Antigamente, era bem mais fácil de encontrá-la nos
quintais, onde se destacava pelo aroma característico e apreciado por muitos.
Alguns mascavam suas folhas para obter hálito agradável, outros colocavam
apenas algumas folhas no copo com água para obter um sabor diferenciado e
refrescante.
Fácil de ser colhida e de preparar o chá na forma de
“abafado”, que acompanhava as broas e os pães caseiros. Bastava iniciar a
fervura da água, desligar o fogo, colocar um punhado de folhas, tampar e
esperar por alguns minutos. Com este “café” da tarde, as conversas ao redor da
mesa fluíam na calmaria, sem as interrupções da televisão, e a noite chegava e
recebia as pessoas mais dispostas.
Mas onde nasce e se desenvolve suas folhas caem e se
não forem retiradas, acabam por esterilizar o solo devido ao óleo volátil
liberado, inviabilizando-o até para a própria planta. Esta foi uma das razões
de seu sumiço na maioria das casas, além da perda do hábito de cultivar
temperos e hortaliças nos quintais. O texto se refere a uma das plantas mais
conhecidas e usadas pela população, a hortelã-rasteira, hortelã-de-panela,
hortelã-de-cozinha, hortelã-da-folha-miúda ou até hortelã-comum. É tão comum no
Brasil que em algumas regiões a denominam até de hortelã-do-brasil, mas sua
origem é a Europa.
Esta planta é resultado do cruzamento de duas outras
mentas, a Mentha spicata e a Mentha suaveolens.
Por ser um híbrido, recebe o nome científico de Mentha x villosa e
encontramos com frequência nos textos e artigos científicos também Mentha
crispa, que é considerado nome mais antigo.
Uma das justificativas de encontrarmos tanta variação
de hortelãs, em todo o mundo, é porque há grande facilidade de cruzamento entre
espécies do gênero Mentha e que ocorre tanto naturalmente quanto por
meio da intervenção do ser humano. Encontramos variedades denominadas, por
exemplo, hortelã-chocolate, hortelã-lima ou hortelã-banana.
Com relação aos usos medicinais comprovados da
hortelã-rasteira, é uma das campeãs em eficiência contra amebas causadoras de
doenças como a Entamoeba histolytica e giárdias, sendo que ambas
podemos pegar pela ingestão de água ou alimentos contaminados. A sabedoria dos
nossos antepassados estava correta ao recomendar hortelã com mel contra estes
protozoários. Na medicina popular também é usada como antiparasitária,
antibacteriana, contra gases e sedativa.
Antigamente, era comum colocar suas folhas trituradas
no leite para tratamento de verminoses em crianças, mas uma confusão quanto ao
uso ocorre com relação ao controle específico da lombriga, Ascaris
lumbricoides, pois a estudada cientificamente é a hortelã-pimenta, Mentha x piperita,
que paralisa o desenvolvimento dos ovos deste verme. Mas temos que ter cuidado,
pois há muitas variedades da hortelã-pimenta e com composições bem diferentes.
Os animais, quando acometidos por vermes,
instintivamente, se alimentam da planta. Quanto ao uso na veterinária, em
algumas regiões é comum misturar a hortelã-comum na ração visando controle de
vermes. É distribuída em todo o mundo e apresenta grande importância industrial
e econômica em produtos como, por exemplo, cosméticos, alimentos e condimentos.
Também não podemos confundir e achar que é a principal fornecedora do mentol,
princípio ativo presente, por exemplo, em balas e pasta de dente, pois há mentas
especializadas na produção desta substância.
Esta hortelã é perene, com altura que pode alcançar
no Vale do Paraíba, até 40 cm ,
suas folhas possuem pilosidade, indicativo de que é tão exigente em água quanto
aparenta, mas se desenvolve bem quando o solo é bem solto e rico em matéria
orgânica. Sua reprodução pode ser por semente, mas é facilmente propagada por
estacas de seus ramos. No verão é mais aromática porque produz o óleo para
proteção contra os raios solares e calor excessivo. Suas flores são de coloração
lilás ou branca, reunidas nas axilas da folhas e também possuem pelos
glandulares, que liberam o aroma característico.
Na culinária é versátil, serve como ornamento nos
pratos; vai muito bem com abacaxi em sucos ou em doces, parceria que resulta na
melhora do sistema digestório; é comum em pratos árabes, como nos quibes;
colabora com seu sabor em molhos; tempera carnes, inclusive de cordeiro ou
carneiro, e vai até em sopas, doces e cremes.
Texto
do autor publicado no site: http://jornalinoff.com.br/
O famoso chazinho da vovó, que antigamente tinham em quintais; o hortelã por exemplo!
ResponderExcluirLembrando, que hoje em dia, quem ter uma horta caseira com várias ervas, hortaliças, etc, está com uma chave de ouro para pesquisa de natureza científica e tecnológica,trazendo também um resgate popular e tradicional.
Prof. Furlan, muito bom o texto, quantas pesquisas, já temos do hortelã!
Olá! Seus comentários são nutrientes para o blog. Pena que hoje não é tão comum encontrar essa hortelã nos quintais, ao contrário de antigamente. Além do uso na culinária, suas ações antimicrobianas e contra protozoário já são comprovadas.
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