terça-feira, 18 de setembro de 2012

Portugal: hortas sociais, o regresso à agricultura nas cidades

Reportagem e foto de Vanessa Colaço
vanessa.acolaco@gmail.com

Enquanto prepara o terreno para plantar hortaliças, Manuel perde-se em memórias de infância que surgem ao ver uma criança de meses que se embrenha na terra em brincadeiras. Estamos nas Bio Hortas Urbanas de Almeirim um espaço que reúnem gerações.

Candidataram-se ao programa e, agora que receberam uma horta para cultivar, partilham a tarefa com familiares e amigos num total de cerca de 150 pessoas envolvidas no cultivo das 60 hortas, só no município de Almeirim. Os números demonstram um claro interesse pela agricultura em conselhos urbanos historicamente ligados à atividade, mas onde atualmente esta constitui apenas uma pequena parte da ocupação laboral, com a predominância dos setores secundário (indústria) e terciário (serviços).

Cartaxo, Rio Maior, Almeirim e Santarém são exemplos de concelhos que abraçaram este projeto de desenvolvimento sustentável que visa o aproveitamento de espaços na periferia ou centro das cidades.

No passado mês de abril, a iniciativa arrancou na zona norte da cidade de Almeirim onde uma área de 1.516m2 foi dividida em 60 lotes distribuídos gratuitamente. Para que a exploração fosse feita à luz da agricultura biológica foram organizadas quatro sessões de formação, em sala e no terreno, um complemento educativo que surgiu da parceria entre a Câmara Municipal e a Agrobio – Associação Portuguesa de Agricultura Biológica.

Meses depois, o conceito deu frutos no concelho do Cartaxo, por iniciativa da Eco Cartaxo – Movimento Alternativo Ecologista, e começaram a ser cultivados na Quinta das Pratas, inicialmente, 14 talhões. Os valores do campo foram redescobertos e a adesão dos habitantes foi uma boa surpresa para os seus empreendedores. Rapidamente, foram preenchidos os 22 espaços disponíveis, atingindo-se os 100% de ocupação. Estima-se que estejam envolvidas nesta iniciativa entre 50 a 60 pessoas, que perfazem um grupo heterogéneo englobando diferentes níveis sociais, de formação e faixas etárias, à semelhança do que acontece nas restantes hortas da região. O fim primordial dos alimentos é o consumo familiar, apesar de ser permitida a comercialização dos produtos.

Em Rio Maior, a iniciativa avançou com a distribuição de 31 talhões, dos 44 disponíveis. O terreno com cerca de 1.800m2 dispõe de abastecimento de água, uma zona de compostagem e arrumos.

A antiga Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, foi o primeiro local a receber um projeto desta natureza. Levado a cabo pela Casa Solidária das Artes e Ofícios, o projeto, na altura pioneiro, data de 2011.

Ao contrário dos exemplos anteriores, as hortas foram criadas estritamente numa prestativa de apoio social a famílias afetadas pelo desemprego ou em situação de carência socioeconómica. Aqui encontraram uma ocupação que ajuda a manter hábitos de trabalho e proporciona a aquisição de competências profissionais, no âmbito da agricultura tradicional. Têm neste momento 8 talhões ocupados, bem como laranjeiras e limoeiros a serem cultivados no espaço comunitário. Os 22 lotes ainda disponíveis aguardam a ocupação e exploração por parte de famílias em dificuldades interessadas na atividade agrícola.



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