sexta-feira, 12 de setembro de 2014

“É pelo coração que me ligo à minha horta…”


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Horta, pedaço de nós mesmos, mãe. Se compreendermos que ela é não só a nossa origem como também nosso destino, e se a amarmos, então estaremos amando a nós mesmos, como seremos. Não, não tenho uma horta para economizar na feira. Tenho uma horta porque preciso dela, como preciso de alguém a quem amo.
Com a temática do Bem Comum, o 46º Festival de Inverno da UFMG, realizado entre os dias 18 e 26 de julho, trouxe para dentro do campus da UFMG novas (ou apenas esquecidas e invisibilizadas) formas de se apropriar do espaço público. Reunindo indígenas, quilombolas, congadeiros, agricultores urbanos, moradores de ocupações, bicicleteiros e quem mais se interessasse por repensar e viver os usos tradicionalmente dados ao espaço, o festival permitiu o intercâmbio entre diferentes saberes, gostos, músicas, gerações e significados.

Dentro deste universo tão diverso, o GT Plantar, Cozinhar e Comer (Hortas e Comidarias) se propunha a investigar e construir o mundo da terra e da cozinha, explicitando este vínculo que o modo de vida urbano tende a obscurecer. Convidada pela coordenação do GT a contribuir na construção do mesmo, a AMAU – Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana esteve presente em diferentes momentos no festival.

A horta é parte do meu corpo, do lado de fora, e é por isso que pode ser comida, entrar para dentro, transformar-se em vida, minha vida. Eu dou vida à horta, preparo a terra, planto as sementes, rego, elas vivem, e depois se oferecem a mim, através do meu desejo.

Na sexta-feira, dia 19, um grupo de 12 pessoas pôde conhecer três espaços produtivos distintos da Região Metropolitana: o Ervanário São Francisco no Alto Vera Cruz, a horta do Frutos da União localizada no Ribeiro de Abreu, e a horta comunitária dos Borges em Sabará.

Nascido da necessidade do casal Tantinha e Fernando em tratar dos problemas de saúde de sua família, o Ervanário São Francisco vem ao longo de 17 anos trabalhando com as práticas complementares em saúde, como aproveitamento integral dos alimentos, agricultura urbana, resgate e ativação de conhecimentos tradicionais, preparo e uso das plantas medicinais, massagens, orações e formação de grupos e pessoas. O grupo ainda, comercializa seus produtos em diferentes espaços como a Feira Terra Viva, aos sábados, e a feira da Bernardo Monteiro, às sextas-feiras. Na AMAU, o grupo integra a Comissão de Plantas Medicinais.

Cultivada em terreno pertencente à igreja no bairro Ribeiro de Abreu a partir da iniciativa de três senhoras, Júlia, Amélia e Bernadete, a horta do Frutos da União atualmente promove a comercialização de seus produtos quinzenalmente aos sábados em feira realizada no próprio espaço de produção. O grupo também participa da Feira Terra Viva e integra as comissões de Agrobiodiversidade, onde D. Júlia é guardiã de sementes, e Mulheres.
Já a horta dos Borges é uma iniciativa da qual participam 18 famílias, situada às margens do rio das Velhas e apoiada pela prefeitura de Sabará que fornece esterco, água e eletricidade. Recentemente ingressos na AMAU, o grupo comercializa sua produção na Feira da Cidade Administrativa às sextas-feiras, e na Feira Terra Viva. Última parada da visita, neste espaço cada um dos visitantes recebeu um mini-kit de hortaliças, produto semelhante a um buquê composto por alface, agrião e rúcula.

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