quarta-feira, 12 de junho de 2013

Estudo Fitoquímico: texto do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Plantas Medicinais da UNIVASF

A fitoquímica é a área responsável pelo estudo dos princípios ativos de drogas vegetais. Esses princípios ativos são chamados de metabólitos secundários ou metabólitos especiais, os quais fazem parte do metabolismo dos vegetais, conferindo proteção para as plantas (proteção contra ataques de insetos e herbívoros, contra a radiação ultravioleta, proteção contra doenças, etc.). Além disso, os metabólitos secundários possuem atividade biológica, oferecendo benefícios também à saúde humana.


É uma área de atuação de biólogos, botânicos, farmacêuticos e químicos, e tem como objetivo a extração, isolamento, purificação e determinação da estrutura química dos constituintes presentes em extratos de plantas com atividade biológica. Entre as classes de princípios ativos vegetais podemos citar: alcaloides, cumarinas, esteroides, flavonoides, glicosídeos cardioativos, lignanas, óleos essenciais, saponinas, triterpenos, entre outros. Os métodos comumente usados para a extração, isolamento e purificação dos constituintes químicos dos extratos e óleos essenciais são os métodos cromatográficos clássicos como a cromatografia de adsorção em coluna, cromatografia de partição, cromatografia de exclusão molecular, cromatografia em camada delgada; e os métodos modernos como a cromatografia gasosa (CG), cromatografia líquida (CL) e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). O uso de técnicas hifenadas como a cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM / GC-MS), cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (CL-EM / LC-MS) e cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a detector de arranjo de diodo (CLAE-DAD / HPLC-DAD) também tem sido bastante empregado.

Para a determinação da estrutura química dos compostos são usados métodos como espectrometria no ultravioleta (UV), espectrometria no infravermelho (IV), espectrometria de massas (EM) e espectrometria de ressonância magnética nuclear (RMN) de hidrogênio e carbono, utilizando métodos uni e bidimensionais (COSY, HMQC, HMBC, NOESY, entre outros).

No início dos estudos, informações da medicina popular são importantes, no intuito de nortear o estudo fitoquímico. No entanto, é válido ressaltar que nem todas as plantas medicinais de uso tradicional foram investigadas, levando ao conhecimento dos seus componentes químicos, o que reforça ainda mais a necessidade do estudo fitoquímico das diversas espécies vegetais encontradas na natureza.

Preparação dos extratos

No intuito de preparar os extratos vegetais visando ao isolamento dos seus constituintes químicos, inúmeras metodologias podem ser utilizadas, sendo que um dos métodos considerados mais adequados para a análise química-farmacológica é a preparação de um extrato hidroalcoólico (etanol/água), por se aproximar do uso popular. Os extratos também podem ser obtidos com álcool etílico, metanol ou solventes de diferentes polaridades (hexano, éter etílico, éter de petróleo, diclorometano, clorofórmio, acetato de etila, n-butanol, entre outros).

Posteriormente à extração por maceração ou percolação, as soluções extrativas são filtradas e, em seguida, o solvente é evaporado em evaporador rotativo (rotavapor), para posterior análise fitoquímica qualitativa. 

Prospecção dos constituintes da planta (triagem fitoquímica preliminar)

Esta triagem procura sistematizar ou rastrear os principais grupos de constituintes químicos que compõem um extrato vegetal. É um exame rápido e superficial através de reagentes de coloração ou precipitação que irão revelar ou não a presença de metabólitos secundários em um extrato. A triagem fitoquímica preliminar, com vistas ao estabelecimento da possível natureza química dos compostos existentes pode ser realizada com o extrato etanólico bruto. São realizados testes para as classes específicas de constituintes químicos, tais como saponinas, esteroides, triterpenoides, alcaloides, flavonoides, taninos, etc.

Cromatografia em Coluna (CC)

Esta técnica é muito utilizada para isolamento de produtos naturais e purificação de produtos de reações químicas. As fases estacionárias mais utilizadas são sílica e alumina, entretanto estes adsorventes podem servir simplesmente como suporte para uma fase estacionária líquida. Fases estacionárias sólidas levam à separação por adsorção e fases estacionárias líquidas por partição.

Cromatografia em Camada Delgada (CCD)

A cromatografia é um método físico-químico de separação fundamentada na migração diferencial dos componentes de uma mistura, decorrente de diferentes interações entre duas fases imiscíveis, a fase móvel e a fase estacionária. Dentre as técnicas de cromatografia esta é a mais simples e econômica quando se pretende a separação rápida e identificação visual.

De maneira simplificada: uma gota de solução contendo a amostra (soluto) é colocada a cerca de um centímetro da base da placa (fase estacionária). Após a evaporação do solvente, a placa é colocada em contato com a fase móvel que está contida em uma cuba cromatográfica. A cromatografia se desenvolve com a fase móvel migrando através da fase estacionária por ação da capilaridade, a este processo chama-se "corrida". Assim, diferentes solutos com diferentes interações com a fase estacionária são arrastados a velocidades diferentes e, a partir de uma única mancha, obtém-se um cromatograma com várias “manchas”, tantas quantas os componentes da mistura.

Para conhecer mais um pouco sobre os métodos cromatográficos, sugerimos a leitura do artigo Cromatografia: um breve ensaio, publicado na Revista Química Nova na Escola, n. 7, 1998. Clique aqui

Cromatografia em coluna
Cromatografia em Camada Delgada
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