Texto: Raquel Marçal, de Curitiba |18 de dezembro de 2012
Pesquisadora desenvolve um macarrão enriquecido com a farinha do cereal obtida de restos da extração do óleo
Os nutricionistas sempre dizem: para aproveitar as inúmeras qualidades da linhaça (Linum usitatissimum), e desfrutar de todos os seus benefícios, temos de inclui-la no dia a dia. As recomendações diárias variam de 25 a 45 gramas e o jeito mais prático de incorporar a semente à dieta é salpicar a farinha da linhaça sobre saladas ou misturada a sucos e iogurtes. Mas a física Márcia Lage de Oliveira, do Centro de Energia Nuclear da Agricultura (Cena) da Universidade de São Paulo, em Piracicaba, criou mais uma alternativa.
Fã da semente, Márcia fez da linhaça o tema de seu doutorado. O objetivo era de algum jeito aproveitar, na alimentação, os resíduos da extração do óleo da semente, que geralmente vão parar na indústria de tintas. E foi de restos de linhaça marrom, que é produzida no Brasil e não importada como a dourada, que ela fez uma farinha, devidamente esterelizada e livre das impurezas da máquina extratora. “Em termos nutricionais essa farinha não difere em nada da obtida quando batemos a semente no liquidificador”, esclarece Márcia. Ou seja, estão ali as proteínas, fibras, minerais e vitaminas que fizeram a boa fama da linhaça. “Ela também contém bastante ômega 3 e ômega 6, apesar de a maior parte do óleo ter sido extraído”, explica Márcia, referindo-se aos dois ácidos graxos responsáveis pela diminuição do mau colesterol, responsável pelo entupimento das artérias.
A história, no entanto, não termina aí. Com a farinha, a pesquisadora desenvolveu um macarrão enriquecido, que é não só mais nutritivo como carrega outra qualidade super bem-vinda. “Por causa da adição da linhaça o macarrão ficou 20% menos calórico”, afirma Márcia. E tem mais: a massa sacia mais rápido. “Alguém que precise de 100 gramas de macarrão comum, sem molho, para ficar satisfeito vai precisar de menos de 70 gramas de macarrão com linhaça”, compara. Isso acontece porque a linhaça é rica em fibras, que aumentam a sensação de saciedade, e ainda é cheia de substâncias que estimulam a produção do hormônio controlador do apetite.
A preparação da massa é igual à do macarrão convencional e o sabor também é semelhante ao original. Segundo a pesquisadora, a farinha também pode ser usada no preparo de pães e tem validade maior já que, por ter menos óleo, não tende a apresentar o ranço que depois de um tempo acomete a farinha de linhaça feita com a semente.
Agora é torcer para que tanto a farinha quanto o macarrão amigo das dietas possam chegar logo ao mercado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário