quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Cerrado: devastação prejudica estudo sobre biodiversidade

São Paulo, dez.2012 (Agência Prodetec) – Muitas espécies de plantas do cerrado correm risco de extinção antes mesmo de serem estudadas ou reconhecidas como fontes de substâncias farmacológicas, por exemplo.

A advertência é da química Juliana Rodrigues, do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista, campus de Araraquara, ao divulgar sua tese de doutorado na qual analisou o potencial terapêutico de plantas desse bioma brasileiro e a sua utilização segura.

Segundo ela, atualmente fazendo pós-doutorado na Universidade Estadual do Paraná, muitas plantas usadas pela população carente para curar diversas doenças ainda estão por ser estudadas em ternos químicos e farmacológicos.

O seu trabalho concentrou-se nas espécies Miconia rubiginosa e Miconia stenostachya, a primeira comumente usada pela população no combate a infecções na garganta. A segunda, pela semelhança com a primeira, pode ter a mesma utilidade, esclarece a química, cujo trabalho confirma o potencial fitoterápico das duas plantas e a garantia de uso sem riscos.

Potencial químico

Vale salientar que essa preocupação é recorrente no mundo acadêmico e de especialistas no bioma cerrado, sabidamente rico, mas pouco explorado, embora abranja quase um quarto do território nacional. Ainda na penúltima conferência da SBPC (Goiânia, julho/2011), o assunto era muito debatido entre os cientistas tendo um deles, o professor Fernando Batista da Costa, da USP em Ribeirão Preto, chamado a atenção para a diversidade e o potencial químico do cerrado representados por substancias produzidas pela fauna, flora e microorganismos, que podem impactar várias áreas da economia, a exemplo da agropecuária e das indústrias farmacêutica e de cosméticos.

Conforme o pesquisador, responsável pelo projeto "Potencial químico e farmacológico de espécies da família Asteraceae", estudos preliminares revelaram três plantas medicinais dessa família com potencial: Smallanthus sonchifolius (yacón), Tithonia diversifolia (margaridão) e Dasyphyllum brasiliense (espinho-agulha), todas com propriedades anti-inflamatórias, nas também com algum grau de toxicidade.

O passo seguinte seria a realização de estudos multidisciplinares" com o objetivo de se obter perfis metabólicos de diferentes extratos das três espécies, isolar, identificar e quantificar diferentes classes de micromoléculas. Com o material obtido, realizar-se-ão ensaios anti-inflamatórios in vivo e in vitro em diferentes alvos moleculares e celulares para investigar seus mecanismos de ação", explicou.

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