sexta-feira, 25 de maio de 2012

Os liquens e a sua propriedade bioindicadora


O aumento da circulação de veículos e do número de indústrias provocou sensível piora nas condições ambientais. Poluentes atmosféricos, como, por exemplo, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e metais pesados aumentaram significativamente suas concentrações no ar, causando graves problemas ambientais.

Como então avaliar determinados tipos de contaminação do solo, da água ou mesmo do ar? Em resposta a essa problemática, temos hoje uma “tecnologia” natural, que são os chamados bioindicadores.

Nessa lista de bioindicadores, podem ser destacados os liquens, que são organismos simples, compostos por associações de fungos e algas, em uma interação considerada por muitos estudiosos como simbiótica. Eles promovem um importante trabalho na bioindicação atmosférica, pois são muito sensíveis às alterações ambientais. Entre os liquens, diversos trabalhos indicam os mais sensíveis à poluição por compostos sulfurados, que são os das espécies fruticosas .

Os sintomas dos poluentes nos liquens incluem a diminuição de sua vitalidade e alterações nas suas características externas. São vegetais mais sensíveis,  porque não possuem estomas nem cutícula. O poluente penetra pelo talo e pode se difundir rapidamente até o fotobionte (componente algáceo), que é o primeiro a ser afetado. Nele são observados o talo com aparência anormal,  a clorofila sofrendo branqueamento, e o surgimento de áreas  pardas nos cloroplastos.

As manchas escuras no talo dos liquens podem estar relacionadas com o acúmulo de poluentes nos tecidos, prejudicando a fotossíntese, degradando a clorofila e provocando a morte de células.

Se fizermos uma experiência retirando espécies de liquens adaptados em zonas rurais e levarmos os mesmos aos centros urbanos, perceberemos que esses organismos sofrerão despigmentação e danos ainda mais visíveis como necroses. Provavelmente, não sobreviverão no local, mesmo sendo os liquens adaptáveis a condições climáticas severas.
Um cuidado deve ser tomado para não tirar conclusões erradas, pois outros fatores podem afetar a ocorrência dos liquens, como o tipo de casca da árvore em que se desenvolve e a luminosidade.

Texto de Kamily Nadim Imad, acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental (Universidade São Francisco de Bragança Paulista).


Espécie Parmotrema tinctorum: eficaz para a detecção de poluentes no ar



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Um comentário:

  1. Acho muito interessante dos liquens serem os bioindicadores, aliás, todos os seres vivos são bioindicadores.
    Vou complementar, o que eu aprendi no curso de meio ambiente.
    Quando diminui os poluentes, os liquens ficam nas partes mais baixas dos troncos, e em matas longe de poluição eles ficam cores de rosa.

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