quarta-feira, 27 de maio de 2015

Cannabis no tratamento da dor - II

Uma das principais substâncias da Cannabis sativa é o canabidiol (CBD, figura 1). Este composto bioativo pode ter variações na sua concentração na planta devido, por exemplo, local onde é cultivado, do cultivar ou da época, fatores que irão afetar a eficiência da substância e da planta como medicamento. 

O CBD constitui cerca de 40% das substâncias ativas da planta (CRIPPA et al., 2009) e de acordo com a ANVISA não há relatos de dependência relacionada ao seu uso, mas há pesquisas demonstrando que a substância auxilia no tratamento de enfermidades como a epilepsia grave.


Cultivares com mais CBD são usados para combater convulsões, e a tradicional, com mais tetraidrocanabinol (THC), é a substância que altera a consciência. Esta última pode causar dependência, sendo usada legalmente em alguns países contra dores crônicas e efeitos colaterais do tratamento de câncer (PEREIRA JÚNIOR, 2013). 

Resultados de estudos em animais de laboratório, voluntários saudáveis e pacientes com transtornos de ansiedade, sustentam a proposta do CBD como uma nova droga com propriedades ansiolíticas. Como o CBD não tem efeitos psicoativos e não afeta a cognição, possui um perfil de segurança adequado (SCHIER et al., 2012). 

Sobre a forma de obter eficácia com o uso do CBD, Pereira et al. (2013) citam que como o composto sofre intenso metabolismo de primeira passagem e apresenta baixa solubilidade em meio aquoso, rotas alternativas de liberação do fármaco se tornam importantes para maior eficácia terapêutica e contornar o metabolismo de primeira passagem. 

No dia 14 de janeiro deste ano, a Diretoria Colegiada da ANVISA reclassificou o CBD para controlada, enquadrando-o na lista C1 da Portaria 344/98, que regula e define os controles e as proibições de substâncias no país. 

Com esta reclassificação do CBD para substância controlada, pesquisas cientifícas no Brasil sobre a substância poderão ser realizadas, abrindo caminho para o registro de medicamento em território nacional. 

Com relação ao tratamento da dor, será que o CBD possui alguma ação? 

Alguns cultivares que contém o THC (tetraidrocanabinol) e o CBD, como a Bediol (6% de THC e 7,5% de CBD) na Holanda, são recomendados para dor e como antiinflamatórios (http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/a_diferenca_entre_canabidiol_oleo_de_canhamo_e_maconha_inalada.html). 

Extrato de CBD é distribuído gratuitamente para pacientes com epilepsia, câncer e dores crônicas (http://smoky.com.br/extrato-de-cbd-e-distribuido-gratuitamente-para-pacientes-com-epilepsia-cancer-e-dores-cronicas/). 


Figura 1. Canabidiol 

Alguns links com artigos sobre o tema: 


Referências citadas no texto:

CRIPPA, J. et al. Cannabis and anxiety: a critical review of the evidence. Human Psychopharmacology, v.24, n.7, p.515-23, 2009. 

PEREIRA JÚNIOR, L.C. Avaliação da administração oral do Canabidiol em voluntários sadios. 2013. 86p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2013. 

SCHIER, A. R. M. et al. Canabidiol, um componente da Cannabis sativa, como um ansiolítico. Revista Brasileira de Psiquiatria. v. 34, n. 1, p. S104-S117, jun. 2012. 

Texto: 

Fernanda Delavy - Acadêmica de Medicina Veterinária - UNIGUAÇU 
Marcos Roberto Furlan - Engenheiro Agrônomo 

Texto anterior dos autores: 

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