Uma pesquisa da Unesp de Rio Preto descobriu que a castanha
de cotia (Couepia edulis), nativa da Amazônia, contém compostos que
reduzem o risco de doenças cardiovasculares, tumores, distúrbios metabólicos,
doenças neurodegenerativas e inflamatórias. Em sua tese de mestrado, a
pesquisadora Tainara Costa Singh, supervisionada pela professora Neuza Jorge,
analisou seis diferentes amêndoas e nozes, entre elas a castanha do Brasil,
mais conhecida como do Pará e a noz pecã. “A de cotia era bem diferente das demais,
tanto que a gente precisou enviar as amostras para fazer uma análise
diferenciada, que foi a ressonância magnética nuclear”, conta Tainara.
Nas análises, a pesquisadora descobriu que o óleo da castanha de cotia contém
grande concentração de compostos benéficos para a saúde. “A gente detectou
tocoferóis, carotenóides, fitosteróis, compostos fenólicos e ácidos graxos
essenciais, que ajudam na prevenção de doenças crônicas, doenças
cardiovasculares, diabete, hipertensão, entre outros benefícios à saúde”,
explica.
Apesar de não ter chegado à região Sudeste, a castanha de cotia é utilizada
pelos povos amazônicos, principalmente na preparação de alimentos. “Ela é muito
gordurosa, possui 71% de lipídios. A soja, por exemplo, possui apenas 20% e o
óleo de soja ou industrializado é muito mais caro naquela região, então eles
maceram a castanha e utilizam o óleo, mas sem saber das propriedades”, diz
Tainara.
O nome da castanha também surgiu pelo apreço do animal pelo fruto, que é de
tamanho médio e bem fibroso. A castanha de cotia é parecida com a do Pará,
porém um pouco maior. As propriedades benéficas da castanha de cotia também
poderão ser aproveitadas pelas indústrias farmacêutica e cosmética. “Eles podem
ser utilizados nas manteigas de hidratação corporal, xampus, sabonetes, cremes
hidratantes, para tudo que for para parte hidratante e também antioxidante”,
diz a pesquisadora.
A orientadora de Tainara afirma que o Governo está investindo em pesquisas
sobre recursos naturais brasileiros. “A gente tem ganhado muito incentivo
financeiro para esses estudos, principalmente para conhecer melhor e também
para dar uma maior aplicação desses produtos na medicina, alimentação, na
farmácia ou na cosmética, porque já é utilizado mas não há estudos. Isso é
muito valioso para poder utilizar melhor os recursos naturais que temos”, diz
Neuza.
Prêmio
A pesquisa de Tainara e Neuza é inédita e conquistou o segundo lugar no Prêmio
Leopoldo Hartman durante o 23º Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de
Alimentos, realizado em Campinas, em maio deste ano. “É um dos maiores prêmios
na área de óleos e gorduras. É muito bom ver o reconhecimento por um trabalho
nosso”, comenta a pesquisadora.
Texto: Maria Stella Calças
Data: 19 de Julho, 2012
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