domingo, 9 de junho de 2013

As Portas da Percepção

The Doors of Perception (“As Portas da Percepção“, em português) é uma novela do escritor Aldous Huxley, publicada em 1954, e que descreve as experiências pessoais do autor ao ingerir peiote (um pequeno cacto sem espinhos utilizado pelos indígenas do México em eventos cerimoniais que possui entre seus agentes ativos a mescalina, elemento alucinógeno). Tal experiência, realizada sob rigoroso acompanhamento médico, proporcionaram ao autor uma “visão sacramental da realidade”. Originalmente, o livro não trazia divisões por capítulos, sendo que o texto de As Portas da Percepção seria complementado mais tarde por um ensaio de 1956 denominado Heaven and Hell (“Céu e Inferno”), que de certo modo dá uma conclusão ao livro, e vem sendo publicado em conjunto com este desde a mesma data.

O livro traz ainda uma crítica contundente à religião contemporânea, vendo as religiões constituídas como um obstáculo que mais afasta o religioso do sagrado do que une as pessoas em torno da experiência transcedental.

Em entrevistas posteriores, Huxley dizia compreender o uso de drogas como estimulantes de uma experiência significativa, não indicando, porém, ser primordial a utilização de drogas para auxiliar no processo criativo em qualquer campo.

The Doors of Perception possui importância única por ser uma das primeiras obras literárias a lidar com o tema das drogas, seu efeito psicológico e as perspectivas que tais alucinógenos traziam para a expansão psíquica e espiritual do ser humano. Trata-se de um marco da contracultura, dando início a várias outras experiências no mesmo sentido, em especial as realizadas pelo professor, psicólogo e neurocientista Timothy Leary. A obra já foi chamada de “A Bíblia psicodélica”, sendo que seus resultados são idéias e estudos que andahoje são considerados revolucionários e “perigosos demais para as pessoas comuns”.

Os efeitos da mescalina são, comumente, os de incrementar de modo excepcional os sentidos, tornando todas as percepções muito mais intensas, onde uma cor é muito mais realçada, um toque muito mais perceptível, e assim por diante. Isso faz com que Huxley trate da questão da sinestesia (a relação dos diferentes planos sensoriais) como um tema central do seu livro: o ser humano, na verdade, como uma questão de mera sobrevivência, tende a ignorar muito do que se passa diante dele, ou minimizar os efeitos sensoriais das coisas em geral. A droga, desse modo, ajudaria a ampliar tal percepção sensorial. Em outras palavras, o cérebro humano filtra o universo a fim de que não permita a passagem de todas as impressões e imagens que existem de modo efetivo. Se isso acontecesse, o processamento de tal quantidade de informação seria algo entre o maravilhoso e o insuportável, podendo gerar místicos ou loucos dependendo da realidade na qual a pessoa esteja inserida.

Bibliografia:

As Portas da Percepção. Disponível em <http://www.mortesubita.org/psico/textos-de-psicologia-bizarra/portas-da-percepcao>. Acesso em: 25 set. 2011.

As Portas da Percepção. Disponível em <http://super.abril.com.br/superarquivo/2005/conteudo_125519.shtml>. Acesso em: 25 set. 2011.

As Portas da Percepção & Céu e Inferno. Disponível em <http://www.hippies.com.br/books/Aldous_Huxley-As_portas_da_percepcao.pdf>. Acesso em: 25 set. 2011.

Link:

2 comentários:

  1. Muito bom esse resgate Furlan.

    Hoje eu dei uma aula para alunos de farmácia da UNICAMP e perguntei se já tinham lido algo sobre o Castaneda, minha surpresa foi que eles nem sabiam quem era o autor!

    Abs

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  2. Olá, Julino! Abraços e obrigado também pelas contribuições no blog.

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