segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Jacarepaguá, Rio de Janeiro: Evento discute portfólio para a inovação em medicamentos da biodiversidadeCategoria:

 02 Novembro 2014 

Discutir a elaboração de um portfólio de projetos voltados para a inovação em medicamentos da biodiversidade. Este foi o principal assunto da 1ª Roda de Conversa das RedesFito, que reuniu pesquisadores, agências reguladoras, estudantes, empresários, representantes de laboratórios e de indústrias farmacêuticas dos seis biomas brasileiros.

Organizado pelo Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde de Farmanguinhos (NGBS), o evento aconteceu na quinta-feira (30/10), no Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM), em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Participaram do evento representantes da Abifina, dos laboratórios Lafergs, Farmanguinhos, Marinha, Exército, da Herbárium, Iquego, Ems, Pytobios, Gif, Atina, Pharmakos.

A 1ª Roda de Conversa das ResesFito trouxe para discussão o papel do P&D em rede na inovação de medicamentos da biodiversidade, com foco na atuação da indústria, responsável por uma das etapas da cadeia de produção deste tipo de medicamento. Segundo o coordenador do NGBS, Glauco Villas Boas, o papel da indústria é fundamental para a inovação e esta não pode esperar que o país crie as estratégias para solucionar todos os problemas. “Se ficarmos parados não vamos acompanhar a evolução do mundo. Portanto, o objetivo deste encontro é colaborar com um projeto, que vem sendo pensado há muito tempo, e saiu como proposta no 5º Seminário das RedesFito, realizado em 2013, a criação de um portfólio de medicamentos da biodiversidade”, destacou.

O diretor de Framanguinhos - o maior laboratório público de medicamentos do Brasil - Hayne Felipe, destacou a importância de somar experiências relacionadas a criação de fitoterápicos e torná-los uma realidade ao alcance das pessoas. “Esta Roda de Conversa vai nos ajudar a entender essas idas e vindas e nos possibilitar avançar nesta questão. Temos conversado com o DAF (Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde) e com a Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e Suas Especialidades (Abifina) a fim de avançar na criação de uma PDP (Parceria de Desenvolvimento Produtivo) na área de fitomedicamentos.

A dinâmica da Roda foi iniciada com a palestra do coordenador do NGBS, que apresentou um histórico sobre a farmácia, a indústria e a defasagem da inovação nestas áreas no Brasil. Glauco abordou a origem dos sistemas de P&D e falou sobre políticas de CT&I; biodiversidade brasileira e a sustentabilidade nas agendas dos governos.

Em seguida, Villas Bôas abordou conceitos básicos que subsidiam as ações das RedeFito: inovação como processo dinâmico e social; sistemas nacionais de inovação, arranjos produtivos locais; sistema nacional de inovação em saúde, complexo econômico industrial da saúde; biodiversidade e/ou biotecnologia; medicamentos da biodiversidade; o papel dos ecossistemas e gestão de políticas públicas transversais.

Durante a apresentação foi esclarecido, que o Sistema Nacional de RedesFito é uma rede de conhecimento, voltada para a inovação em medicamentos da biodiversidade. Organizada em 2009, a rede está estruturada a partir de arranjos produtivos identificados em cada bioma. Trata-se de um projeto do NGBS/Farmanguinhos-Fiocruz, mas é uma rede da sociedade, voltada para a ação e formulação de propostas.

Em seguida, foi apresentada a proposta de discussão e sugeridos encaminhamentos para a organização do projeto de portfólio a ser construído com base na pactuarão de ações; definição de alvos por bioma; busca de financiamento e definição das etapas. Levando-se em conta a visão contemporânea da inovação e de P&D, fica ressaltada a dimensão da colaboração, para garantir inovação e competitividade.

Aberta a discussão entre os participantes da Roda, foram abordados os gargalos e oportunidades na cadeia produtiva de fitoterápicos; propostas para a elaboração do portfólio e apresentados encaminhamentos para o fortalecimento de toda a cadeia produtiva de fitoterápicos no Brasil.

Ana Cláudia Oliveira, especialista em Propriedade Intelectual da Abifina, disse que a maior dificuldade está no mapeamento de espécies estudadas, mas afirmou que o momento é favorável à criação desse portfólio. “A própria Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já se mostrou disponível e está aberta ao diálogo”.

O conjunto de propostas e encaminhamentos feitos durante a reunião foi registrado e será encaminhado pelo Escritório de Gestão das RedesFito para a formulação conjunta de ações, que colocarão em prática as sugestões feitas pelo grupo durante a Roda de Conversa.

Mais uma conquista das RedesFito 

O professor de farmacotécnica da Universidade do Amazonas (UFAM), e também proprietário da empresa Pharmakos, Schubert Pinto, que faz parte da Rede-Bioma Amazônia, anunciou aos participantes que através da deliberação do Ministério de Estado do Meio Ambiente, nº 409, de 22 de junho de 2014 conseguiu do CEGEN autorização para acesso de amostra de copaíba para fins de desenvolvimento tecnológico de fórmula farmacêutica ginecológica utilizando o óleo desta planta.

Schubert destacou a complexidade da cadeia produtiva de fitoterápicos e a necessidade de trabalhar em rede para vencer obstáculos. Quanto a Roda de Conversa o professor relatou:” Aqui estáo reunidos atores de todos os biomas brasileiros com o objetivo de chegar a um portfólio e, com isso, articularem-se politicamente para disponibilizar esses fitoterápicos para a população brasileira”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário