Abacate faz bem à saúde e para a balança comercial brasileira
Com uma variedade considerável, com cerca de 150 tipos diferentes, o abacate tem conquistado espaço nas vendas internas. O que tem maior aceitação no mercado brasileiro é o chamado abacate comum ou manteiga, que possui casca verde, fina, mole e de formato piriforme (pêra). É utilizado na culinária nacional preferencialmente em doces, sobremesas, vitaminas ou consumido com açúcar.
Na demanda do comércio exterior, a preferência é pela variedade denominada “avocado” de pequeno tamanho, também conhecida como fuerte (ou strong), que mantém a casca verde mesmo depois de maduro e o “hass”, que também possui casca rugosa como o fuerte,“Brasil ocupa o 7° lugar na produção mundial do abacate.”porém se torna escura quando amadurece e tem um formato mais arredondado. O abacate do tipo avocado é relativamente caro se comparado com o manteiga, e 90% da produção é destinada à exportação. Tanto o avocado quanto o hass possuem alto teor de óleo que varia de 20 a 30%, o que é elevado, em comparação aos 5 a 8% existentes em outros tipos de abacates.
Sua utilização se dá em saladas e pratos salgados, como por exemplo o guacamole que possui menos água em sua polpa tornando-o mais consistente, o que agrada ao paladar do consumidor estrangeiro. Segundo Tiago Carvalho, diretor comercial da Jaguacy Avocado Brasil, a maior empresa brasileira especializada em abacates da variedade hass, “tanto o consumo interno, quanto a exportação tem crescido ano a ano, embora tenhamos aumentado a área plantada, o crescimento em outros países como o Peru, por exemplo, tem superado o Brasil.”
Estatísticas mostram que o Brasil ocupa o 7° lugar na produção mundial do abacate. A produção de mais de 150 mil toneladas em uma área de cultivo aproximada de 11 mil hectares em todo o território, está dividida entre as regiões Nordeste, Sudeste e Sul do País.
De acordo com o conselheiro da Câmara Especializada de Agronomia (CEAGRO) eng. agrônomo Elmano Santos, “as mudanças climáticas repentinas, tais como a seca prolongada e as geadas, podem comprometer a produção em escala. A irrigação pode ser uma solução no período de estiagem. O abacateiro se desenvolve melhor em solos mais profundos, com boa aeração e drenagem”, destacou.
Pragas
Em relação ao combate à praga, Elmano orienta que “é necessário que as árvores estejam a uma altura de 4 metros do solo, o que também favorece a colheita”. A praga mais recorrente é a lagarta (Stenoma catenifer) que penetra nos frutos e provoca podridão, o que deixa o abacate inútil para o comércio e consumo. Já a doença chamada gomose, que ocorre em solos encharcados, ataca o sistema radicular e mata a planta. “Os cultivados em regiões mais frias, com altitudes acima de 1.800 metros, apresentam maior teor de óleo, de acordo com a variedade plantada.”, completa.
Em Brasília, o desenvolvimento de uma nova variedade com o mesmo sabor do avocado, mais apropriada ao gosto do brasileiro, chega a pesar 700 g. “A estimativa de produção do primeiro lote é para daqui a um ano”, afirma Elmano, que também é produtor de abacates.
Enxerto
“No processo de obtenção de mudas mais viáveis, a técnica adequada de enxerto é a clonagem, que mantém as características da variedade reproduzida. Esta técnica consiste em cortar o cavalo ou porta-enxerto, com diâmetro aproximado de um lápis e inserir na fenda um galho previamente cortado em forma de cunha. O enxerto deve ser amarrado com fita plástica e protegido com um saco plástico para evitar a desidratação. Após 45 dias, ocorre a brotação e a muda estará apta para o plantio no campo após mais quatro a cinco meses”, acrescenta o conselheiro.
Benefícios
Eleito o fruto mais nutritivo do mundo pelo Guinnes Book – o Livro dos Recordes, o abacate ganha cada dia mais espaço na culinária brasileira e no exterior. Considerado uma baga, o fruto é rico em ômega 3, vitaminas A, C e E, ácido fólico e potássio, com ação antioxidante e gordura monoinsaturada. É capaz de diminuir o LDL (colesterol ruim) e aumentar o HDL (colesterol bom) no organismo, sendo excelente fonte de fibras e energia.
A extração do óleo do abacate é uma novidade que tem mudado o comportamento do consumidor brasileiro. Seus benefícios nutricionais fazem com que o óleo de abacate seja capaz de conferir efeito de proteção contra os radicais livres – como mostra a pesquisa apresentada no Encontro Anual da Sociedade Americana para Bioquímica e Biologia Molecular, em San Diego (EUA).
O óleo de abacate tem sabor semelhante ao do azeite de oliva e pode ser usado em saladas, sopas, pães, para cozinhar ou fritar alimentos, entre tantas outras opções de uso. Utilizado com preferência em dietas, tem a capacidade de modular o hormônio da compulsão, minimizando assim a vontade de comer. Ajuda também na redução dos triglicérides, prevenindo a cardiopatia.
O óleo não tem contraindicação de uso, tanto que é comercializado em forma de cosméticos, através dos fármacos, na indústria graxa, nos óleos capilares, para tratamento de feridas e manchas na pele, dentre outros. Por ser natural, sem conservantes, com baixa acidez, de acordo com os médicos especialistas, ele pode diminuir as chances de desenvolver diabetes, artrite, catarata e até o câncer, como também retardando o envelhecimento. Na medicina popular, são utilizados no aproveitamento, as cascas do tronco, as cascas do fruto, caroços e folhas. Por isso ele é considerado um alimento funcional.
Publicado originalmente na 3ª edição da Revista Fator Crea-DF
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