sábado, 14 de novembro de 2015

Resenha do artigo: Efeitos de um produto termogênico sobre parâmetros bioquímicos e morfológicos relacionados à saúde: um estudo de caso.

Resenha feita pela Nutricionista Valesca Karina dos Santos

(12) 98140-7703

Introdução

Se analisarmos os dados de POFs (Pesquisa de Orçamentos Familiares) recentes, vamos perceber um aumento contínuo de excesso de peso e de obesidade na população adulta e infantil. Estes dados são preocupantes, pois a obesidade apresenta associação com inúmeras doenças crônicas não transmissíveis, como, por exemplo, disfunções pulmonares, doenças coronarianas, a osteoartrite, o Diabetes Mellitus não-dependente, a esteatose hepática não alcoólica, a hipertensão e até alguns tipos de câncer 

A acumulação excessiva de tecido adiposo (obesidade), segundo Marques-Lopes et al. (2004), deriva de um aporte calórico excessivo e crônico de substratos combustíveis presentes nos alimentos e nas bebidas (proteínas, hidratos de carbono, lipídios e álcool) em relação ao gasto energético (metabolismo basal, efeito termogênico e atividade física). 

Este perfil nutricional associado à busca desenfreada pelo padrão de beleza atual (magreza), tem contribuído para a grande veiculação, por meio da mídia, de suplementos alimentares que prometem emagrecimento. 

Para o tratamento da obesidade, as opções são a redução da energia ingerida e aumentar o gasto calórico. Os tipos de suplementos dietéticos existentes no mercado são inúmeros e dentre os mais consumidos se destacam os termogênicos, os quais aumentam a taxa metabólica basal, facilitando a perda de peso (BARBOSA et al., 2015) .

Referência 

BARBOSA, J. E. P. ; CORREIA, E. M. ; ALMEIDA, A. M. R. ; XAVIER, J. M. G. . Perfil dos consumidores de termogênicos em praticantes de atividade física nas academias de Santa Cruz do Capibaribe-PE. RBNE - Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, 2015. Disponível em: http://www.rbne.com.br/index.php/rbne/article/view/527. Acesso em: 12 nov. 2015. 

MARQUES-LOPES, I.; MARTI, A.; MORENO-ALIAGA, M.; MARTÍNEZ, A. Aspectos Genéticos da Obesidade. Rev. Nutr., Campinas, 17(3):327-338, jul./set., 2004. Disponivel em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-52732004000300006&script=sci_arttext&tlng=pt Acesso em:12 nov. 2015. 

Artigo da resenha

REIS FILHO, A.D.; AMARAL FILHO, J.C.; SANTINI, E. et al. Efeitos de um produto termogênico sobre parâmetros bioquímicos e morfológicos relacionados à saúde: um estudo de caso. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, n. 33 v. 6. p. 168-177. Maio/Jun. 2012. 

Disponível em:

O conceito de tratamento da obesidade, por meio da estimulação da termogênese, é atualmente foco de grande atenção por parte das indústrias farmacêutica, nutracêutica e de alimentos funcionais. 

Alguns fitoterápicos, medicamento obtido exclusivamente de matéria prima vegetal, oferecem um aumento da termogênese e, consequentemente, da oxidação de gordura. Dentre as espécies de plantas e seus respectivos princípios ativos, a laranja-amarga (Citrus aurantium, p-sinefrina), o chá-verde (Camellia sinensis, catequinas) e o guaraná (Paullinia cupana, cafeína) têm sido estudados, isoladamente ou combinados, tanto para verificar a eficácia dos mesmos quanto para se entender qual é o mecanismo da termogênese e a oxidação de lipídios. 

No estudo de Reis Filho et al. (2012) houve a participação de um sujeito com Esteatose hepática não alcoólica, do sexo masculino, com 36 anos de idade, estatura 1,84 m e Índice de massa corporal (IMC) igual a 30,1 kg/m2. Nele foram realizados diversos exames antropométricos, bioquímicos, dentre outros. 

Para fins de investigação sobre os efeitos de substâncias termogênicas nos parâmetros bioquímicos relacionados à saúde, foi utilizado um produto termogênico, duas vezes ao dia, uma hora antes do almoço (11,00 horas) e outra uma hora antes do jantar (18,00 horas), por oito semanas, sendo ingerido os sete dias de cada semana. O voluntário teve a ingestão de alimentos ad libitum e permaneceu sem praticar exercícios físicos por todo o período do estudo. 

O termogênico utilizado no estudo contém extrato de chá-verde, laranja-amarga, guaraná, niacina, cromo quelato (GTF), inulina, aroma idêntico ao natural de laranja, corante cúrcuma, acidulante ácido cítrico, antioxidante ácido ascórbico, edulcorante sucralose e xilitol. Os substratos com propriedades termogênicas são: 136,74 mg de cafeína provenientes do extrato de chá-verde e do guaraná e 111,11 mg de laranja-amarga. 

Ao final do estudo pode-se observar no sujeito, reduções de massa corporal total e dos percentuais de gordura total e de membros inferiores e tronco. Também houve melhoras relacionadas aos perfis glicêmico e lipídico, diminuições do colesterol total, dos triglicerídeos e da glicemia de jejum, dentre outros, e aos biomarcadores de função hepática e inflamatórios. Portanto, o uso de substratos com propriedades termogênicas para o controle das variáveis relacionadas à esteatose hepática não alcoólica se apresenta como um alternativa. 

Também não houve alteração importante das variáveis hemodinâmicas, tanto aguda quanto cronicamente. No entanto, diferentes pessoas podem apresentar maior ou menor sensibilidade a tais produtos. Dessa forma, a prescrição destes compostos termogênicos deve ser feita com cautela e sob orientação de um profissional habilitado para tal. 

Alguns autores sugerem que o uso de catequinas pode prevenir ou reduzir o acúmulo de gordura corporal, modular o metabolismo lipídico e, eventualmente, atenuar o risco de doenças associadas, como por exemplo, o diabetes mellitus e a doença arterial coronariana. A Camellia sinensis é positiva ao perfil lipídico, proporcionando redução significativa dos níveis de colesterol total e LDL-colesterol. 

Também já houve a comprovação por meio de estudos que a administração crônica de catequinas proporciona redução significativa na glicemia e na pressão arterial, além da diminuição da gordura corporal e da relação cintura/quadril. 

Bom, há muitos estudos sobre o assunto com resultados animadores e alguns inconclusivos. No caso do sujeito com esteatose hepática não alcoólica, o protocolo de suplementação termogênica melhorou vários parâmetros metabólicos relacionados à sua saúde e também quanto aos biomarcadores de inflamação, perfis glicêmico e lipídico e a composição corporal. 

Entretanto, é importante ressaltar que qualquer produto com propriedade termogênica deve ser usado com extrema cautela, orientado por um profissional habilitado e com indicação individualizada.

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