sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Cajá e ação anti-inflamatória

Texto: 
Engenheiros agrônomos Beatriz Garrido Boffette e Marcos Roberto Furlan

No Brasil, o Gênero Spondias, da família Anacardiaceae, oferece frutos comestíveis, como, por exemplo, o caja (Spondias mombin), a cajarana (Spondias cytherea), o umbu (Spondias tuberosa) e a seriguela (Spondias purpurea).

Com relação ao cajá (foto), essa espécie ocorre nos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Dependendo da região, pode receber outras denominações, tais como cajá-mirim, cajazinho e taperebá (1). 
S. mombin frutificando perto de Fô, em Burquina Fasso.
Cajá. 

Além da importância nutricional, com destaque para o alto teor de vitamina A nos frutos, há pesquisas que comprovam ações medicinais, inclusive das folhas. 

Cabral et al. (2016) demonstraram o potencial anti-inflamatório do extrato de folhas do cajá, no modelo de peritonite induzida por carragenina, e propriedades antioxidantes associadas à ausência de citotoxicidade em cultura de células. O ácido clorogênico e o ácido elágico contribuem para a ação farmacológica da espécie. Os autores destacam que há necessidade de mais pesquisas para confirmar a ação e seus possíveis mecanismos de ação anti-inflamatória. 

Os autores observam que foi a primeira vez que é relatada a propriedade antioxidante / anti-inflamatória (in vitro / in vivo) do extrato de folhas de S. mombin, juntamente com a caracterização de sua composição química. 

Segundo Silva e Macedo (2011), o processo inflamatório ou inflamação caracteriza- -se como uma resposta de defesa do organismo frente a um agente agressor, cujo objetivo é promover a cura/reparo. 

Na medicina tradicional, as folhas e casca do caule da cajazeira são utilizadas para tratamento de desordens infecciosas, principalmente diarreias e disenterias (SILVA et al., 2014). 

As folhas são usadas contra as dores de estômago, complicações do parto e enfermidades dos olhos e laringe (FILGUEIRAS et al., 2000) 

Além de Cabral et al. (2016), de acordo com estudo realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, a engenheira de alimentos Jackeline Cintra Soares aponta que o cajá é uma das frutas com maior atividade antioxidante e anti-inflamatória. Neste estudo, o extrato de cajá apresentou bons resultados em testes realizados com foco em ações anti-inflamatórias. 

Como alimento, o cajá pode ser consumido in natura e também sendo base para a produção de suco, néctares, geleias, doces, sorvetes, bebidas fermentadas e destiladas ou consumida apenas a polpa congelada que tem ganhado grande espaço no mercado. 

Além da ação anti-inflamatória do cajá existem muitos outros estudos de benefícios em diversas outras doenças e auxilio em vários tratamentos como por exemplo; tratamento de feridas, desordens neurológicas e ação antiparasitária. 

Referências

CABRAL, Bárbara et al. Phytochemical study and anti-inflammatory and antioxidant potential of Spondias mombin leaves. Revista Brasileira de Farmacognosia, [s.l.], v. 26, n. 3, p.304-311, maio 2016. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.bjp.2016.02.002. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0102695X16300011>. Acesso em: 20 jul. 2019.

1. Spondias in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB4404>. Acesso em: 20 Jul. 2019 

SOARES, Jackeline Cintra. Composcao fenólica e atividade biológica in vitro e in vivo de frutas nativas brasileiras. Piracicaba: ESALQ, 2018. 157 p. Tese (doutorado). 




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