A aposentada Dinalva Barbosa, 73 anos, foi dormir bem, mas acordou com dor de cabeça, febre e mal-estar por todo o corpo, sintomas típicos de uma gripe. No entanto, em vez de tomar um chazinho, como de costume, ela ficou muito assustada e correu para o hospital. “Com essa história de H1N1 não dá para brincar e nem ficar esperando o pior acontecer. Na hora em que entrei no consultório, já falei para o médico que estava muito preocupada, mas, graças a Deus, ele disse que era uma gripe simples”, contou aliviada.
O comportamento dessa senhora experiente faz sentido, principalmente diante do cenário atual. Os números estão aí para provar a necessidade de estar atento a qualquer suspeita. De acordo com o último Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, até março deste ano, houve 411 mortes por H1N1, no Brasil. A localidade com mais mortes é São Paulo, onde 202 pessoas perderam a vida por conta da doença, conforme aponta o levantamento.
Os riscos são conhecidos, mas você sabe o que é H1N1? Trata-se de uma doença que resulta da mutação do vírus da gripe. Esse é apenas um dos nomes. É chamada também de Influenza tipo A ou gripe suína. Era muito pouco conhecida até 2009, quando deu às caras no México, depois afetou milhares de pessoas em todo o mundo e saiu do anonimato. À época, a Organização Mundial de Saúde (ONU) anunciou que a pandemia atingiu 207 países.
Os sintomas e a forma de transmissão são semelhantes aos de uma gripe comum. O paciente aparece com uma febre aparentemente sem motivos, sente dor de cabeça, de garganta, nos músculos e articulações, mal-estar, calafrios e pode apresentar congestionamento das vias áreas (nariz entupido). O infectologista, Dr. Hemerson dos Santos Luz, da Salute Clínicas Especializadas, esclarece que basta a pessoa tossir ou espirrar para passar o vírus pra frente. “A explicação é que a transmissão ocorre pelas secreções respiratórias. Por isso, a prevenção inclui hábitos simples do dia a dia. Evitar ambientes fechados e de muita movimentação. Além disso, vale reforçar aqueles cuidados básicos de higiene, como cobrir a boca ao espirrar e tossir. Além disso, a transmissão também ocorre por meio de objetos contaminados, fazendo com que o hábito de lavar as mãos, frequentemente, com água e sabão torne-se de grande importância na prevenção desta doença. E tem ainda a vacinação, claro”, orienta o Dr. Luz.
Por falar em vacina, em março, o governo começou o combate ferrenho ao H1N1 ao iniciar a campanha nacional. De acordo com os últimos números, já imunizou, neste ano, 22 milhões de pessoas inseridas no grupo de risco, o equivalente a 43% do total previsto (49,8 milhões). Amapá, Distrito Federal, Goiás e São Paulo lideram a lista no que diz respeito à vacinação. Têm prioridade para receber a vacina crianças menores de cinco anos, gestantes, portadores de doenças crônicas, idosos, indígenas, profissionais da saúde e detentos.
O especialista explica que o diagnóstico é feito no consultório, onde há uma conversa com o paciente em busca de informações detalhadas a respeito dos sintomas. “É fundamental que as pessoas procurem o médico sempre que observarem algo diferente. Achar que se trata de uma gripe, de um resfriado e não dar a importância devida pode resultar em problemas maiores. Isso sem falar no risco de tomar remédios sem uma orientação e complicarem a situação. As pessoas precisam ter consciência de que H1N1 é uma doença altamente contagiosa e pode levar à morte. Deve-se prestar muita atenção aos sinais de agravamento. Entre eles, falta de ar, tontura, fraqueza, vômitos e desidratação. Crianças pequenas podem apresentar batimento de asa do nariz (dificuldade respiratória) e recusa em ingerir líquidos. O grupo de risco mais propenso a ter complicações é composto pelos idosos, menores de dois anos, gestantes, portadores de doenças crônicas e imunodeprimidos. Saber logo no começo e realizar o tratamento adequado são etapas imprescindíveis”, conclui o Dr. Hemerson dos Santos Luz.
in EcoDebate, 30/05/2016
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