terça-feira, 31 de julho de 2012

Castanha-de-cutia é aliada do coração


Uma pesquisa da Unesp de Rio Preto descobriu que a castanha de cotia (Couepia edulis), nativa da Amazônia, contém compostos que reduzem o risco de doenças cardiovasculares, tumores, distúrbios metabólicos, doenças neurodegenerativas e inflamatórias. Em sua tese de mestrado, a pesquisadora Tainara Costa Singh, supervisionada pela professora Neuza Jorge, analisou seis diferentes amêndoas e nozes, entre elas a castanha do Brasil, mais conhecida como do Pará e a noz pecã. “A de cotia era bem diferente das demais, tanto que a gente precisou enviar as amostras para fazer uma análise diferenciada, que foi a ressonância magnética nuclear”, conta Tainara. 


Nas análises, a pesquisadora descobriu que o óleo da castanha de cotia contém grande concentração de compostos benéficos para a saúde. “A gente detectou tocoferóis, carotenóides, fitosteróis, compostos fenólicos e ácidos graxos essenciais, que ajudam na prevenção de doenças crônicas, doenças cardiovasculares, diabete, hipertensão, entre outros benefícios à saúde”, explica. 

Apesar de não ter chegado à região Sudeste, a castanha de cotia é utilizada pelos povos amazônicos, principalmente na preparação de alimentos. “Ela é muito gordurosa, possui 71% de lipídios. A soja, por exemplo, possui apenas 20% e o óleo de soja ou industrializado é muito mais caro naquela região, então eles maceram a castanha e utilizam o óleo, mas sem saber das propriedades”, diz Tainara. 

O nome da castanha também surgiu pelo apreço do animal pelo fruto, que é de tamanho médio e bem fibroso. A castanha de cotia é parecida com a do Pará, porém um pouco maior. As propriedades benéficas da castanha de cotia também poderão ser aproveitadas pelas indústrias farmacêutica e cosmética. “Eles podem ser utilizados nas manteigas de hidratação corporal, xampus, sabonetes, cremes hidratantes, para tudo que for para parte hidratante e também antioxidante”, diz a pesquisadora. 

A orientadora de Tainara afirma que o Governo está investindo em pesquisas sobre recursos naturais brasileiros. “A gente tem ganhado muito incentivo financeiro para esses estudos, principalmente para conhecer melhor e também para dar uma maior aplicação desses produtos na medicina, alimentação, na farmácia ou na cosmética, porque já é utilizado mas não há estudos. Isso é muito valioso para poder utilizar melhor os recursos naturais que temos”, diz Neuza. 

Prêmio 

A pesquisa de Tainara e Neuza é inédita e conquistou o segundo lugar no Prêmio Leopoldo Hartman durante o 23º Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos, realizado em Campinas, em maio deste ano. “É um dos maiores prêmios na área de óleos e gorduras. É muito bom ver o reconhecimento por um trabalho nosso”, comenta a pesquisadora.


Texto: Maria Stella Calças
Data: 19 de Julho, 2012 

Nenhum comentário:

Postar um comentário