A utilização de plantas medicinais para melhorar as
condições de saúde dos peixes criados em piscicultura é tema de pesquisas
desenvolvidas pela Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM), unidade da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Plantas como cipó-alho, cravo-da-índia e
alfavaca estão sendo testadas para desenvolvimento de tecnologias, que melhorem
a sustentabilidade ambiental da atividade. Essas soluções estão sendo testadas
para boas práticas de manejo na piscicultura, que possam reduzir riscos
ambientais na produção de pescado e prevenir danos à saúde humana.
A proposta dessas pesquisas com plantas medicinais é
proporcionar alternativas naturais para substituir produtos químicos que tenham
potencial tóxico, quando utilizados na piscicultura. Um exemplo da utilização
de produtos naturais para o manejo dos peixes é o eugenol, uma substância
encontrada no cravo da índia e também em algumas plantas nativas da Amazônia.
O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Luiz Inoue,
desenvolveu pesquisa em que várias plantas foram testadas como anestésico de
peixes e para minimizar problemas no transporte desses animais, principalmente
de tambaqui e mantrinxã, peixes originários da Amazôniam que passaram a ser
cultivados em várias regiões do Brasil, principalmente por ter boa aceitação
comercial.
“Durante o manejo, os peixes podem se machucar e,
consequentemente, isso pode favorecer a manifestação de doenças e morte de
animais, alguns dias depois”, explica o pesquisador. “O uso dos anestésicos
naturais reduz a movimentação excessiva dos animais e o estresse dos peixes,
aumentando as chances de sucesso da prática de manejo, eliminando o risco de
intoxicação do trabalhador e dos animais”, explica. Esse estudo faz parte de
projeto da Embrapa, com apoio do CNPq.
Outra pesquisa diz respeito à prospecção de efeitos
medicinais do alho e do cipó alho para a prevenção de doenças do tambaqui,
quando criado em
gaiolas. A pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental,
Cheila Boijink, explica que a disseminação de problemas relacionados à saúde
dos peixes nas estações de piscicultura está relacionada às quantidades e
densidade de peixes mais elevadas que as encontradas naturalmente nos rios e
lagos. Nessas condições, os peixes são afetados por microrganismos parasitos oportunistas
e com isso os produtores vêm aumentando o uso de produtos químicos para o
controle e prevenção de doenças.
A preocupação com os riscos de intoxicação aos consumidores
e a poluição dos mananciais de água motivou as pesquisas em busca de alternativas
nas plantas medicinais. A pesquisa também avalia o uso de imunoestimulantes
naturais, presentes no alho e cipó-alho, para aumentar a atividade do sistema
de defesa dos peixes e protegê-los contra doenças infecciosas e parasitárias.
Os estudos relacionados aos sistemas de cultivo com as
plantas medicinais e extratos fitoterápicos são conduzidos pelo pesquisador da
Embrapa Amazônia Ocidental, Francisco Célio Chaves. “A proposta de uso de
produtos naturais com conhecida característica medicinal parece ser alternativa
interessante para amenizar esses problemas, proporcionando ainda melhor
qualidade do pescado, livre de produtos químicos”, afirma a pesquisadora Cheila
Boijink, da área de fisiologia e sanidade de peixes.
Outra vantagem na utilização desses produtos naturais é o
menor risco ambiental e redução de custos na compra de medicamentos.
“Acreditamos ainda que no futuro próximo os mercados internacionais de peixes
vão solicitar cada vez mais alimentos que não tiveram nenhum contato com
produtos químicos”, acrescenta a pesquisadora.
Síglia Regina / Jornalista
Embrapa Amazônia Ocidental - Manaus/AM
Tel.: (92) 3303-7852 / 3303-7860 / 3303-7854
siglia.regina@cpaa.embrapa.br
Data da reportagem: 02.07.2012
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