domingo, 6 de maio de 2012

Artigo sobre plantas medicinais e interações com medicamentos


Abacate (Persea americana Mill.)

Uso terapêutico: coadjuvante do tratamento de artrite reumatóide e osteoartrite.

Interações Medicamentosas: grandes quantidades podem inibir o efeito da varfarina (anticoagulante).

Alcachofra (Cynara scolymus L.)

Uso terapêutico: colerético (aumento da liberação de bílis a partir da vesícula biliar) e colagogo (aumento da produção de bílis pelo fígado).

Interações Medicamentosas: estudo em animais demonstrou que o efeito diurético promovido pela alcachofra poderá ser prejudicial quando utilizada com medicamentos diuréticos, porque o volume sanguíneo poderá diminuir drasticamente gerando quedas de pressão arterial por hipovolemia e como a alcachofra atua na diurese, incluindo a excreção de potássio, existe a possibilidade de desencadeamento de níveis baixos de potássio na corrente sanguínea gerando a hipocalemia. As interações mais graves poderão ser verificadas com diuréticos de alça (furosemida) e tiazídicos (clortalidona, hidroclorotiazida, indapamida)

Alho (Allium sativum L.)

Uso terapêutico: coadjuvante no tratamento de hiperlipedemia e hipertensão arterial leve; auxiliar na prevenção da aterosclerose.

Interações Medicamentosas: pacientes que utilizam anticoagulantes orais, como a varfarina, poderão apresentar aumento do tempo de sangramento quando forem administrados medicamentos contendo alho; efeito semelhante será observado no uso dos antiplaquetários.
O alho poderá intensificar o efeito de drogas hipoglicemiantes (insulina e glipizida) causando uma diminuição excessiva dos níveis de açúcar no sangue (hipoglicemia). Quando usado com saquinavir (empregado no tratamento de infecção por HIV) poderá diminuir os níveis plasmáticos desta última, tornando seu efeito terapêutico menos eficaz o que poderá ocorrer com outras drogas antirretrovirais. Drogas metabolizadas pelo sistema hepático enzimático P450 poderão ser afetadas pelo alho além de que quimioterápicos poderão ter seus níveis alterados conforme foi evidenciado, através de estudo em laboratório, que a citarabina e a fludarabina, utilizadas no tratamento de leucemia, apresentaram seus efeitos intensificados. Outros estudos demonstraram uma pequena redução dos níveis de colesterol no sangue após administração oral de suplementos contendo alho e, também, redução na pressão sanguínea, aspectos que deverão ser considerados, uma vez que serão intensificados quando utilizado com medicamentos que apresentem estas ações terapêuticas. Indivíduos com problemas de tireóide ou aqueles que tomam medicamentos para esta disfunção deverão ter cautela no uso de suplementos contendo alho uma vez que o alho poderá afetar a tireóide.

Erva-de-são-joão (Hypericum perforatum L.)

Uso terapêutico: estados depressivos leves a moderados, não endógenos.

Interações medicamentosas: embora não haja relato de interação entre o hipérico com alimentos (queijos envelhecidos, fígado de galinha, creme azedo e vinho tinto) e plantas que contenham tiramina, esta interação deverá ser considerada. Os ácidos tânicos presentes no hipérico poderão inibir a absorção de ferro. A possível interação medicamentosa entre o hipérico e os contraceptivos orais pode resultar em sangramentos e, até mesmo, em gravidez indesejada. A administração de hipérico com lansoprazol, omeprazol, piroxicam e sulfonamida poderá aumentar a foto-sensibilidade. O hipérico potencializa o efeito de inibidores da monoamino oxidase, aumentando a pressão sanguínea. Quando administrada com fármacos como ciclosporina (para evitar a rejeição em transplantes) e indinavir (para tratamento de AIDS) os níveis sanguíneos destes fármacos poderão ser reduzidos gerando consequências graves. Outros fármacos que poderão ter redução nos níveis sanguíneos e comprometimento da ação se usados conjuntamente com o hipérico são: digoxina, teofilina e varfarina. O hipérico interfere na via em que muitas drogas são submetidas às enzimas hepáticas citocromo P450 e, como consequência, os níveis sanguíneos destas drogas poderão ser aumentados em pequeno espaço de tempo causando aumento dos efeitos ou potencializando reações adversas sérias e/ou serem diminuídas no sangue em espaço de tempo maior. Exemplos de drogas que poderão ser afetadas: omeprazol, talbutamida, cafeína, carbamazepina, ciclosporina, midazolam, nifedipina, sinvastatina, teofilina, antidepressivos tricíclicos, varfarina, inibidores da transcriptase reversa não nucleosídeas, ou inibidores da protease. A síndrome serotoninérgica poderá ser causada quando o hipérico for utilizado, concomitantemente, com alguns fármacos das classes: antidepressivos tricíclios, inibidores da recaptação de serotonina, inibidores da monoamino oxidase, inibidores de apetite, antienxaquequosos (agonistas serotoninérgicos e alcalóides do ergot), broncodilatadores e alimentos (que contenham tiramina ou triptofano).

Fonte para o artigo completo:

NICOLETTI, M.A.; CARVALHO, K.C.; OLIVEIRA Jr, M.A.; BERTASSO, C.C.; CAPOROSSI, P.Y.; TAVARES, A.P.L. Uso popular de medicamentos contendo drogas de origem vegetal e/ou plantas medicinais: principais interações decorrentes. Revista Saúde, n.4, v.1,p.25-39, 2010.


6 comentários:

  1. É um tópico de grande relevância para a atenção farmacêutica.Valeu mestre!

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  2. Bacana o artigo acima sobre interações medicamentosas....Gostei....Abraços

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  3. Legal, não tinha conhecimento da suplementos contendo alho e a tireóide.

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  4. Interessante ler o artigo inteiro, e salvá-lo, pois pode sair do ar.

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  5. Boa dica, já abaixei o arquivo todo. Muito legal!

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  6. O artigo sobre plantas medicinais e interações com medicamentos servem de alerta.
    Esses artigos se estivessem nas bulas de medicamentos seria muito eficaz.
    Achei muito interessante, fácil de entender e para quem faz uso de medicamentos tem uma lista com os nomes de componentes dos medicamentos.Relacionei com os quais eu faço uso.
    Várias pessoas fazem uso do medicamento AAS com café em estado febril, eu sei que não faz bem para o estomago.
    Obrigada, professor Furlan.

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