quinta-feira, 21 de abril de 2016

Ilha de calor, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] Ilha de calor é um fenômeno climático que ocorre a partir da elevação da temperatura de uma área urbana, se comparada a uma zona rural ou a outra área urbana mais ventilada ou com áreas verdes mais relevantes.

Isso quer dizer que nas cidades, especialmente nas grandes, a temperatura é superior a de áreas periféricas, consolidando literalmente “ilhas”.

Ilha de calor ou ilha de calor urbana (ICU) é a designação dada à distribuição espacial e temporal do campo de temperatura sobre a cidade que apresenta um máximo, definindo uma distribuição de isotermas que faz lembrar as curvas de nível da topografia de uma ilha, dai a origem do nome ilha de calor.

A oscilação de temperatura entre o centro de uma grande cidade pode variar entre 4°C, 6°C ou até mesmo mais de 10°C, o que proporciona muitos inconvenientes à população em virtude dos incômodos que o calor excessivo provoca.

Sem contar que ocasiona um significativo incremento no consumo de energia elétrica, usada para funcionar refrigeradores e aparelhos de ar condicionado, principalmente para climatizar residências, escolas, universidades, comércios e indústrias.

Ilha de calor é um fenômeno típico dos grandes centros urbanos e pode ser percebida em períodos diurnos e noturnos, mas o ápice da diferença de temperatura entre áreas urbanas e rurais acontece ao anoitecer, pois a área rural resfria mais rápido do que a urbana.

Nas áreas onde ocorrem intervenções antrópicas, existem muros, calçadas, asfaltos e todo tipo de edificação recebem durante o dia luz e calor do Sol e esse fica retido por mais tempo, proporcionando a diferença de temperatura entre as áreas em questão. As ilhas de calor também podem ser relacionadas comparando diferentes áreas urbanas.

Na área rural e florestal a cobertura vegetal possibilita o processo de evaporação e evapo-transpiração, amenizando as temperaturas, o que não acontece nas grandes cidades que estão impermeabilizadas e sem cobertura vegetal. E entre diferentes partes das cidades, com maior ou menor quantidade de construções ou com maiores ou menores quantidades de áreas urbanas.

O efeito de ilha de calor nos países de latitudes médias, frios ou temperados, é mais marcado no período noturno, e a sua intensidade é função não linear da população urbana.

Nas cidades de latitudes subtropicais e tropicais devido a alta intensidade da radiação solar incidente as ilhas de calor urbanas ocorrem durante o dia, agravando a sensação e o desconforto devido a elevação da temperatura e à redução da umidade relativa do ar.

Nas cidades de clima frio, a ICU tem ocorrência noturna, o que é mais favorável para o conforto térmico da população durante as noites, reduzindo a necessidade de sistemas de aquecedores para aquecimento noturno.

Com base em analise de imagem termal de satélite ambiental, a cidade de São Paulo apresenta temperatura da superfície no centro da conurbação urbana de até 10 graus Celsius maiores que as temperaturas registradas em locais mais arborizados.

A brisa urbana carrega o ar mais fresco e úmido da região periférica para o centro urbano, tentando restabelecer as condições mais amenas da temperatura e umidade relativa do ar, e ao mesmo tempo concentra a umidade no topo do domo térmico.

As ilhas de calor urbanas são favoráveis ao aumento da temperatura no inverno nas cidades de latitudes médias, mas provocam muito desconforto nas cidades de clima tropical e quente.
A ilha de calor é um fenômeno também caracterizado pelo aumento da precipitação convectiva.

As ilhas de calor agravam as ondas de calor, com consequências sobre o aumento da mortalidade de idosos e doentes que apresentem redução em sua capacidade de termo-regulação corpórea e de percepção da necessidade corpórea de hidratação como pessoas idosas e pacientes com doenças mentais ou de mobilidade.

Ilhas de calor podem ser potencializadas por efeitos da poluição do ar, por fontes antrópicas de calor, por mudanças no balanço de radiação, pelos efeitos da redução das áreas verdes, pelo uso de materiais muito absorvedores da radiação solar, ou seja de baixa refletividade e pela redução do fator de visada do céu pelos cânions urbanos.

Referências:


FREITAS, Eduardo De. “Ilha de calor”; Brasil Escola. Disponível em <http://www.brasilescola.com/geografia/ilha-de-calor.htm>. Acesso em 03 de novembro de 2015.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, 20/04/2016
"Ilha de calor, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 20/04/2016,https://www.ecodebate.com.br/2016/04/20/ilha-de-calor-artigo-de-roberto-naime/.

Nenhum comentário:

Postar um comentário