quinta-feira, 13 de junho de 2013

Estudo mostra resistência crescente de pragas a plantios transgênicos repelentes de insetos



Mais espécies de pragas estão se tornando resistentes aos tipos mais populares de cultivos transgênicos repelentes de insetos, exceto em regiões onde os fazendeiros seguem os conselhos dos especialistas. Reportagem da AFP, no Yahoo Notícias, com informações adicionais do EcoDebate.

Um estudo [Insect resistance to Bt crops: lessons from the first billion acres] publicado na edição de segunda-feira na revista Nature Biotechnology aborda um aspecto importante dos chamados milho e algodão Bt – plantas que carregam um gene cuja finalidade é exalarem uma bactéria denominada ‘Bacillus thuringiensis’, tóxica para os insetos.

Cientistas franceses e americanos analisaram as descobertas de 77 estudos realizados em oito países de cinco continentes, a partir de dados de monitoramentos de campo.

Das 13 principais espécies de pragas examinadas, cinco eram resistentes em 2011, em comparação com apenas uma em 2005, afirmaram. O marco de referência foi uma resistência em mais de 50% dos insetos em uma área determinada.

Das cinco espécies, três eram pragas de algodão e duas, de milho.

Três dos cinco casos de resistência foram registrados nos Estados Unidos, que respondem por menos da metade dos cultivos de Bt, enquanto os outros foram encontrados em África do Sul e Índia.

Os autores disseram ter descoberto um caso de resistência precoce, em menos de 50% dos insetos, em outra praga de algodão americana.

E houve “sinais de alerta” precoces (1% de resistência ou menos) em outras quatro pragas de algodão e milho em China, Estados Unidos e Filipinas.

Os cientistas encontraram grandes diferenças na velocidade com que se desenvolveu a resistência Bt.

Em um caso, levou dois anos para os primeiros sinais aparecerem. Em outros, os cultivos Bt permaneceram tão eficientes em 2011 como eram 15 anos atrás.

O que fez a diferença foi que os fazendeiros separaram “refúgios” suficientes de cultivos não Bt, afirmaram os autores do estudo.

A ideia por trás deste refúgio vem da biologia evolutiva. Os genes que conferem resistência são recessivos, o que significa que os insetos podem sobreviver em plantas Bt só se tiverem duas cópias de um gene resistente, uma de cada progenitor.

Plantar refúgios perto de cultivos Bt reduz as chances de dois insetos resistentes copularem e passarem o duplo gene para seus descendentes.

“Modelos de computador mostraram que os refúgios devem ser bons para retardar a resistência”, afirmou o co-autor do estudo Yves Carriere, entomologista da Universidade do Arisona, em Tucson, em um comunicado.

A evidência prática disto é demonstrada no caso de uma praga do algodoeiro denominada lagarta rosada (Pectinophora gossypiella), explicou seu colega, Bruce Tabashnik.

Os cultivos Bt no sudoeste dos Estados Unidos, onde os fazendeiros trabalham junto com cientistas para projetar uma estratégia de refúgio, não têm problema de resistência.

Na Índia, no entanto, as lagartas rosadas se tornaram resistentes no prazo de seis anos, simplesmente porque os fazendeiros não seguem as diretrizes ou obtêm aconselhamento.

Os cientistas alertam que a resistência a cultivos Bt é mera questão de tempo, pois todas as pragas acabam, eventualmente, se adaptando à ameaça que enfrentam. Mas os refúgios foram feitos para retardá-la.

Só em 2011, 66 milhões de hectares de terra foram cultivadas com plantios Bt.

Naquele ano, o milho Bt respondeu por 67% do milho plantado nos Estados Unidos e o algodão Bt entre 79% e 95% do algodão cultivado em Estados Unidos, Austrália, China e Índia.

Os plantios transgênicos encontram oposição na Europa e em outras partes do mundo, onde ambientalistas afirmam que são uma ameaça potencial à saúde humana e ao meio ambiente.

Insect resistance to Bt crops: lessons from the first billion acres – pp510 – 521
Bruce E Tabashnik, Thierry Brévault & Yves Carrière
doi:10.1038/nbt.2597

EcoDebate, 13/06/2013
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