De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o tempo médio gasto em deslocamento nas principais regiões metropolitanas do país (Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Brasília) é de 82 minutos. Se esse período fosse convertido em horas trabalhadas, o ganho de produção alcançaria cerca de R$ 300 bilhões ou mais de 7% do PIB do país. Para incrementar a mobilidade urbana das principais regiões do Brasil, o país precisaria investir R$ 240 bilhões, segundo a Confederação Nacional dos Transportes.
Os aportes e os projetos, contudo, precisam ser adequadamente planejados em todos os sentidos, incluindo a gestão ambiental. “A mobilidade urbana está vinculada à melhoria do transporte coletivo e ao desenvolvimento de métodos e ferramentas de avaliação dos projetos”, explica o coordenador do programa de Pós-Graduação em Gestão Ambiental da Universidade Positivo (UP), Maurício Dziedzic. Segundo o especialista, um olhar mais profundo do ponto de vista do tripé da sustentabilidade – aspectos sociais, econômicos e ambientais – pode garantir a eficiência das obras antes mesmo de saírem do papel.
Dziedzic cita um trabalho desenvolvido na Universidade Positivo (por Clarissa de Oliveira Cavalcanti, orientada pelo professor Valdir Fernandes), que apresentou uma nova forma de avaliar a sustentabilidade das obras. “Sugerimos que os órgãos financiadores das obras passem a exigir esse tipo de avaliação antes de liberar os recursos. Um projeto que atenda critérios de sustentabilidade pode até ser economicamente mais interessante do que um projeto tradicional, e o benefício para as cidades e os habitantes pode aumentar consideravelmente”, explica Dziedzic.
As análises se baseiam em aspectos econômicos (eficiência econômica e integração do transporte público), sociais (acessibilidade, necessidade de desapropriações, compatibilidade com o plano diretor e diversidade de modos de transporte, entre outros) e ambientais (redução de emissões atmosféricas, redução do tráfego motorizado individual, vias exclusivas para o transporte coletivo e ações para o aumento da velocidade média do tráfego). O foco dessa ação é viabilizar o desenvolvimento sustentável, respeitando o tripé e seguindo o que estabelece a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU), em vigor desde abril de 2012.
Lógica Perversa
Entre 2004 e 2014, o número de automóveis do Brasil quase dobrou: saiu de 25 milhões para 48 milhões, conforme dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Por outro lado, o número de veículos do transporte coletivo cresceu em proporção menor: eram 95,7 mil em 2004 e chegaram a 114,7 mil, de acordo com a Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP). Ainda assim, um morador gasta, em média, 2,67 minutos para percorrer um quilômetro no transporte coletivo e, no transporte individual, 2,93 minutos.
“Vemos o transporte coletivo superlotado e ineficiente. Se houver discussão dos novos projetos baseado naqueles critérios antes mesmo de sua concepção, o potencial de utilidade para a comunidade vai ser maior, o que se traduz em melhores serviços”, explica Dziedzic. 65% das emissões de poluentes em metrópoles advêm do transporte individual, que custa 14 vezes mais do que o coletivo, se forem levados em conta custos de construção, operação e manutenção do sistema viário, além de acidentes e poluição.
Sobre o Programa de Pós-Graduação em Gestão Ambiental da UP
O Programa de Pós-Graduação em Gestão Ambiental da UP conta com cursos de Mestrado e Doutorado. O Mestrado Profissional, nota 5, foi considerado o melhor mestrado profissional da área de Ciências Ambientais pela CAPES, na última avaliação trienal.
Publicado no Portal EcoDebate, 09/03/2015
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