Notícias - Economia
Ter, 01 de Abril de 2014
Alimento mais consumido pelo brasileiro, à frente do arroz e do feijão, o popular cafezinho pode perder o lugar cativo nas mesas de todo o país devido às mudanças climáticas.
Dados da segunda parte do quinto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês), divulgada nesta segunda-feira, revelam que o aumento da temperatura média global pode reduzir as áreas destinadas ao cultivo do grão, especialmente o da variação arábica, que responde por 70% da demanda global.
O impacto seria maior em países como o Brasil, maior produtor e exportador mundial de café.
Hoje, uma a cada três xícaras de café consumidas no mundo é produzida em solo brasileiro.
Outros alimentos, como cacau e chá, também poderiam ser severamente afetados pela onda de calor.
Baseado em uma compilação de estudos já publicados sobre o efeito do aquecimento global na produção de café, o relatório, divulgado nesta segunda-feira em Yokohama, no Japão, aponta que a combinação de altas temperaturas e escassez de recursos hídricos diminuiria consideravelmente o cultivo do grão nos principais Estados produtores no Brasil, como Minas Gerais e São Paulo.
Nesses Estados, diz o IPCC, um aumento de 3ºC na temperatura global reduziria o potencial de cultivo das áreas destinadas ao plantio de café de 70-75% para 20-25%, enquanto que a produção em Goiás seria eliminada.
Em São Paulo, que responde por 10% do total de café colhido no Brasil, o aquecimento global reduziria a produção em 60%, causando perdas equivalentes a US$ 300 milhões (R$ 680 milhões).
"Essa tendência já vem sendo observada nos últimos anos. Entre 1998 e 2008, somente o Estado de São Paulo perdeu 35% de área cultivada com café arábica, a maioria substituídas por seringueira e cana-de-açúcar, que são plantas mais tolerantes ao calor e às estiagens mais longas. Nessas áreas, as temperaturas médias subiram mais de 1,5ºC, afetando diretamente o florescimento (dessas plantas)", afirmou à BBC Brasil Hilton Silveira Pinto, professor da Unicamp e um dos autores do estudo citado no relatório do IPCC.
"Por outro lado, poderá haver um incremento de produção em regiões hoje mais frias, como Paraná, Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, mas esse acréscimo não será capaz de compensar as perdas gerais da cultura", acrescentou ele.
A partir de simulações matemáticas, Silveira Pinto, da Unicamp, e Eduardo Assad, da Empraba, fizeram uma estimativa futura sobre a redução da área destinada ao cultivo do café em dois cenários: um otimista (B2), segundo o qual a temperatura global deve crescer entre 1,4°C e 3,8ºC até 2100, e outro pessimista (A1), que prevê uma onda de calor entre entre 2°C e 5,4ºC no mesmo período.
No primeiro cenário, os pesquisadores estimaram uma queda de 6,75% na área destinada ao cultivo do café até 2020. Mas em 2050, o total de terrenos propícios ao plantio do grão poderia diminuir 18,3%, chegando a 27,6% em 2070.
Nesse contexto, o aquecimento global poderia trazer prejuízos de R$ 600 milhões em 2020, R$ 1,7 bilhão em 2050 e R$ 2,55 bilhões em 2070, acrescentam.
Já no segundo cenário, o mais pessimista, a queda da área de baixo risco começa com 9,48% em 2020, subindo para 17,15% em 2050 e chegando a 33% em 2070, o que representaria um perda de R$ 882 milhões, R$ 1,6 bilhão e R$ 3 bilhões, respectivamente.
Ter, 01 de Abril de 2014
Alimento mais consumido pelo brasileiro, à frente do arroz e do feijão, o popular cafezinho pode perder o lugar cativo nas mesas de todo o país devido às mudanças climáticas.
Dados da segunda parte do quinto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês), divulgada nesta segunda-feira, revelam que o aumento da temperatura média global pode reduzir as áreas destinadas ao cultivo do grão, especialmente o da variação arábica, que responde por 70% da demanda global.
O impacto seria maior em países como o Brasil, maior produtor e exportador mundial de café.
Hoje, uma a cada três xícaras de café consumidas no mundo é produzida em solo brasileiro.
Outros alimentos, como cacau e chá, também poderiam ser severamente afetados pela onda de calor.
Baseado em uma compilação de estudos já publicados sobre o efeito do aquecimento global na produção de café, o relatório, divulgado nesta segunda-feira em Yokohama, no Japão, aponta que a combinação de altas temperaturas e escassez de recursos hídricos diminuiria consideravelmente o cultivo do grão nos principais Estados produtores no Brasil, como Minas Gerais e São Paulo.
