sexta-feira, 2 de março de 2018

Resenha do artigo - Efeito dos alimentos na biodisponibilidade de medicamentos antirretrovirais: revisão sistemática

Autoria da resenha:
Ana Carolina Vaz - Acadêmica de Nutrição da Universidade de Taubaté - UNITAU

Referência:
SOUZA, Daiane Spitz et al. Efeito dos alimentos na biodisponibilidade de medicamentos antirretrovirais: Revisão Sistemática. Nutrire, v. 39, n. 2, p. 243-251, 2014. Disponível em: <http://sban.cloudpainel.com.br/files/revistas_publicacoes/429.pdf>. Acesso em: 02.03.2018

Uma revisão sistemática foi desenvolvida em Agosto de 2014 e conduzida por cinco integrantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foram selecionados 11 artigos, sendo: seis nos Estados Unidos, dois na Espanha, um na Austrália, um na Alemanha e um na Suíça. O objetivo foi avaliar a interação dos alimentos com os medicamentos em pacientes que utilizam a terapia antirretroviral. 

Os medicamentos antirretrovirais são destinados à terapia que impede a multiplicação de vírus no organismo, em específico o HIV. Eles não matam este vírus, mas impedem que o sistema imune seja enfraquecido e traga outras diversas complicações ocasionadas por essa imunossupressão.

Estes medicamentos são divididos em três classes. Os inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRN), os inibidores da transcriptase reversva não análogos de nucleosídeos (ITRNN) e os inibidores de proteases (IP’s). Os autores observam que os medicamentos e os nutrientes ocupam o mesmo espaço para o processo de absorção, digestão, metabolismo e excreção, ambos utilizando do sistema de biotransformação que é por meio do citrocomo P450.

Dentre os medicamentos pertencentes às classes de antirretrovirais, alguns são mais utilizados, como, por exemplo, Tenofovir, Lamivudina e Efavirenz. Cada um deles apresenta suas interações com os alimentos. O que tem maior suscetibilidade é o ritonavir (IP’s), e o que não sofre alterações significativas é o Efavirenz (ITRNN). Os que melhoram seus efeitos quando administrados com alimento são o Saquinavir e o Nelfinavir, segundo o Kupferschmidt et al., autor citado na revisão. Já em contra partida outro autor citado, o Nettles, defende que a biodisponibilidade do Ritonavir,  do Nelfinavir e do Saquinavir é alterada pelos alimentos.

Esta revisão tem grande contribuição para o nicho que depende do tratamento e anseia sempre por melhoras efetivas da terapia. Por esta razão, os profissionais da saúde devem desenvolver outras análises com pacientes em tratamento para trazer novas descobertas.

Por fim, é importante ressaltar que estas interações direcionadas a terapia antirretroviral devem ser estudas mais profundamente, mesmo que já existam documentos que descrevam se os medicamentos devem ou não ser administrados em conjunto com a alimentação. 

De modo geral, é imprescindível um acompanhamento nutricional crítico para este público, pois muitas das interações resultam na falha terapêutica e já é estabelecido que a dieta destes indivíduos devem ser monitoradas e não deve ser hipoproteica, porque a queda deste nutriente afeta os mecanismos do citrocomo P450 e a dieta deve conter um percentual significativo de gordura, para que por meio desta sejam reguladas as atividades do CYP P450 e otimize o efeito da terapia antirretroviral.

Bibliografia

1- http://sban.cloudpainel.com.br/files/revistas_publicacoes/429.pdf
2- http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/06consenso.pdf4
3- http://giv.org.br/HIV-e-AIDS/Medicamentos/index.html

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