terça-feira, 3 de junho de 2014

Plantas medicinais na cosmética - I

Conceitos em fitocosmética

Texto de: 

Marina Belão Pereira - Tecnóloga em Estética 
Marcos Roberto Furlan - Engenheiro Agrônomo 

A RDC 211/05 da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) observa que os produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, são preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e ou corrigir odores corporais e ou protegê-los ou mantê-los em bom estado. 

Se os preparados cosméticos contiverem substâncias de origem vegetal, serão denominados fitocosméticos. Estes produtos são classificados quanto à forma farmacêutica em óleos fixos, extratos vegetais, óleos essenciais, corantes, xampus, cremes, sabonetes, colônias, perfumes, batons, maquiagens, desodorantes, dentifrícios, óleos, talcos, sais e loções (SEPLAN, 2008). 

Há também os biocosméticos, os quais, segundo Lyrio et al. (2011) são fitocosméticos que utilizam matéria prima obtida da produção orgânica, e com as seguintes características: possuírem a capacidade natural de estimular a recuperação da pele e elaborados com ingredientes vegetais, sem conservantes artificiais e nem substância de origem animal. Acrescentam que, com isso, se espera que sejam mais delicados com a pele e os cabelos, e, até mesmo, mais eficazes por estimularem a capacidade natural da pele de recuperar-se sem representar uma agressão ao frágil equilíbrio da epiderme. Os autores, no mesmo trabalho, observam que em alguns países da Europa como França, Alemanha e Itália, os biocosméticos já estão bastante consolidados, mas no Brasil pode-se dizer que estão em fase embrionária. 

Um fitocosmético deve passar por todas as etapas de pesquisa: proposição, criação e desenvolvimento, incluindo os testes de estabilidade, para assegurar a atividade terapêutica durante toda sua vida útil (CUNHA et al., 2009). O fitocosmético vem atraindo cada vez mais a atenção dos consumidores, principalmente as formulações cosméticas antioxidantes, que são muito comuns no combate ao envelhecimento cutâneo (CEFALI, 2009). 

Existe uma tendência mundial de incorporação de extratos vegetais em formulações cosméticas, com a finalidade de se obter fórmulas que possam ser usadas por um número cada vez maior de pessoas que procuram, na natureza, uma alternativa efetiva e menos agressiva (CUNHA et al., 2009). O uso de ativos da biodiversidade brasileira levou ao desenvolvimento de inúmeros produtos, nas mais diferentes formas cosméticas, mas, por outro lado, tem dificultado, ainda mais, a padronização de protocolos experimentais para atestar a estabilidade das preparações cosméticas (ISAAC et al., 2008). 

Os extratos vegetais podem ser incorporados em diferentes preparações cosméticas e, dependendo da classe química de seus ativos, podem ser responsáveis pela atividade do produto (ISAAC et al., 2008). 

O fator contribuinte mais importante para a atividade biológica de um fitocosmético é a fonte do material vegetal, pois os constituintes químicos das diversas partes de uma planta podem se diferenciar, pois cada um pode conter mais de 200 constituintes químicos individuais diferentes (HUBINGER, 2009). 

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Referências

CEFALI, L. C. Desenvolvimento e atividade do fitocosmético contendo licopeno para o combate à aceleração do envelhecimento cutâneo. Araraquara: Universidade Estadual Paulista, 2009. 138f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual Paulista, Araraquara.

CUNHA, A. R.; SILVA, R. S.; CHORILLI, M. Desenvolvimento e avaliação da estabilidade física de formulações de xampu anticaspa acrescidas ou não de extratos aquosos de hipérico, funcho e gengibre. Rev. Bras. Farm., v. 90, n. 3, p. 190-195, 2009. 

HUBINGER, S.Z. Estudo farmacognóstico e desenvolvimento de fitocosmético de ação antioxidante dos frutos de Dimorphandra mollis Benth. (Leguminosae – Caesalpinioideae). Araraquara: Universidade Estadual Paulista, 2009. 150f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual Paulista, Araraquara.

ISAAC, V.L.B.; CEFALI, L.C.; CHIARI, B.G.; OLIVEIRA, C.C.L.G.; SALGADO, H.R.N.; CORREA, M.A. Protocolo para ensaios fisico-quimicos de estabilidade de fitocosmeticos. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v.29, n.1, p.81-96, 2008.

LYRIO, E,S; FERREIRA, G,C; ZUQUI, S.N; SILVA, A.G. Recursos vegetais em biocosméticos: conceito inovador de beleza, saúde e sustentabilidade. Natureza Online, v.9, n.1, p. 47-51. Disponível em: http://www.naturezaonline.com.br/natureza/conteudo/pdf/09_LyrioESetal_4751.pdf. Acesso em: 20 de out 2013.

SEPLAN. Plano de desenvolvimento preliminar APL de fitoterápicos e fitocosméticos cidade pólo: Manaus. Manaus: Núcleo Estadual de Arranjos Produtivos Locais – NEAPL, 2008. 

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