Campinas, 27 de fevereiro de 2015 a 08 de março de 2015 – ANO 2015 – Nº 617
Pesquisadores obtêm suplemento alimentar depois de adição a colágeno hidrolisado
Texto:Carolina Octaviano
Especial para o JU
Fotos: Antônio Scarpinetti
Edição de Imagens: Fábio Reis
Um novo composto alimentício em pó foi desenvolvido por pesquisadores da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp, e conta com um diferencial em relação a outros produtos no mercado, que é a utilização de polpa natural de frutas como fonte de bioativos antioxidantes, no lugar de aroma e sabor artificiais. O composto foi adicionado ao colágeno hidrolisado, obtendo-se um suplemento alimentar que pode ser consumido diretamente ou ser aplicado como produto intermediário na produção de alimentos e bebidas. A proposta desse novo suplemento é ajudar a dar firmeza à pele, combatendo a flacidez, as rugas e as linhas de expressão.
A professora Sandra Cristina Rocha, da FEQ, uma das pesquisadoras responsáveis pela tecnologia, diz que não conhece nenhum produto à base de colágeno hidrolisado e polpa natural que preserve os compostos bioativos provenientes da própria fruta – no caso, uva e manga. “Já existe o colágeno hidrolisado, que é encontrado em forma de cápsula ou em pó. Alguns desses produtos incorporam o odor/aroma de fruta, mas não fazem menção aos compostos bioativos provenientes da própria polpa. O diferencial dessa tecnologia é incorporar os compostos bioativos das frutas no colágeno hidrolisado”, afirma a pesquisadora, confirmando o ineditismo da invenção.
A tecnologia que foi desenvolvida pela professora Sandra, pelo aluno de pós-graduação José Júnior Butzge e pela coorientadora do projeto, a pesquisadora Fernanda Condi de Godoi, se destaca, segundo Butzge, por não precisar de nenhuma substância química para aumentar a eficiência do processo de obtenção do suplemento. “O método de preparo do produto é simples e garante a incorporação dos compostos bioativos das frutas no produto final, com excelente eficiência de obtenção em pó, sem a adição de adjuvantes, que são substâncias utilizadas para melhorar a eficiência dos processos de secagem”.
Outra diferença apontada pelo pesquisador é a incorporação de compostos como as antocianinas – pigmentos naturais que dão cor às frutas – na formulação alimentícia formada por colágeno hidrolisado e polpa de uva. “As antocianinas têm sua ingestão relacionada à redução de doenças cardiovasculares, enquanto que o colágeno hidrolisado é uma rica fonte de proteínas e aminoácidos”, aponta Butzge.
Por apresentar propriedades naturais e benéficas à saúde, a composição alimentícia em pó pode ser utilizada como matéria-prima ou produto intermediário para produção de alimentos ou bebidas – tais como sucos, iogurtes, sobremesas congeladas, gomas de mascar, barras energéticas, gelatinas, entre outros –, tendo aplicação na indústria de alimentos, de cosméticos e de fármacos. “Sem dúvida, a principal aplicação é na forma de uma composição alimentícia ou produto pronto para o consumo, ou mesmo como ingrediente para fabricação de alimentos e bebidas. Empresas do setor farmacêutico também podem se interessar, embora a maior ênfase seja no setor alimentício, com foco em produtos para prevenção de doenças, bem-estar e beleza”, defende.
Sandra fala sobre a ampla utilização de colágeno hidrolisado nesse mercado de saúde e beleza, o que demonstra que a composição tem potencial para conquistar esse segmento. “Hoje em dia, as pessoas utilizam colágeno hidrolisado como um suplemento alimentar, na área da saúde e da estética. O colágeno está em evidência porque é cada vez maior a preocupação com a alimentação saudável”, aponta.
A experiência com essa tecnologia – que recebeu aporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para seu desenvolvimento – teve início no final de 2012. “Fizemos testes preliminares de secagem com o colágeno e ele apresentou uma eficiência bastante alta”, diz a professora. “Sandra tem vasta experiência na área de secagem de polpas de frutas. A ideia inicial foi então se definindo em termos de matéria-prima e processo e, depois, ganhando corpo na forma de um projeto submetido à Fapesp”, completa Butzge.
Segundo a professora, foram realizados testes em escala laboratorial, utilizando as polpas de uva e de manga, e ambos os experimentos apresentaram excelentes resultados, mesmo com o desafio tecnológico de se utilizar frutas ricas em fibras. “Visamos ter uma boa eficiência do processo para produzir o pó em uma quantidade satisfatória, além da incorporação do composto bioativo no produto final”, revela.
Os inventores afirmam que a Inova Unicamp teve um papel determinante no processo de análise e proteção da tecnologia que resultou no depósito de pedido de patente de invenção, realizado em 2013. “A Inova nos ajudou muito. Realizaram um trabalho minucioso, nos auxiliando na busca de anterioridade e na forma de escrever o pedido da patente”, aponta Sandra. E esse trabalho se estende aos trâmites para licenciamento da tecnologia, o que é feito pelo Setor de Parcerias da Agência de Inovação Inova Unicamp. Os interessados podem entrar em contato pelo endereço parcerias@inova.unicamp.br ou pelos telefones (19) 3521-2552 ou 3521-2607.
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