Publicado em 19/novembro/2014
O economista Henrique Kawamura mapeou em pesquisa do Programa de Pós-graduação em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, os efeitos do Programa Bolsa Família (PBF) no consumo de nutrientes e índices antropométricos. Com a proposta de avaliar os reflexos de programas sociais sobre seus beneficiados, o estudo constatou aumento no consumo de fibras, carboidratos e algumas vitaminas e minerais, além da melhora dos índices antropométricos em crianças e adolescentes. O trabalho foi o segundo colocado no 19º Prêmio Tesouro Nacional, na categoria de Economia do Setor Público.
Bolsa família propiciou aumento no consumo de alimentos saudáveis
O estudo utilizou dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009. “Para o consumo de nutrientes, observamos uma sub amostra constituída por 25% da amostra original da POF, com pessoas com 10 anos ou mais de idade, às quais foi solicitado que registrassem todo o alimento consumido durante 24 horas em dois dias não consecutivos”, explica o economista. A partir daí, a quantidade de alimentos da caderneta pessoal foi transformada em quantidades de nutrientes, as quais foram utilizadas para analisar os efeitos do PBF sobre o consumo de nutrientes. Os índices antropométricos, baseados na amostra original, foram obtidos usando a altura e peso das pessoas para calcular os escores Z de altura-para-idade, peso-para-idade e IMC-para-idade.
Para atingir o objetivo, os dados foram separados em dois grupos, contemplando os beneficiados e os não beneficiados pelo PBF. Inicialmente foi analisada a probabilidade de uma pessoa receber ou não o benefício, para encontrar pessoas beneficiadas com características muito próximas às das não beneficiadas. “Essa comparação baseada em escores de propensão dá o nome ao método utilizado nesse estudo: Propensity Score Matching”.
Alimentos saudáveis
Segundo o pesquisador, os resultados obtidos sugerem que o PBF contribuiu para que as pessoas tivessem acesso a alimentos saudáveis. “Encontramos aumento no consumo de fibras, carboidratos e algumas vitaminas e minerais. Houve também uma redução no consumo de colesterol e de sódio. Ademais, ressalta-se o consumo maior de ácidos graxos essenciais para a saúde. Aliado à prática de boa alimentação, constatou-se que o PBF colaborou para que crianças e adolescentes obtivessem índices antropométricos considerados adequados em comparação com seus pares não beneficiados”, conta Kawamura.
Segundo o pesquisador, que teve orientação de Rodolfo Hoffmann, docente do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES) da Esalq, a década de 1990 marcou a expansão dos programas sociais em países em desenvolvimento, sendo que muitos desses programas consistem em aliviar a pobreza extrema e promover melhoras à vida de pessoas vulneráveis a tal condição. “Com isso, tornou-se importante avaliar os efeitos de programas sociais a fim de verificar se o dinheiro designado pelos governos tinha o impacto esperado sobre seus beneficiados. Levando em consideração a importância dessa avaliação, diversos pesquisadores iniciaram estudos tendo como foco o principal programa federal brasileiro”, comenta Kawamura.
Como tese de doutorado, a pesquisa foi defendida em maio. No entanto, seu mérito teve desdobramento em 5 de novembro, quando, a Comissão Julgadora do 19º Prêmio Tesouro Nacional – 2014 reuniu-se e apontou, na categoria de Economia do Setor Público, o segundo lugar para o trabalho de Henrique Kawamura. Idealizado pela Secretaria do Tesouro Nacional, o certame estimula a pesquisa na área de Finanças Públicas, reconhecendo os trabalhos de qualidade técnica e de aplicabilidade na Administração Pública.
Concorrem nas categorias Política Fiscal, Economia do Setor Público e Tópicos Especiais trabalhos individuais ou coletivos, de candidatos de qualquer nacionalidade e formação acadêmica. “O Prêmio é um dos mais importantes e concorridos na área de economia. Creio que essa conquista não seja só minha mas também da Esalq, que me possibilitou ter as condições necessárias para realizar o estudo”, avalia Kawamura.
Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Mais informações: (19) 3429-4109/ 3429-4485/ 3429-4477 / 3447-8613, na Assessoria de Comunicação da Esalq
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