O uso da fitoterapia como recurso terapêutico tem aumentado, de forma significativa, nos últimos anos, apresentando um papel fundamental na atenção primária à saúde e sendo consolidado pelas diretrizes da atual Política Nacional de Medicina Natural e Práticas Complementares e da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, desenvolvidas pelo Ministério da Saúde. Neste sentido, muitos estudos têm sido realizados com o objetivo de se obter novos compostos de origem vegetal para as mais diversas enfermidades, pois a procura de novos alvos farmacológicos é uma constante, tendo as plantas medicinais recebido especial atenção.
No caso das disfunções neurológicas, a obtenção de produtos de origem vegetal seguros e eficazes poderiam ser utilizados como uma opção terapêutica importante, uma vez que os medicamentos atualmente disponíveis no mercado geralmente provocam reações adversas significativas, prejudicam a adesão ao tratamento e diminuem a qualidade de vida dos pacientes. Contudo, ao contrário do que acontece no tratamento da doença de Alzheimer, onde os agentes anticolinesterásicos – principal forma de tratamento – podem ser obtidos de plantas medicinais, como é o caso da galantamina, em relação às outras disfunções neurológicas sempre houve uma escassez de estudos abordando a relação entre elas e os produtos à base de plantas medicinais.
Uma análise mais recente da literatura e dos eventos científicos nesta área revelou uma pequena, porém positiva, mudança deste cenário, com um aumento do número de trabalhos abordando este tema. No X Congresso Paulista de Neurologia, realizado em Junho de 2015 na cidade de Guarujá/SP, foi possível verificar alguns destes estudos, com resultados bastante promissores, durante a mesa redonda “Cuidados Integrativos”. Nesta oportunidade, além das plantas mais conhecidas utilizadas para o tratamento destas disfunções como o Ginkgo biloba e algumas espécies de Galanthus, foram apresentados os resultados dos estudos não-clinicos e clínicos realizados com outras plantas, como por exemplo a Mucuna pruriens e a Salvia miltiorrhiza para o tratamento da Doença de Parkinson e a Salvia officinalis e Salvia lavandulifolia para o tratamento da Doença de Alzheimer.
Outros resultados dignos de nota foram aqueles obtidos com os derivados da Cannabis sativa principalmente para o tratamento de alguns casos de epilepsia e de esclerose múltipla, resistentes à medicação convencional, com resultados bastante significativos. Embora os mecanismos de ação destas plantas ainda não estejam completamente esclarecidos, os resultados obtidos até o momento revelaram um potencial terapêutico significativo e bastante promissor, mas que ainda precisa ser confirmado com novos estudos clínicos, a fim de se tornarem uma alternativa importante para o tratamento destes pacientes.
Ricardo Tabach Coordenador do Planfavi
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