30/01/2018
Desenvolvido na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, picolé deve ser ingerido três horas antes da cirurgia
Desenvolvido na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, picolé deve ser ingerido três horas antes da cirurgia
Para autora do estudo, pesquisa quebra o paradigma de que o paciente cirúrgico precisa passar sede para ter uma cirurgia segura – Foto: Divulgação
Em salas pré-operatórias, um tipo de picolé com sabor mentolado diminuiu o desconforto da sede causada pelo jejum em pacientes que aguardavam cirurgia. A enfermeira Patrícia Aroni utilizou uma receita, com pequenos ajustes na fórmula, já utilizada após cirurgia bariátrica, para testes em pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP. A pesquisadora estudou sua receita mentolada em pacientes que passam por longos períodos de jejum antes dos procedimentos cirúrgicos.
Na pesquisa, Patrícia ofereceu o picolé para 20 pessoas no pré-operatório, enquanto outras 20 receberam apenas o padrão de rotina nesses casos. Após analisar os dois grupos de pacientes, a pesquisadora verificou que, ingerida três horas antes da cirurgia, a fórmula gelada diminuiu significativamente a intensidade e o desconforto da sede.
Esses resultados foram observados após 20 minutos do término da degustação. Ao tomar apenas uma unidade do sorvete, o paciente ficou satisfeito e não solicitou maiores volumes de líquido. O conforto verificado, segundo Patrícia, faz do picolé mentolado uma alternativa viável, de baixo custo e de boa aceitabilidade. E, também, “faz refletir sobre a necessidade de se olhar para a prática clínica e visualizar o que poderíamos fazer para melhorar a qualidade no cuidado prestado. Esse estudo quebra o paradigma de que o paciente cirúrgico precisa passar sede para ter uma cirurgia segura”.
Pacientes no pré-operatório são mantidos em jejum de líquidos e sólidos. A medida é de segurança contra o risco do conteúdo gástrico ser aspirado durante a anestesia; mas cada alimento necessita de um tempo de jejum diferente. “No caso da água, o tempo de jejum recomendado pela organização científica American Society of Anesthesiologists é de duas horas.”
Apesar dessa indicação, a enfermeira, que participa de um grupo de pesquisa (GPS) que estuda a sede de pacientes tanto no pré quanto no pós-operatório, garante que grande parte das equipes de saúde, públicas e privadas, costuma usar medidas não padronizadas e muitas vezes ineficazes para resolver a questão da sede nesses pacientes. Muitas vezes são “mantidos em jejum de sólidos e líquidos por períodos muito maiores do que o recomendado. Isso porque não existem protocolos bem definidos sobre tempos menores de jejum. O jejum de água torna o momento ainda mais estressante”.
Em salas pré-operatórias, um tipo de picolé com sabor mentolado diminuiu o desconforto da sede causada pelo jejum em pacientes que aguardavam cirurgia. A enfermeira Patrícia Aroni utilizou uma receita, com pequenos ajustes na fórmula, já utilizada após cirurgia bariátrica, para testes em pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP. A pesquisadora estudou sua receita mentolada em pacientes que passam por longos períodos de jejum antes dos procedimentos cirúrgicos.
Na pesquisa, Patrícia ofereceu o picolé para 20 pessoas no pré-operatório, enquanto outras 20 receberam apenas o padrão de rotina nesses casos. Após analisar os dois grupos de pacientes, a pesquisadora verificou que, ingerida três horas antes da cirurgia, a fórmula gelada diminuiu significativamente a intensidade e o desconforto da sede.
Esses resultados foram observados após 20 minutos do término da degustação. Ao tomar apenas uma unidade do sorvete, o paciente ficou satisfeito e não solicitou maiores volumes de líquido. O conforto verificado, segundo Patrícia, faz do picolé mentolado uma alternativa viável, de baixo custo e de boa aceitabilidade. E, também, “faz refletir sobre a necessidade de se olhar para a prática clínica e visualizar o que poderíamos fazer para melhorar a qualidade no cuidado prestado. Esse estudo quebra o paradigma de que o paciente cirúrgico precisa passar sede para ter uma cirurgia segura”.
Pacientes no pré-operatório são mantidos em jejum de líquidos e sólidos. A medida é de segurança contra o risco do conteúdo gástrico ser aspirado durante a anestesia; mas cada alimento necessita de um tempo de jejum diferente. “No caso da água, o tempo de jejum recomendado pela organização científica American Society of Anesthesiologists é de duas horas.”
Apesar dessa indicação, a enfermeira, que participa de um grupo de pesquisa (GPS) que estuda a sede de pacientes tanto no pré quanto no pós-operatório, garante que grande parte das equipes de saúde, públicas e privadas, costuma usar medidas não padronizadas e muitas vezes ineficazes para resolver a questão da sede nesses pacientes. Muitas vezes são “mantidos em jejum de sólidos e líquidos por períodos muito maiores do que o recomendado. Isso porque não existem protocolos bem definidos sobre tempos menores de jejum. O jejum de água torna o momento ainda mais estressante”.
Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Sabor e aroma de frescor na boca
O estudo comparou o conforto e desconforto da sede no pré-operatório de 40 pacientes, utilizando escalas de intensidade cientificamente aprovadas e que garantiram a coleta de informações antes e após a degustação do sorvete. Como resultado final, Patrícia concluiu que o picolé mentolado é uma boa estratégia para matar a sede.
A enfermeira conta que outras formas de manejo da sede já foram testadas, como o creme mentolado, o picolé de gelo e a goma de mascar. Mas, para o pré-operatório, o picolé mentolado foi testado pela primeira vez na realidade nacional. “Devido às características de temperatura e sabor, o picolé mentolado tem potencial para ser melhor aceito entre os pacientes no pré-operatório. Além de ser uma estratégia fria, que sabidamente proporciona maior alívio da sede, ele tem sabor e aroma que auxiliam no refrescamento de cavidade oral.”
O uso do picolé mentolado no centro cirúrgico está em implementação no Hospital Universitário de Londrina, que já se prepara para o treinamento de sua equipe de saúde. Além dessa instituição, a ideia é divulgar os resultados da pesquisa para mais instituições. No dia 26 de março, a orientadora do estudo, professora Cristina Maria Galvão, da EERP, apresentará os resultados do estudo no AORN Global Surgical Conference & Expo 2018, em Nova Orleans, Estados Unidos.
Sabor e aroma de frescor na boca
O estudo comparou o conforto e desconforto da sede no pré-operatório de 40 pacientes, utilizando escalas de intensidade cientificamente aprovadas e que garantiram a coleta de informações antes e após a degustação do sorvete. Como resultado final, Patrícia concluiu que o picolé mentolado é uma boa estratégia para matar a sede.
A enfermeira conta que outras formas de manejo da sede já foram testadas, como o creme mentolado, o picolé de gelo e a goma de mascar. Mas, para o pré-operatório, o picolé mentolado foi testado pela primeira vez na realidade nacional. “Devido às características de temperatura e sabor, o picolé mentolado tem potencial para ser melhor aceito entre os pacientes no pré-operatório. Além de ser uma estratégia fria, que sabidamente proporciona maior alívio da sede, ele tem sabor e aroma que auxiliam no refrescamento de cavidade oral.”
O uso do picolé mentolado no centro cirúrgico está em implementação no Hospital Universitário de Londrina, que já se prepara para o treinamento de sua equipe de saúde. Além dessa instituição, a ideia é divulgar os resultados da pesquisa para mais instituições. No dia 26 de março, a orientadora do estudo, professora Cristina Maria Galvão, da EERP, apresentará os resultados do estudo no AORN Global Surgical Conference & Expo 2018, em Nova Orleans, Estados Unidos.
Receita ativa impulso nervoso que sacia a sede
O picolé mentolado utilizado na pesquisa é uma formulação de 30 mililitros (ml), congelada no palito e feita com mentol dissolvido em álcool de cereais, água ultrafiltrada e sacarina (um tipo de açúcar). O congelado tem gosto e aroma parecidos com uma bala de menta e é ingerido pelos pacientes três horas antes da cirurgia.
Patrícia explica que substâncias frias e mentoladas ativam um receptor de temperatura que fica na cavidade bucal. “Esse receptor, quanto ativado, envia uma mensagem à região cerebral relacionada ao alívio da sensação de sede.” Como se trata de um impulso nervoso, o paciente não precisa ingerir grandes quantidades para matar a sede. “Aí entra a vantagem do picolé mentolado, em que pouca quantidade dá a sensação de saciedade da sede. Não é preciso, por exemplo, de um copo de água.”
Foto: Arquivo Pessoal
Fatores emocionais também contribuem para a intensificação da sede desses pacientes: “A ansiedade pré-operatória causa o ressecamento da cavidade oral e consequente liberação do hormônio antidiurético, o principal hormônio relacionado à sede”, explica. Uma vez que a sede pode ser causada também por conta da ansiedade, o paciente pode sentir sede mesmo não necessitando de água.
A tese O uso do picolé mentolado para manejo da sede do paciente no pré-operatório: ensaio clínico randomizado, foi defendida na EERP em dezembro de 2017, sob a orientação da professora Cristina Maria Galvão e com co-orientação da professora Lígia Fahl Fonseca.
Stella Arengheri, de Ribeirão Preto
Mais informações: e-mail aronipatrícia@gmail.com
Fatores emocionais também contribuem para a intensificação da sede desses pacientes: “A ansiedade pré-operatória causa o ressecamento da cavidade oral e consequente liberação do hormônio antidiurético, o principal hormônio relacionado à sede”, explica. Uma vez que a sede pode ser causada também por conta da ansiedade, o paciente pode sentir sede mesmo não necessitando de água.
A tese O uso do picolé mentolado para manejo da sede do paciente no pré-operatório: ensaio clínico randomizado, foi defendida na EERP em dezembro de 2017, sob a orientação da professora Cristina Maria Galvão e com co-orientação da professora Lígia Fahl Fonseca.
Stella Arengheri, de Ribeirão Preto
Mais informações: e-mail aronipatrícia@gmail.com
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