terça-feira, 27 de novembro de 2012

Ciência e medicina popular juntas em busca da cura com ervas da Amazônia

Juçara Menezes - jornalismo@portalamazonia.com
Unha de gato, jatobá, chichuá e urapuama, além do uxi amarelo, são plantas com mais de 50 anos de pesquisa. Foto: Juçara Menezes/Portal Amazônia

MANAUS – A cada ano, o conhecimento dos povos indígenas da Amazônia transforma-se em medicamentos e cosméticos. Unha de gato, jatobá, chichuá e urapuama, além do uxi-amarelo, são plantas com mais de 50 anos de pesquisa. Atualmente, o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) transforma o que foi estudado em mudas, plantando em um campo localizado no interior de Manaquiri (Amazonas) para a produção de medicamentos.

O pesquisador titular do Inpa e especialista em botânica econômica, Juan Revilla, estima que, para cada quilo de casca de determinadas plantas (que custa de R$ 5 a R$ 10), o rendimento pode variar entre R$ 25 e R$ 100. O uso do uxi-amarelo para inflamações no trato uterino – já amplamente utilizado pelas amazonenses – pode render até 1000% na indústria farmacêutica.

Em Manaquiri, os produtores serão treinados para extrair sem destruir, além de cuidar, plantar e reflorestar. A capacitação, que deve ocorrer até março de 2013, pretende habilitar 1.860 produtores das 62 comunidades do município. “A indústria farmacêutica gosta de encontrar o princípio ativo para produção em escala, mas nem sempre é possível. Por isso, não encontramos no mercado uma planta que fortaleça o sistema imunológico. Quando não conseguem sintetizar, abandonam o projeto. Daí a importância da planta medicinal como medicamento como um todo”, afirmou o pesquisador.
Cavalinha auxilia no trato urniário. Foto: Juçara Menezes/Portal Amazônia

Comércio no Centro

A necessidade sobre o conhecimento dos fitoterápicos fez a vendedora de plantas medicinais Sônia Maria passar duas semanas em aldeias indígenas. Com a tribo do Rio Jatapu (em Canauebe) e do Rio Anauá (em São José do Aruá), a autônoma aprendeu detalhes sobre as raízes e árvores amazônicas.

“É necessário conhecer o produto que vendemos. Como tratamos de saúde, isso é um assunto muito sério. As pessoas acreditam no poder das plantas. Homens e mulheres compram para si e os filhos, pais e amigos. E sempre retornam porque o fitoterápico funcionou”, assinalou a autônoma.

Com uma barraca próximo ao Mercado Municipal Adolpho Lisboa (Centro de Manaus), Sônia afirma ter sido procurada por um homem com pedras nos rins. Após tomar o chá feito de cavalinha, ele teria expelido três pedras.

De acordo com a autônoma, as plantas mais vendidas são a unha de gato (para o fortalecimento do sistema imunológico), uxi-amarelo e o ‘quebra-pedra’, que auxilia no trato urinário e ajuda com a diabetes.

Quem concorda com Sônia são os irmãos Ageu Favacho e Jucilene da Rocha. Eles têm uma banca na Avenida 7 de setembro (também no Centro da capital) e garantem que as raízes e folhas amazônicas funcionam como medicamento natural. “As mulheres procuram mais por uxi-amarelo, devido ao trato uterino. A planta cura até mioma. Já os homens buscam por raízes para ajudar ou evitar os problemas na próstata. Para as crianças, o que mais sai são a camomila (calmante natural) e o eucaplito, muito usado na constipação nasal”, salientou Jucileide.
Saragura-mirar. Foto: Juçara Menezes/Portal Amazônia

Estimulantes sexuais

O pesquisador Juan Revilla confirmou ao portalamazonia.com os efeitos energéticos do chichuá. A planta é um energético natural, pois fortalece o sistema cardiorespiratório. Mas os vendedores das folhas e raízes in natura garantem outra vantagem: a estimulação sexual.

O autônomo Josafá de Oliveira afirma que tanto o chichuá quanto a saragura mirar combatem a fraqueza sexual e até a frigidez. “As mulheres acima de 20 anos são as nossas clientes mais fieis. Elas compram não apenas para si, mas para toda a família. Sabemos que médicos também receitam plantas medicinais”, ressaltou.

Data: 26.11.2012
Link:
http://www.portalamazonia.com.br/editoria/atualidades/medicamentos-com-plantas-amazonicas-estimam-renda-de-1000-na-industria/

Nenhum comentário:

Postar um comentário