quinta-feira, 15 de março de 2012

Babosa


No Brasil, a babosa é encontrada quase que somente nos jardins, e suas folhas são retiradas com freqüência para “fortalecer” os cabelos. A rusticidade e a longevidade são algumas de suas vantagens entre as outras ornamentais, mas nada de irrigá-la ou adubá-la no inverno, estação em que está quase que hibernando, não devendo ser nutrida nem receber água.
O seu nome científico mais conhecido é Aloe vera L. (sinônimo Aloe barbadensis Miller), talvez um dos nomes oficiais mais conhecido pela população. Apesar da maioria da população brasileira conhecer no máximo duas espécies, há cerca de 600 espécies de aloés conhecidas e desse total, somente três ou quatro apresentam propriedades medicinais comprovadas cientificamente, sendo uma delas a A. vera, a de maior interesse terapêutico e nutricional. O nome Aloe, do árabe Alloeh, significa substância amarga, e a palavra vera, em latim, significa verdadeira.
É uma planta de aproximadamente 60 cm de altura, com caule curto, achatado e grosso; suas folhas são suculentas e as flores são de cor laranja ou amarela. O uso terapêutico da babosa data de milhares de anos, desde os povos antigos, como gregos, judeus, egípcios, árabes, africanos, europeus e, mais recentemente povos do continente americano.
Se por um lado os brasileiros não estão familiarizados com o uso da babosa, além das tradicionais receitas caseiras para uso capilar; por outro lado, os europeus, os japoneses, os russos, os mexicanos e os americanos, além de outros povos, usam a babosa corriqueiramente, inclusive como saladas no Japão e no México.
É uma das espécies mais analisadas na ciência em função, por exemplo, de seus reconhecidos usos na dermatologia e em tumores cancerígenos, e na medicina veterinária também tem se mostrado eficiente na cicatrização de determinados ferimentos.
São vários os usos populares da babosa como, por exemplo, para cortes, queimaduras, picadas de insetos, hematomas, acne e manchas, pancadas, lesões de pele ulceradas, eczema e queimaduras de sol. É utilizada pela população também para problemas estomacais, úlceras, prisão de ventre, hemorróidas, coceira retal, colite e todos os problemas de cólon.
Cientificamente, a importância medicinal desta espécie está no fato de terem sido descritos mais de 70 diferentes compostos biologicamente ativos, com propriedades antioxidantes, antiinflamatórias, anticarcinogênicas, antidiabéticas, imunoestimulantes, dentre outras. Também foi identificada a ação antimicrobiana sobre bactérias e fungos.
Pesquisas indicam que as aloínas, suas principais substâncias, e a mucilagem constituída do polissacarídeo aloeferon são os principais responsáveis pela ação cicatrizante.
Nas últimas décadas vem sendo estudada como fonte de novos princípios ativos, na forma de moléculas capazes de ter uma ação imunoreguladora, tendo já sido testada com êxito em pacientes com AIDS, como é o caso do acemanan, um polissacarídeo imunoestimulante. Comprovadamente, é um extraordinário imunoestimulante, já comprovado nos Estados Unidos pela FDA (Food and Drug Administracion).
Na sua casca, encontra-se a seiva que é rica em aloína, alantoína e antraquinonas, que são excelentes cicatrizantes. O extrato aquoso da folha de Aloe vera mostrou atividades hipoglicêmica em ratos com diabetes tipo 1 e 2, apresentando maior atividade no diabetes tipo 2 do que a glibenclamida.
Mas cuidado com seu uso sem acompanhamento médico, pois xaropes e outras preparações da planta, se ingeridos em doses elevadas, podem causar nefrite aguda grave. Os componentes da casca como aloína, alantoína e antraquinonas, tem efeito catártico, e para algumas pessoas pode afetar os rins, motivo pelo qual a casca da babosa ou a seiva não devem ser usadas internamente.
Devido possuir inúmeras aplicações, nos mais variados segmentos das indústrias farmacêuticas, de cosméticos, alimentos e de ornamentação, a demanda por matéria-prima desta espécie, com alta qualidade, é crescente e o aumento da oferta requer expansão significativa nas áreas de cultivo.

Texto do autor publicado no site http://jornalinoff.com.br/

Um comentário:

  1. Seu uso em animais já demonstrou eficácia para cicatrizar feridas cutâneas, por manter hidratado o local e permitir boa reepitelização.

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