sexta-feira, 8 de junho de 2012

Fatores que afetam os teores de princípios ativos - III


As espécies dioicas são as que mais produzem descendentes com considerável variabilidade genética entre si e, consequentemente, também com muita variação entre os seus princípios ativos. Isso ocorre porque as plantas dioicas possuem exemplares só com flores masculinas e outros só com flores femininas, o que, obrigatoriamente, faz com que ocorra fecundação cruzada (alogamia), isto é, uma planta "masculina" irá fornecer pólen para a planta feminina.

Apesar de ser um problema para a fitoterapia, a variabilidade de princípios ativos entre os descendentes, para a espécie é importante por evitar que ocorra a autogamia, a qual diminui a variabilidade genética.

Infelizmente, para a maioria das dioicas não é possível saber se a planta irá produzir somente flores masculinas ou somente flores femininas, sendo que a dioicia ocorre em menos de 10% das angiospermas.

Exemplos de dez espécies medicinais dioicas

Alecrim-do-campo – Baccharis dracunculifolia
Aroeira-do-sertão – Myracrodruon urundeuva
Aroeira-vermelha – Schinus terebinthifolius
Carqueja – Baccharis genistelloides
Catuaba – Trichilia catigua
Embaúba – Cecropia glaziovii
Erva-mate – Ilex paraguariensis
Ginkgo – Ginkgo biloba
Pimenta-da-jamaica – Pimenta dioica
Urtiga – Urtica dioica (foto 1)


Obs. Dentro da mesma espécie, podem ser encontradas plantas dioicas e plantas monoicas, como observado por Carvalho (2003) com a aroeira-do-sertão. No caso da quebra-pedra (Phyllanthus niruri), há dioicas, mas são raras (SILVA e SALES, 2007).

Foto 1. Urtica dioica

Foto 2. Azevinho com suas flores masculinas e flores femininas


Referências

CARVALHO, P.E.R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informacao Tecnológica; Colombo: Embrapa Florestas, 2003. v. 1 1039 p. il. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras).

SILVA, M. J.; SALES, M. F. Phyllanthus L. (Phyllanthaceae) em Pernambuco, Brasil. Acta Bot. Bras., v.21, n.1, p. 79-98, 2007

Fontes das fotos:

Mas como os leitores do blog explicam o que foi observado com a espécie dioica   Alchornea ilicifolia? Quando apenas um exemplar feminino levado para o Kew Garden,   localizado em Londres, floresceu e gerou sementes sem a participação das flores masculinas.

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