quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Algas apresentam potencial antiviral e antioxidante, mostra estudo

30/05/2019

Pesquisa identificou nas algas propriedades que podem ter aplicações nas áreas da saúde, alimentícia e de cosméticos
Por Rebecca Gompertz - Editorias: Ciências Biológicas, Ciências da Saúde - URL Curta: jornal.usp.br/?p=247343
 
A pesquisa analisou quatro espécies de alga parda e uma de alga verde, todas originárias do litoral do Espírito Santo – Foto: Fungyi Chow

Fora dos oceanos, as algas estão por aí nas situações cotidianas: em volta do sushi, anunciadas por seus benefícios cosméticos em alguma embalagem na farmácia ou mesmo trazidas pelo mar para a areia da praia. Mas a aplicação delas pode ir muito além. Estudo do Instituto de Biociências (IB) da USP constatou que algumas algas apresentam potencial para tratar doenças causadas por vírus, como o HIV, e também na conservação de alimentos e cosméticos.
 
Em sua dissertação de mestrado, a bióloga Ana Maria Pereira Amorim analisou o potencial bioativo de quatro espécies de algas pardas e de uma espécie de alga verde (Codium isthmocladum), abundantes na costa do Espírito Santo. O objetivo foi aprofundar o conhecimento que se tem sobre esses organismos.

Os resultados quanto à aplicação de algumas dessas espécies no combate de doenças virais e como conservantes para alimentos e cosméticos foram considerados promissores pela pesquisadora. Ana Maria ressalta que se trata de de um estudo de prospecção, que pode servir de base para pesquisas futuras: “Seria necessário aplicar estudos mais aprofundados para colocar esses potenciais em prática, seja como medicamentos, tratamentos terapêuticos ou conservantes naturais”, pondera.

Potencial bioativo

O potencial bioativo está ligado às atividades biológicas, processos em que o organismo reage a determinados compostos químicos. No caso do estudo, foram medidos os potenciais antioxidante, antiviral, antibacteriano e citotóxico dos extratos.

Para medir o potencial antioxidante foram realizados ensaios in vitro com cada uma das algas. Eram medidas a propriedade de “inativar” a ação de metais que catalisam reações de oxidação, conhecida como capacidade quelante de metal, e a capacidade de transferência de hidrogênio e elétrons, todos processos ligados à oxidação.

A alga parda Padina gymnospora apresentou os melhores resultados antioxidantes. Ana Maria explica que isso pode estar relacionado a essa ser a espécie que apresentou maior concentração de substâncias fenólicas: “Já existe na literatura relação entre os florotaninos [substância fenólica exclusiva das algas pardas] e uma maior atividade antioxidante”.

Quanto ao potencial antiviral, foi utilizado um teste de inibição da transcriptase reversa, uma enzima necessária para a replicação do vírus HIV, com resultados positivos para as algas Sargassum cymosum e Codium isthmocladum. Além disso, o teste de citotoxicidade também foi promissor: foram utilizadas linhagens de células tumorais, sugerindo uma possível aplicação contra o câncer.

Entretanto, o teste antibacteriano, no qual se testou a capacidade dos extratos de inibir o crescimento de três espécies de bactérias, não apresentou atividade interessante.

A dissertação de mestrado de Ana Maria Pereira Amorim, Estudo de antioxidantes, potencial bioativo e composição química de Chnoospora minima, Dictyopteris plagiogramma, Padina gymnospora, Sargassum cymosum (Ochrophyta) e Codium isthmocladum (Chlorophyta) está disponível no Banco de Teses e Dissertações da USP.

Mais informações: e-mail abarretoamorim@gmail.com, com a pesquisadora Ana Maria Pereira Amorim
 
Link:
https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-biologicas/algas-apresentam-potencial-antiviral-e-antioxidante-mostra-estudo/

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