Nas regiões de clima mais frio no Brasil, tanto em
jardins quanto em terrenos baldios, podemos encontrar uma espécie que tem jeito
de ornamental, mas por crescer espontaneamente deixa muitos
desconfiados de que não serve para muita coisa, e até a classificam como planta
daninha. E como no meio de outras plantas espontâneas ou invasoras não são
realçadas suas belas flores, acaba passando despercebida por muitos. Inclusive,
há algumas décadas atrás era até considerada planta tóxica e, com isso, ficava
no meio das outras sem ser coletada.
Depois começou a ser assunto de programas de
televisão, de jornais e revistas das áreas da alimentação e da saúde. Mesmo
sendo comum na culinária europeia, também passou a ser vista em pratos
sofisticados nos restaurantes brasileiros, e ainda muitos desconfiando se era
só enfeite ou se poderia comer.
Esta espécie denominada cientificamente por Tropaeolum
majus, recebe os nomes populares capuchinha, chagas, chagas-de-cristo,
chaguinha, alcaparras-brasileiras, alcaparra-de-pobre, mastruço-do-peru,
papagaios, flor-de-sangue e agrião-do-méxico, e apesar de ser originária,
segundo alguns autores, do Peru, da Colômbia e do México, no Brasil se
desenvolve sem ser cultivada em Estados como Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul, e nos municípios de clima mais ameno no Estado de São Paulo.
Destaca-se pela sua ampla variedade de aplicações,
com usos na culinária como condimento ou na salada, como ornamental, no auxílio
no controle de pragas no cultivo de plantas, nas indústrias de cosmético e de
fitoterápicos.
Entre as suas características botânicas, são
exemplos: planta que vive com ciclo menor que um ano, com caules e ramos
suculentos e que se alastram com facilidade; suas folhas são arredondadas, com
coloração azul-esverdeada, presas pelo centro das partes inferiores dos talos;
as flores são vistosas, afuniladas, com coloração que varia de amarelo a
vermelho escuro; e o fruto é formado por 3 aquênios pequenos de coloração
esverdeada. Há capuchinhas com flores com coloração azulada e outras com
raízes tuberosas que servem como alimento, mas que não são encontradas no
Brasil.
Pode ser plantada por sementes ou mudas produzidas a
partir de estacas do caule. Se for fazer uma plantação coloque uma distante 50 cm da outra, e com o tempo
elas se juntam. Em locais mais quentes, a capuchinha definha no verão se for
cultivada a pleno sol, e não tolera falta de água.
Toda a sua parte aérea é considerada comestível,
incluindo folhas, flores, frutos verdes e até os talos. O sabor das folhas e
flores da capuchinha lembra o agrião. As flores possuem vários pigmentos
naturais do grupo dos carotenóides, sendo que uma alimentação rica em alimentos
com estas substâncias pode contribuir para o fortale cimento do sistema
imunológico e até prevenir doenças degenerativas da visão, como a catarata e a
degeneração macular. As folhas e as flores são consideradas fontes de vitamina
C, o que foi confirmado nas nossas pesquisas.
Tanto os botões florais e frutos verdes quanto as
flores, são preparados em conservas com vinagre e sal. Apesar de bastante
consumidos na Europa, no Brasil ainda não é comum o consumo da planta nesta
forma. Além de uso na culinária, há significativo número de referências
sobre seus usos medicinais, apesar de que muitas pesquisas ainda estão no
estágio de testes com cobaias ou em laboratórios. Mas
há substâncias com atividade antiviral para herpes simplex I e II,
antimicrobiana e antitumoral.
O óleo produzido pelas sementes é conhecido no mundo
inteiro como óleo de Lorenzo, recomendado para o tratamento da
adrenoleucodistrofia (ADL), desordem genética que resulta na degeneração
progressiva do sistema nervoso e afeta principalmente crianças de 5 a 10 anos de idade. A
substância responsável pela ação é o ácido erúcico, presente em quase toda a
planta.
Também há referências como antiescorbútica, tônica,
expectorante, purgante, antiespasmódica, desinfetante das vias urinárias,
digestiva e antidepressiva, mas muitas destas ações ainda não foram
comprovadas.
Na horta, a planta é considerada companheira para
cultivo com outras espécies, principalmente couve e brócolis, pois atrai
lagartas e ajuda a repelir pulgões e besouros. É usada na cosmética, como
ingrediente principal de xampus recomendados para a queda de cabelo, e por
atrair grande quantidade de abelhas, é considerada uma planta melífera.
Texto
do autor publicado no site: http://jornalinoff.com.br/
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