Nesses Estados, diz o IPCC, um aumento de 3ºC na temperatura global reduziria o potencial de cultivo das áreas destinadas ao plantio de café de 70-75% para 20-25%, enquanto que a produção em Goiás seria eliminada.
Em São Paulo, que responde por 10% do total de café colhido no Brasil, o aquecimento global reduziria a produção em 60%, causando perdas equivalentes a US$ 300 milhões (R$ 680 milhões).
"Essa tendência já vem sendo observada nos últimos anos. Entre 1998 e 2008, somente o Estado de São Paulo perdeu 35% de área cultivada com café arábica, a maioria substituídas por seringueira e cana-de-açúcar, que são plantas mais tolerantes ao calor e às estiagens mais longas. Nessas áreas, as temperaturas médias subiram mais de 1,5ºC, afetando diretamente o florescimento (dessas plantas)", afirmou à BBC Brasil Hilton Silveira Pinto, professor da Unicamp e um dos autores do estudo citado no relatório do IPCC.
"Por outro lado, poderá haver um incremento de produção em regiões hoje mais frias, como Paraná, Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, mas esse acréscimo não será capaz de compensar as perdas gerais da cultura", acrescentou ele.
A partir de simulações matemáticas, Silveira Pinto, da Unicamp, e Eduardo Assad, da Empraba, fizeram uma estimativa futura sobre a redução da área destinada ao cultivo do café em dois cenários: um otimista (B2), segundo o qual a temperatura global deve crescer entre 1,4°C e 3,8ºC até 2100, e outro pessimista (A1), que prevê uma onda de calor entre entre 2°C e 5,4ºC no mesmo período.
No primeiro cenário, os pesquisadores estimaram uma queda de 6,75% na área destinada ao cultivo do café até 2020. Mas em 2050, o total de terrenos propícios ao plantio do grão poderia diminuir 18,3%, chegando a 27,6% em 2070.
Nesse contexto, o aquecimento global poderia trazer prejuízos de R$ 600 milhões em 2020, R$ 1,7 bilhão em 2050 e R$ 2,55 bilhões em 2070, acrescentam.
Já no segundo cenário, o mais pessimista, a queda da área de baixo risco começa com 9,48% em 2020, subindo para 17,15% em 2050 e chegando a 33% em 2070, o que representaria um perda de R$ 882 milhões, R$ 1,6 bilhão e R$ 3 bilhões, respectivamente.
Brasil
Em 2013, ano considerado de safra curta, a produção total de café no Brasil foi de 2.918.652 quilos, o equivalente a 48,6 milhões de sacas de 60 quilos.
Neste ano, o IBGE prevê um aumento de apenas 0,1% na produção, que deve alcançar 2.922.303 quilos.
No entanto, estima-se que haverá uma redução de 3,2% da área destinada à colheita do café arábica, que responde por dois terços da produção total.
Se a previsão for confirmada, será a primeira vez em mais de 20 anos que não será observada a alternância de safras.
Isto é, safra cheia nos anos pares e safra curta nos ímpares. De 1992 a 2013, a tendência foi observada sem interrupções.
As estimativas já levam em consideração o impacto do clima extremo que atingiu as fazendas de café brasileiras neste ano, depois que uma seca de grandes proporções eliminou 25% das lavouras e forçou 140 cidades a racionar água.
Porém, entidades do setor dizem que as previsões do IBGE estão descoladas do mercado. Segundo elas, a produção será ainda menor do que a prevista pelo instituto, dadas as intempéries relacionadas às mudanças climáticas.
Em 2013, ano considerado de safra curta, a produção total de café no Brasil foi de 2.918.652 quilos, o equivalente a 48,6 milhões de sacas de 60 quilos.
Neste ano, o IBGE prevê um aumento de apenas 0,1% na produção, que deve alcançar 2.922.303 quilos.
No entanto, estima-se que haverá uma redução de 3,2% da área destinada à colheita do café arábica, que responde por dois terços da produção total.
Se a previsão for confirmada, será a primeira vez em mais de 20 anos que não será observada a alternância de safras.
Isto é, safra cheia nos anos pares e safra curta nos ímpares. De 1992 a 2013, a tendência foi observada sem interrupções.
As estimativas já levam em consideração o impacto do clima extremo que atingiu as fazendas de café brasileiras neste ano, depois que uma seca de grandes proporções eliminou 25% das lavouras e forçou 140 cidades a racionar água.
Porém, entidades do setor dizem que as previsões do IBGE estão descoladas do mercado. Segundo elas, a produção será ainda menor do que a prevista pelo instituto, dadas as intempéries relacionadas às mudanças climáticas.
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