Texto: Raquel Marçal, de Curitiba |17 de dezembro de 2012
Está comprovado: o hibisco mantém a pressão arterial sob controle e ainda é um baita alimento funcional
Flor tropicalíssima com fãs no mundo todo, o hibisco enfeita quintais, jardins e calçadas de norte a sul do Brasil. Por aqui ele é conhecido por diversos nomes: azedinha, caruru-azedo, pampulha, rosélia, vinagreira…E são muitas também as espécies dessa planta, que tem dezenas de parentes no gênero Hibiscus. A variedade mais estudada é a Hibiscus sabdariffa (foto), que é bem diferente da Hibiscus rosa-sinensis, a espécie ornamental tão vista pelo País. Na medicina tradicional, a primeira é usada como diurético, para tratar desconfortos gastrointesinais, infecções, febre e hipertensão.
A capacidade do Hibiscus sabdariffa de manter a pressão arterial sob controle já foi comprovada em experimentos realizados nos Estados Unidos e também no México, onde a flor é sinônimo de remédio desde os tempos coloniais. Há alguns anos, cientistas do Centro de Investigacíon Biomédica del Sur, do Instituto Mexicano do Seguro Social (IMSS), dedicam-se ao estudo da espécie. Segundo o pesquisador Armando Herrera, do IMSS, a ação diurética é um dos motivos que explicam por que a planta funciona. “Os medicamentos diuréticos diminuem o volume sanguíneo e a pressão arterial”, disse à Revista Herbarium. “Mas ainda não sabemos quais são as moléculas responsáveis pela atividade diurética do extrato da H. sabdariffa“, completa. O outro motivo é a presença de um flavonoide chamado antocianina. Além de serem responsáveis pela coloração da flor, essas substâncias – também presentes nas frutas vermelhas – são antioxidantes (barram a produção de radicais livres) e atuam como vasodilatadores, o que ajuda a aliviar a pressão nas artérias.
Em dois testes clínicos – ou seja, feitos com pacientes – os pesquisadores mexicanos resolveram comparar a eficácia da planta (bem como a tolerância dos pacientes ao tratamento com ela) à ação do captropril e do lisinopril. Ambos são fármacos que inibem a ação de enzimas presentes na corrente sanguínea envolvidas no aumento da pressão arterial e são tradicionalmente usados no tratamento da hipertensão. Nos dois comparativos, os extratos padronizados da Hibiscus sabdariffa, contendo uma quantidade específica de antocianinas, mostraram-se tão bons quanto as duas drogas sintéticas.
O poder anti-hipertensivo do hibisco foi confirmado ainda por outra pesquisa, esta feita na Universidade de Tufts (EUA). Em um experimento, 65 pessoas hipertensas ou com tendência à hipertensão, entre 30 e 70 anos, foram divididas em dois grupos. Metade consumiu o chá de hibisco três vezes ao dia, durante seis semanas e obteve uma redução significativa na pressão sanguínea (de 7,2 mmHg na pressão sistólica, a máxima, e de 3,1 mmHg na pressão diastólica, a mínina).
O objetivo de quem investiga a planta é também poder desenvolver produtos alimentícios funcionais, como gelatinas, doces, geleias e chás com efeito anti-hipertensão, além de corantes naturais para substituir os atualmente usados pela indústria.
Há inclusive trabalhos brasileiros que credenciam o hibisco a turbinar alimentos. Segundo pesquisa realizada na Universidade Federal do Maranhão, o hibisco é uma das maiores fontes vegetais de ferro e o consumo de 100 gramas da folha representa a ingestão de 57,14% das necessidades diárias do mineral. Lá, espécie é conhecida como vinagreira e virou ingrediente de pratos típicos, como o arroz de cuxá. Além do ferro, a vinagreira se mostra uma boa fonte de fibras, dado importante para quem precisa regular o intestino ou perder peso.
Outros estudos também mostraram que a planta destaca-se pela quantidade de cálcio: são 659 miligramas do nutriente por 100 gramas do vegetal, concentração superior ao que geralmente é encontrado em hortaliças. Já o cálice da espécie possui a maioria dos aminoácidos essenciais, ou seja, que não são sintetizados pelo corpo e precisam ser consumidos pela alimentação. Bonito e funcional. Assim é o hibisco.
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