Campinas, 15 de junho de 2015 a 21 de junho de 2015 – ANO 2015 – Nº 628
Óleos essenciais em ração de suínosCPQBA desenvolve micropartícula que tem palmarosa e capim-limão em sua composição
Texto: Carolina Octaviano Especial para o JU
Fotos: Thomaz Marostegan/Divulgação
Edição de Imagens: Fabio Reis
Pesquisadores do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Unicamp desenvolveram uma micropartícula que compreende uma composição de capim-limão e palmarosa, que pode ser empregada para o controle de doenças causadas por entobactérias, servindo como um aditivo à ração de suínos, em substituição aos antimicrobianos sintéticos utilizados como promotores do crescimento animal.
De acordo com Marta Cristina Teixeira Duarte, coordenadora da pesquisa e desenvolvimento da micropartícula de óleos essenciais, o grande diferencial da nova tecnologia é a obtenção natural do produto, a partir de plantas que contêm uma composição capaz de agir em diferentes alvos na célula microbiana e não apenas em um específico, como é a ação dos antibióticos empregados atualmente. Outra vantagem dessa solução tecnológica desenvolvida na Unicamp é o fato de o produto ser biodegradável. Para obtê-los, não é necessário o uso de solventes orgânicos, e os princípios ativos são de plantas facilmente cultiváveis – sem haver a necessidade de extrativismo. Estes fatores fazem com que a professora considere a tecnologia verde e sustentável.
“A nova tecnologia é um antimicrobiano para aplicação via ração que promove o controle de doenças entéricas e melhora a saúde intestinal dos animais, fazendo com que eles absorvam melhor os nutrientes da ração”, afirma Milenni Garcia Michels, coordenadora de Propriedade Intelectual da Ourofino Saúde Animal, empresa co-titular e licenciada que participou, por meio de parceria, do desenvolvimento da micropartícula. Os testes contaram ainda com o auxílio dos pesquisadores Glyn Mara Figueira, Mary Ann Foglio, Ana Lúcia Tasca Gois Ruiz, Rodney Alexandre Rodrigues, João Ernesto de Carvalho e Benício Pereira, todos do CPQBA. A pesquisa foi apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), no âmbito do programa PITE/Fapesp.
A tecnologia já foi testada na alimentação de suínos e demonstrou resultados positivos e satisfatórios. “Ensaios in vivo mostraram que quando óleos essenciais microencapsulados foram adicionados em baixas concentrações à dieta de leitões recém-desmamados, estes apresentaram desempenho superior ao dos animais tratados com antibióticos controles”, explica a professora Marta. Milenni conta que a micropartícula foi aprovada em testes prévios e que há interesse da indústria em registrar o produto no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e comercializá-lo. “Entretanto não há previsão de chegada ao mercado, pois ainda são necessários outros testes e a etapa de registro no MAPA”, revela a coordenadora da PI da Ourofino.
Na opinião de Milenni, a nova tecnologia é um importante salto tecnológico no segmento de suínos, podendo ser aplicada também à criação de aves. “Os ativos de fonte natural estão de acordo com a tendência mundial, de novos aditivos alimentares”, avalia.
Por se tratar de uma tecnologia desenvolvida em conjunto, a Ourofino é co-titular da patente depositada em 2012 no Brasil e em 2013 no exterior. Assim, possui exclusividade na exploração comercial da micropartícula de cuja composição compreende óleos essenciais e agentes. “Os benefícios da parceria foram vários, dentre eles a interação com um importante grupo de pesquisa e a possibilidade de ter um produto inovador no nosso portfólio”, comenta Milenni.
A professora aponta também para a importância do relacionamento entre universidade e empresas, buscando o desenvolvimento de tecnologias inovadoras. “Trata-se do desenvolvimento de uma tecnologia nacional, o que demonstra que a interação universidade-empresa é imprescindível para gerar, em curto prazo, novos produtos e tecnologias. Espero que esta tecnologia seja um incentivo para que pesquisadores e alunos continuem na busca pela substituição de outros produtos sintéticos por produtos naturais”, aponta Marta.
A coordenadora de PI da Ourofino reitera que a Agência de Inovação Inova Unicamp teve um papel decisivo na tramitação da parceria e do licenciamento, desde os primeiros passos até o alinhamento de entendimentos sobre a relação entre universidade e empresa para aprovação do contrato de licenciamento. “A Agência tem modelos bem estruturados e consegue mediar as necessidades que envolvem essa relação”.
Já a coordenadora das pesquisas defende que o apoio da Inova foi essencial tanto na etapa de negociação do licenciamento com a empresa, como na fase de realização da busca de anterioridade, análise de patenteabilidade, redação de patente e proteção da tecnologia. “Isso só foi possível em curto prazo por podermos contar com profissionais especializados e atualizados em relação às leis de propriedade intelectual”, conclui a professora do CPQBA.
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