quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Boletim PLANFAVI, n.34, jabr/jun de 2015 - A pupunha (Bactris gasipaes) é afrodisíaca?

A presença da pupunha (Bactris gasipaes Kunth) em florestas abertas aparentemente maduras é um indicador da ocupação humana no passado. Há dez mil anos atrás, os primeiros habitantes da Amazônia começaram a usar a madeira dura, durável e flexível da pupunha para fazer tigelas e arcos, arpões, lanças e outros objetos. Antes do aparecimento das ferramentas de metal, grupos indígenas usavam facões de madeira de pupunha para cortar a vegetação mais tenra. Ao longo de milhares de anos, árvores de pupunha com características levemente diferentes foram sendo plantadas dentro das comunidades e nas suas vizinhanças. O processo de fertilização cruzada foi gerando novas plantas com frutos maiores e mais ricos em amido, apreciados pelos indígenas. As árvores eram selecionadas pelo tamanho e cor dos seus frutos ou por terem troncos com menos e menores espinhos. Com o tempo, a variação no tamanho e cor dos frutos foi aumentando. Hoje, as maiores variedades de frutos de pupunha na Amazônia ocidental podem pesar até 200 gramas cada, o que faz deles mais uma refeição do que um aperitivo! A chegada da estação da pupunha era tradicionalmente celebrada com festivais da colheita e abundantes quantidades de cerveja caissuma. Não surpreendia, então, que nove meses mais tarde havia um grande número de nascimento de bebês nas comunidades que cultivavam e consumiam pupunha. Essa coincidência, é claro, não passou despercebida e hoje a pupunha é considerada um afrodisíaco, especialmente na Colômbia. Todavia, a importância cultural da pupunha diminuiu ao longo dos anos, a ponto de ser considerada agora um alimento secundário, a não ser para alguns grupos indígenas das florestas tropicais, onde a pupunha continua a ter sua importância como uma cultura alimentar de subsistência e como bebida ritual. Referência:


Clement, C.R. e van Leeuwen, J. Sub-utilização da pupunha (Bactris gasipaes Kunth) na Amazônia Central: História, cadeia de produção, e implicações para o desenvolvimento e conservação.In: Alexiades, M.N. y Shanley, P. (eds.) Productos forestales, medios de subsistencia y conservación: Estudios de caso sobre sistemas de manejo de productos forestales no maderables. Volumen 3 - América Latina. Centro para La Investigación Florestal Internacional (CIFOR), Indonesia, 2004.

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