.
O projeto com o apoio dos cientistas júnior Marília Gomes, Aline Cardorso, Mayara Ferreira e os deficientes visuais Glaudson Pereira e Ricardo Martins e apoio técnico Rolene Maara, realiza pesquisas bibliográficas sobre plantas medicinais e suas composições, após isso repassam as informações para os colegas deficientes visuais através do programa Dosvox, sistema que auxilia deficientes visuais no uso de computadores através do áudio.
Para coordenadora do projeto Ieda Solange Rattes, o projeto ajuda os alunos a tornarem-se verdadeiros pesquisadores científicos. “Os deficientes visuais necessitam de uma atenção especial, e como professora de braile, percebi que eles tinham potencial grande para ser cientistas júnior, sobretudo com nosso projeto visto que devido as suas deficiências outros sentidos tornaram-se mais aguçados como o tato e olfato, reconhecendo determinadas plantas medicinais pelo cheiro saberão se virar sozinhos quando estiverem enfermos”, explica.
A escola que possui uma sala de recursos para deficientes, também tem projetos com braile e libras e já teve projetos com plantas medicinais aromáticas. Ao final do projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisas do Estado do Amazonas (Fapeam), a coordenadora pretende publicar um livro em braile que fale sobre o projeto para que outro cegos possam conhecer.
Para o deficiente visual e cientista júnior Glaudson Pereira participar do projeto é apenas o começo de um sonho em fazer uma faculdade. “As pessoas acham que cego tem que ficar somente em casa, que estudar é uma perda de tempo, mas aos poucos estou dando orgulho para meus pais e amigos, pois este projeto nos ajudou a sermos útil para nossa comunidade”, afirma o estudante.
Já para o cientista júnior e também deficiente visual Ricardo Martins o projeto deu uma motivação a mais para estudar e dar o melhor de si para seus professores e colegas. “Nós temos uma ótima professora de libras e língua portuguesa também, pois eu tinha muita dificuldade com esta matéria e hoje já gosto muito, meus pais sempre me ajudam a honrar este compromisso com o projeto, às vezes não tenho dinheiro nem para o moto-táxi, mas eles sempre dão um jeito para eu vir para escola e isso me faz querer ir até o fim”, ressalta.
Além de desenvolver a sensibilidade olfativa através da identificação das plantas medicinais aromáticas, o projeto rompe muitas barreiras, como o auxílio na facilidade que os cegos têm em aprender, lutar contra o preconceito da própria família em fazer com que eles estudem e realizem sonhos e alcancem objetivos.
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