Fábio Munhoz - Diário do Grande ABC
Mauá é a única cidade
do Grande ABC a oferecer remédios fitoterápicos na rede municipal de Saúde. Ao
todo, as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) oferecem nove tipo de medicamentos.
Assim como as drogas tradicionais, as substâncias só podem ser retiradas nos
postos se o paciente apresentar receita assinada por um médico.
Neste mês, a Prefeitura adicionou à Remume (Relação
Municipal de Medicamentos Essenciais) oito substâncias de origem natural para
serem entregues pelo SUS (Sistema Único de
Saúde). Desde 2010, o único fitoterápico disponibilizado era o xarope de Guaco,
utilizado para aliviar tosses (veja na tabela ao lado a relação completa
oferecida na cidade).
A coordenadora de Assistência Farmacêutica de Mauá, Melissa
Spröesser Alonso, revela que a preparação dos médicos para o início das
prescrições começou em novembro. "A disponibilização é última etapa.
Antes, é preciso fazer um trabalho com
informações para os médicos e a comunidade", explica.
Segundo a coordenadora, a aceitação dos remédios de origem
natural é grande entre a população. "Muitas pessoas já falam para o médico que,
se possível, gostariam que fosse dada preferência à fitoterapia." A
prescrição ou não deste tipo de medicamento fica a cargo do médico.
Apenas medicamentos que integram a Remume podem ser
comprados pelo município com a verba destinada pelo Ministério da Saúde. Na
lista de 2012, foram incluídas novas substâncias, como hortelã, babosa e
salgueiro. A coordenadora afirma que a Prefeitura ainda irá estudar se colocará
ou não os remédios nas prateleiras do município. "Precisamos ver o perfil
epidemiológico para ver se há demanda."
Em São Caetano, a Prefeitura tem parceria com a USCS
(Universidade Municipal de São Caetano do Sul) para a disponibilização de ginkgo
biloba. O remédio, que não faz parte da Remume, geralmente é usado para
combater alterações no sistema nervoso periférico. Para obter o medicamento, o
paciente precisa ser morador da cidade e apresentar receita emitida na rede
pública.
A Prefeitura de São Bernardo não oferece fitoterápicos, mas
afirmou que estuda incluí-los nas unidades do município. Com exceção de Rio
Grande da Serra, que não se manifestou, os demais municípios informaram que não
têm previsão para adicionar as substâncias de origem natural nas prateleiras. A
Secretaria Estadual de Saúde informa que os fitoterápicos são utilizados para
atenção básica e, por isso, devem ser oferecidos pelo poder público municipal.
Especialista vê medida como avanço
A disponibilidade de medicamentos fitoterápicos na rede
pública de Saúde é vista como avanço pelo professor José Armando Júnior, que
leciona no curso de Ciências Farmacêuticas e Gestão em Saúde Ambiental da
Faculdade de Medicina do ABC. "Até 2009, o governo não se importava em
criar lista de remédios naturais. A comunidade médica recebeu isso com grande
satisfação, pois é o reconhecimento de algo que já é estudado há muitos
anos."
Segundo o especialista, o tratamento com substâncias
fitoterápicas diminui riscos à saúde, como efeitos colaterais e associações
medicamentosas.
"Mas isso não quer dizer que o tratamento não precisa
ser acompanhado por um médico. O fitoterápico pode dar efeitos colaterais, mas
não é tão comum quanto nos remédios sintéticos", explica.
Armando Júnior salienta ainda que, ao contrário da crendice
popular, não há relação entre a fitoterapia e o tempo elevado de tratamento.
"É muito comum confundirem o fitoterápico com plantas medicinais. O
fitoterápico passou por grande controle de qualidade, a planta não". O
professor acrescenta que outro erro comum é a confusão entre fitoterapia e
homeopatia.
No site da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária), o órgão esclarece que a fitoterapia "utiliza exclusivamente
princípios ativos de plantas medicinais". Já a homeopatia também usa
princípios de origem animal e vegetal. As substâncias são diluídas em água ou
no álcool e passam por processo chamado de dinamização.
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