segunda-feira, 29 de abril de 2019

Fitomedicamentos e Sexualidade Feminina: Boletim PLANFAVI, n. 49, Janeiro/março 2019

A resposta sexual é um conjunto de alterações orgânicas provocadas por uma variedade de estímulos que incluem não somente aqueles obtidos através dos órgãos dos sentidos, como também estímulos cognitivos.

Caracteriza-se uma disfunção sexual quando há comprometimento por bloqueio ou inibição em qualquer das fases da resposta funcional fisiológica.

Tribulus terrestris L., planta originária da Índia, é bastante utilizada como estimulante sexual natural pela Medicina Tradicional da China, Índia e Grécia. Vários trabalhos têm demonstrado que, de fato, produtos derivados de Tribulus são capazes de aumentar as concentrações séricas de testosterona endógena, correlacionando positivamente com o desejo e o comportamento sexual em mulheres no menacme e menopausa.

Outra opção utilizada há muitos séculos pela Medicina Oriental é o Ginseng Vermelho Coreano ou Panax ginseng, nos casos de fadiga e astenia. Existem inúmeros trabalhos científicos demonstrando sua ação vasodilatadora periférica e efeito sobre o sistema nervoso central, inibindo a secreção de prolactina, e, portanto, potencializando a libido e a performance sexual. Há pesquisas demonstrando que o ginseng vermelho coreano melhora a excitação sexual em mulheres na menopausa. O mecanismo proposto é o relaxamento do músculo liso, clitoriano e nas paredes vaginais.

Já o Extracto de Ginkgo biloba, vêm das espécies de árvores mais antigas do mundo, sendo utilizada em Medicina tradicional chinesa para tratar várias doenças, incluindo depressão e disfunção sexual. Com relação à disfunção sexual, pensa-se que o Ginkgo pode causar a liberação de fator relaxante derivado do endotélio e prostaciclina, resultando em vasodilatação. Além disso, o Ginkgo modula o óxido nítrico (NO), causando relaxamento vascular, aumentando assim o fluxo sanguíneo para os tecidos periféricos.

A Withania somnifera é uma planta da família das solanáceas conhecida popularmente como Ashwagandha ou cereja-de-inverno. Estudo piloto randomizado realizado na Índia em 2015, com 50 mulheres utilizando suplemento de extrato de raiz de ashwagandha de alta concentração (HCARE) por oito semanas, demonstrou melhora na função sexual em mulheres saudáveis.

Verificamos através de pesquisas que o gel vaginal com isoflavonas derivadas do Glycine max (L.) Merr atuam no epitélio melhorando o trofismo e aumentando a lubrificação, podendo ser utilizadas nos casos de sintomas geniturinários gerados por hipoestrogenismo, como secura vaginal e dispareunia.

Nos casos de distúrbio do desejo sexual hipoativo em razão da hiperprolactinemia, pode-se utilizar o Vitex agnus castus, que tem ação dopaminérgica, inibindo a secreção de prolactina.

Outra planta que está sendo muito estudada é Lepidium meyenii Walpers (maca), de origem peruana que cresce nos Andes a 4000 metros de altura, onde é cultivada há mais de 2000 anos. Existem vários tipos de Maca que são diferenciadas pelas cores dos seus hipocótilos. Os trabalhos disponíveis na literatura não priorizam a sexualidade feminina, assim, há necessidade de mais estudos randomizados, controlados por placebo, visando o L. meyenii.

O estudo da sexualidade feminina está em evidência, e os fitomedicamentos vêm sendo pesquisados e utilizados, cada vez mais, no tratamento dos distúrbios sexuais.

Esse editorial foi escrito, a convite, pelo Prof Dr Sostenes Postigo, Depto de Obstetrícia e Ginecologia, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e Presidente da Sobrafito.

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