segunda-feira, 29 de abril de 2019

Usos medicinais das ervas-cidreiras

Texto:

Ariane de Oliveira Crescencio – Acadêmica de Engenharia Agronômica - UNITAU 
Marcos Roberto Furlan - Professor - UNITAU e FIC 

No texto anterior (http://quintaisimortais.blogspot.com/2019/04/cidreiras-no-quintal.html), foram citadas algumas diferenças que facilitam uma diferença visual entre as três principais espécies que recebem o nome erva-cidreira. Mas será que possuem atividades farmacológicas semelhantes? 

Com relação ao uso popular, as três são usadas, principalmente, como calmantes. A Lippia alba também é indicada tradicionalmente como hipotensora, ansiolítica e contra insônia. O Cymbopogon citratus é muito consumido como chá sem a preocupação de ação medicinal, ou seja, é consumido por ser saboroso. 

Com relação às publicações técnicas, as recomendações para cada uma das espécies são: 


Tintura de Lippia alba (Mill.) N.E. Br. ex Britton & P. Wilson 

Indicações 

Auxiliar na prevenção da migrânea (enxaqueca) (CONDE et al., 2011; CARMONA et al, 2013; PEREIRA et al., 2014) e como analgésico (CÁCERES, 2009). 

Modo de usar

Uso oral

Tomar de 3 a 6 mL da tintura, diluídos em 50 mL de água, duas vezes ao dia (PEREIRA et al., 2014).

Advertências

Uso adulto.
Não usar em pessoas com hipersensibilidade aos componentes da formulação. Não usar em gestantes, lactantes, alcoolistas e diabéticos, em função do teor alcoólico na formulação. Se os sintomas piorarem durante o uso do fitoterápico um médico deve ser consultado. Pode potencializar o efeito de medicamentos sedativos. O uso concomitante com paracetamol pode aumentar a toxicidade desse fármaco, pelo uso da mesma via metabólica. Não recomendado para pessoas com hipotensão arterial pois pode agravar o quadro. Doses mais elevadas podem provocar irritação da mucosa gástrica, devendo ser evitado em casos de gastrite e úlcera gastroduodenal (PEREIRA et al., 2014).

Tintura de Melissa officinalis L.

Indicações

Auxiliar no tratamento sintomático da ansiedade leve e insônia leve; como auxiliar no alívio de sintomas gastrintestinais leves, incluindo distensão e flatulência (LORENZI & MATOS, 2008; CÁCERES, 2009; EMA, 2013; PEREIRA et al., 2014).

Modo de usar 

Uso oral 
Tomar 2 a 6 mL da tintura, diluídas em 50 mL de água, de uma a três vezes ao dia (VANACLOCHA & CAÑIGUERAL, 2006; EMA, 2013). 

Advertências

Uso adulto.
Não usar em pessoas com hipersensibilidade aos componentes da formulação. Não usar em gestantes, lactantes, alcoolistas e diabéticos, em função do teor alcoólico na formulação. Se os sintomas piorarem durante o uso do fitoterápico um médico deve ser consultado. Pode prejudicar a habilidade de dirigir ou operar máquinas (EMA, 2013). Não deve ser utilizado por pessoas com hipotireoidismo, devido a uma ação antitireoidiana (GARCIA et al., 1999). Uso não recomendado em pessoas com úlcera gastroduodenal, síndrome do intestino irritável, doença de Crohn, hepatopatia, epilepsia e doença de Parkinson (GARCIA et al., 1999). É contraindicado em pessoas com glaucoma e hiperplasia benigna de próstata. Pode aumentar o efeito hipnótico do pentobarbital e hexobarbital (BRINKER, 2001).

Obs.:
As formas de obtenção das tinturas constam na publicação.

Referências citadas no formulário 

BRINKER, N. D. Herb contraindications and drug interactions. 3rd ed. Oregon: Eclectic Medical Publications, 2001.

CÁCERES, A. Vademécum nacional de plantas medicinales. Guatemala: Editorial Universitaria, Universidad de San Carlos de Guatemala, 2009.

