As emissões de gases de efeito estufa na agropecuária, os gases que contribuem para o aquecimento global, ficaram praticamente estáveis em 2014, com aumento de 1% em 2014, quando comparado ao ano anterior e representam 27% do total das emissões brasileiras.
Os dados, calculados com base nas metodologias do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas e do Inventário Brasileiro de Gases de Efeito Estufa, do Ministério de Ciência e Tecnologia, reafirmam a posição do estado do Mato Grosso como o líder nesse ranking, com 12% das emissões totais da agropecuária, seguido por Minas Gerais (11%) e Rio Grande do Sul (11%).
O resultado, no entanto, não contabiliza o balanço de carbono, ou seja, as emissões dos gases que provocam o efeito estufa gerados pela decomposição do material orgânico em pastagens degradadas, nem a remoção desses gases da atmosfera, por meio de boas práticas no campo e na pecuária. Levando-se em conta esse cenário, os gases que provocam o efeito estufa subiriam em 25%.
Essa estimativa foi feita pelo IMAFLORA, levando-se em conta os significativos 60 milhões de hectares de pastagens degradadas, área equivalente ao estado de Minas Gerais e com peso decisivo no sucesso de redução de metas de emissões , seja no Plano ABC ou nas Contribuições Nacionalmente Determindas, o INDC, que será apresentado na próxima Conferência do Clima, em Paris,
“O potencial da agropecuária no combate ao aquecimento global é enorme. As áreas de pastagens degradadas no país são muito grandes e, se forem recuperadas e utilizadas para expansão agropecuária, pela nossa conta, será possível reduzir as emissões em 50% neste setor, até 2030”, explica Marina Piatto, engenheira agrônoma, coordenadora da área de Iniciativa de Clima e Agropecuária, do IMAFLORA.
O estudo apresentado no 3º Seminário Anual de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa confirma o aumento das emissões na direção dos estados do Norte, sobretudo no Pará e em Rondônia. Por atividades, as que mais contribuiram para o aquecimento global em 2014 foram a pecuária de corte (60%),
seguida pela pecuária leiteira, com 12% e pelos fertilizantes sintéticos, com 8%. “Com assistência técnica, atacando os gargalos e com um amplo sistema de monitoramento, podemos alcançar bons resultados. Até porque esse é um setor chave para que o governo brasileiro atinja a meta proposta de reduzir em 43% suas emissões até 2030”, lembra Ciniro Costa Filho, engenheiro químico, especializado nas questões climáticas e que participou do trabalho do IMAFLORA.
Sobre o Imaflora
O IMAFLORA é uma Organização Não Governamental, brasileira, criada em 1995, a partir dos debates sobre a importância da conservação da floresta tropical, intensificados a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente.
Trabalha para promover a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais e para gerar benefícios sociais nos setores florestal e agropecuário.
É acreditado ao FSC® Forest Stewardship Council® (em português, Conselho de Manejo Florestal) e é certificador da Rainforest Alliance CertifiedTM/ Rede de Agricultura Sustentável, no Brasil. Tem atuação nacional e participação em fóruns internacionais, com sede em Piracicaba, interior de São Paulo. Saiba mais em www.imaflora.org
Informe IMAFLORA, in EcoDebate, 23/11/2015
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