Publicado em 28/08/2014
Imagem da internet, sem crédito para o fotógrafo
*por Mirian Teresa de Sá Leitão
No mês de agosto, devido ao Dia Internacional da Saúde, mas já vai lá alguns anos, me chamaram a atenção as palestras a respeito da obesidade infantil /juvenil, que já se anunciava também como uma questão importante aqui no Brasil. E muitas inquietações e considerações começaram naquele momento a povoar a minha mente.
A inquietação perante a realidade e a pesquisa de práticas no Campo da Saúde/Educação fazem parte constante da minha vida. E não é de agora, lá pelos anos 2007/2008 questionamentos como: Por que crianças e adolescentes se alimentam tão mal, principalmente nos grandes centros urbanos? O afastamento gradual que tivemos durante décadas, de uma alimentação saudável e orgânica, com o advento da mecanização da agricultura, poderia ter sido diferente nas cidades como o RJ? Que papel a escola e educadores tinham nesse contexto que se anunciava, de obesidade/sobrepeso e suas cormobidades?
E a partir dessas inquietações e da conversa com colegas na Universidade, conheci através de uma colega, que estava no Brasil e que morara na Califórnia, o Movimento FARM TO SCHOOL. Me encantei com o que se apresentava, uma resposta aos meus questionamentos.
Muitos dirão: Mas modelos de outros países nunca dão certo quando os exportamos.
Ou ainda: Experiências americanas são próprias para as suas culturas, aqui no Brasil tendem a não apresentar resultados tão bons. Mas, como estudiosa, penso que a ciência avança com as experiências e práticas, tanto bem sucedidas, como mal sucedidas, e deixando o senso comum de lado, iniciei uma pesquisa sobre esse movimento, o FARM TO SCHOOL – suas ações e resultados. Naquele momento minha referida colega ajudou-me repassando informações que possuía e algumas fotos e outras informações fui pesquisando sozinha, eu e meu computador amigo rs.
O encantamento com tudo que passei a descobrir me deu a certeza que queria ver algo parecido algum dia aqui, em terras tupiniquins…Mas o que se refere, ndagarão-me, vou tentar resumir.
O FARM TO SCHOOL, que iniciou-se timidamente lá pelos fins dos anos de 1990 em Santa Mônica, na Califórnia e na Flórida, cresceu, e muito. E em 2012 já acontece em mais de 47 estados americanos, não mais como um movimento, mas como um Programa apoiado pelo Departamento de Agricultura Americano e se propõe a:” fortalecer os sistemas locais e regionais de alimentação, assegurando saúde para todas as crianças”. Combina alguns ingredientes: alimentos frescos produzidos localmente passam a estar mais presentes na alimentação dos estudantes, enquanto os alunos estudam sobre a agricultura local, benefícios de uma alimentação saudável e plantio.
O FARM TO SCHOOL enriquece a ligação entre consumidores e produtores familiares (fazendeiros), que oferecem produtos frescos e saudáveis em escolas e pré-escolas, em uma espécie de cantinas escolares. Embora o Programa ocorra na quase totalidade dos estados, em uma infinidade de escolas, tem uma formatação local, mas tem um ponto em comum, propiciar aos alunos o conhecimento de como o alimento chega até a mesa deles e uma alimentação de qualidade.
O Programa favorece:
- A Escola, pois serve uma alimentação fresca e saudável, implementando uma educação nutricional e práticas de plantio e saúde.
- Os agricultores (fazendeiros) locais, pois dá suporte aos mesmos conectando-os as escolas e pré-escolas, e oportuniza que produtores, pescadores e processadores alimentares familiares um ganho financeiro, pois passam a venderem localmente seus produtos.
- A comunidade local, pois reduz a emissão de carbono ao reduzir o transporte dos produtos, favorece a economia local e estimula atividades como hortas escolares e programas de compostagem, criando um ambiente saudável em torno da comunidade escolar.
- As “cantinas escolares” servem como uma espécie de feiras para os produtores locais e os estudantes tem uma relação estreitada com produtos frescos e saudáveis, aprendem a experimentar nas escolas uma alimentação de qualidade, compartilhando essas conexões com seus familiares.
- E especificamente na sala de aula temos propostas muito interessantes: currículo parcial ou totalmente direcionado as atividades, as crianças exploram por exemplo, as frutas e vegetais frescos através das aulas de culinária e “teste do gosto”. A partir de uma abordagem multidisciplinar entendem como se dá o crescimento das plantas nas aulas de ciências, artes e atividades nas hortas escolares, além do conhecimento sobre agricultura local.
Incrível esse FARM TO SCHOLL, não é mesmo?
Articulista convidada:
Mirian Teresa de Sá Leitão é educadora, especialista em Gestão Ambiental e Mestre em Ciências. Membro do Coletivo Hortação.
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