segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Pesquisas apresentam benefícios das plantas medicinais para animais

19/09/14 15:57.

Professores da UFG se reuniram em mesa-redonda e apresentaram diferentes pesquisas que utilizam plantas medicinais na alimentação e tratamento de animais 

Texto: Camila Godoy

Foto: Letícia Antoniosi

Mesa-redonda durante o XXIII Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil reuniu quatro pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) que estudam o uso de plantas medicinais na Medicina Veterinária. O encontro aconteceu na tarde desta quinta-feira, 18/09, na Sala 1 do Centro de Cultura e Eventos Prof. Ricardo Freua Bufáiçal, Câmpus Samambaia.
Os professores Vitor Rezende, José Henrique Stringini, Leira Maria Leal e Lígia Miranda Ferreira Borges participam da mesa-redonda sobre uso de plantas medicinais em animais

Na ocasião, a professora Lígia Miranda Ferreira Borges, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), apresentou seus estudos sobre o uso daMelia azedarach (Meliaceae), conhecida como Santa Bárbara, no controle do carrapato Rhipicephalus microplus, que ataca bovinos. A professora definiu esse parasitário como o maior problema para a criação de bovinos leiteiros no Brasil, gerando prejuízos potenciais de quase quatro bilhões de dólares por ano. Ela explicou que todo esse transtorno se dá porque os parasitas geraram resistência aos carrapaticidas que, há dez anos, tinham plena eficácia.

Lígia Miranda fez testes com os frutos da Santa Bárbara e encontrou resultados satisfatórios no controle do carrapato. No entanto, a professora destacou que a eficácia do uso da planta pode variar dependendo da qualidade do solo em que ela se encontra. Além disso, para Lígia Miranda, novas pesquisas são importantes: “Precisamos estudar mais sobre as formulações, os princípios ativos, avaliar o cultivo e o mercado. Estamos só começando”.

Em seguida, o professor Vitor Rezende, da Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) apresentou resultados do projeto da Rede Multidisciplinar Pró-Centro-Oeste, que avalia o uso de bioprodutos originários do cerrado na nutrição de bovinos de corte e leiteiros confinados em laboratórios. Para tanto, os pesquisadores testaram diferentes dosagens de extratos e óleos das plantas Barbatimão, Copaíba, Pacari e Sucupira .

Para Vitor Rezende, o uso de extratos vegetais na nutrição dos animais substitui antibióticos industriais. O professor apresentou dados dos quatros elementos e também destacou a necessidade de continuar os estudos para descobrirem a melhor forma de viabilizar o uso dessas substâncias. Ele também destacou as conquistas da Rede para melhorar a estrutura de pesquisa na UFG: “Hoje temos um laboratório de Fermentação Ruminal in vitro e um laboratório Multiusuário, que ajudarão no avanço dos estudos”.
Vitor Rezende explica pesquisa que usa extrato de plantas na alimentação de bovinos

A mesa-redonda também contou a participação do professor José Henrique Stringini, da EVZ, que trouxe dados de estudos que aplicaram os mesmos extratos vegetais utilizados na pesquisa anterior, só que dessa vez, na alimentação de aves. “Nós queremos substituir alimentos químicos por alimentos orgânicos. Estamos em busca de produtos alternativos aos antimicrobianos químicos”, destacou.

José Stringini explicou que diferentes compostos de extratos e óleos das plantas Barbatimão, Copaíba, Pacari e Sucupira podem ser utilizados na alimentação de aves, frangos e poedeiras comerciais. Em alguns casos, como por exemplo, no uso do óleo Pacari, até mesmo a qualidade e resistência dos ovos foram melhores: “Esse dado é muito interessante, visto que 10% de todos os 140 milhões de ovos produzidos todos os dias no Brasil se quebram”.

Finalizando as apresentações, a professora Leila Maria Leal Parente, da Faculdade de Farmácia (FF), falou sobre o uso do extrato da Bidens pilosa, popularmente conhecida como “picão”, no tratamento de hepatopatia aguda de cães, que é o resultado de diferentes causas que podem lesar o fígado. Em seus estudos, 24 cães foram induzidos à lesão hepática e avaliados.

Leira Maria Leal observou as atividades de enzimas hepáticas e percebeu que nos grupos de animais que foram tratados com o extrato do picão houve a recuperação total do tecido hepático. A professora salientou que todos os cães foram tratados com cuidado e respeito e se recuperaram. Depois da pesquisa eles foram doados à famílias.
Professora Leira Maria Leal apresenta dados de sua pesquisa 

Ao final das apresentações, a plateia conversou com pesquisadores, fazendo perguntas e comentários. Nesse momento, os professores explicaram que a maior dificuldade nas pesquisas é obter os extratos e aplicar o conhecimento no mercado: “Os laboratórios não estão interessados em investir e comercializar esses tipos de produtos”, destacou Lígia Miranda.

Fonte : Ascom/UFG
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