CARMONA, F.; ANGLUCCI, M. A.; SALES, D. S.; CHIARATTI, T. M.; HONORATO, F. B.; BIANCHI, R. V.; PEREIRA, A. M. S. Lippia alba (Mill.) N. E. Brown hydroethanolic extract of the leaves is effective in the treatment of igraine in women. Phytomedicine, v. 20, n. 10, p. 947-950, 2013.

CONDE, R.; CORRÊA, V.S.; CARMONA, F.; PEREIRA, A. M. S. Chemical composition and therapeutic effects of Lippia alba (Mill.) N. E. Brown leaves hydro-alcoholic extract in patients with migraine. Phytomedicine, v. 18, n. 14, p. 1197-1201, 2011.

EMA, European Medicines Agency. Community herbal monograph on Melissa officinalis L., folium. London: Committee on Herbal Medicinal Products (HMPC), 2013. Disponível em <http://www.ema.europa.eu/docs/en_GB/document_library/Herbal_Community_herbal_monograph/2013/08/WC500147189.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2016.

GARCIA, A. A.; VANACLOHA, B. V.; SALAZAR, J. I. G. Fitoterapia vademécum de prescripción: plantas medicinales. 3. ed. Barcelona: Masson, 1999, 1148p.

LORENZI, H. E.; MATOS, F. J. A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008.

PEREIRA, A. M. S.; BERTONI, B. W.; SILVA, C. C. M.; FERRO, D.; CARMONA, F.; CESTARI, I. M.; BARBOSA, M. G. H. Formulário fitoterápico farmácia da natureza. 2. ed. Ribeirão Preto: Bertolucci. 2014. 407p.

VANACLOCHA, B.; CAÑIGUERAL, S. Fitoterapia: vademécum de prescripción. 4. ed. Barcelona: Masson, 2006.


Propriedades Farmacológicas

Determina uma diminuição da atividade motora, aumentando o tempo de sono, é um regulador vago-simpático. O citral tem efeito antiespasmódico, tanto no tecido uterino como no intestinal. É analgésico e combate o histerismo e outras afecções nervosas, propriedade devida ao mirceno. A atividade antibacteriana está associada também ao citral.

O extrato da planta, no duodeno do coelho, demonstrou a diminuição do tônus abdominal e no reto abdominal, havendo bloqueio da acetilcolina.

Usos terapêuticos

Cefaleia de origem tensional, ansiedade, nervosismo, insônia, flatulência (gases intestinais), e como relaxante muscular (dores e tensões musculares de etiologia diversa, hipertensão arterial).

Princípios ativos

Óleos essenciais, contendo 75 a 85% de citral e seus isômeros geranial e neral, vários aldeídos, como citronelal, isovaleraldeído e decilaldeído, cetonas, álcoois como geraniol, nerol, metil heptenol, farnesol, terpenos como depenteno e mirceno, além de flavonóides, substâncias alcaloídicas, uma saponina esterólica, beta-sitosterol, n-hexacosanol e n-triacontano e triterpenóides isolados da cera que recobre as folhas, o cimbopogonol e cimbopagona.

Partes utilizadas

Folhas frescas ou secas e rizomas.

Formas de uso e dosagem

Chás preparados como infusão a 02% (05 g/250 ml de água). 250 ml à noite para insônia. Até 1.000 ml ao dia para ansiedade, nervosismo ou outras indicações.

Interações

Não há referências na literatura consultada.

Tempo de uso

Pelo tempo que se fizer necessário.

Efeitos colaterais

Não referidos na literatura, desde que respeitadas as doses recomendadas.

Fototoxicidade no uso tópico, podendo “manchar a pele”, quando exposta ao sol (assim como a citronela, limão, laranja e outros cítricos).

Em doses excessivas, pode causar sonolência, diarreia, hipotensão arterial, fraqueza e sedação.

Superdosagem

Doses excessivas podem provocar hipocinesia, ataxia, bradipneia, perda de postura, sedação e diarreia.

Contra-indicações

Hipotensão arterial e pessoas sensíveis à planta.

Uso durante gravidez e lactação

É contra indicado durante a gestação, pois pode provocar abortos devido ao relaxamento da musculatura uterina.

É recomendado durante a lactação, pois atua como estimulante lácteo.

Cuidados no armazenamento

Armazenar em recipientes herméticos, em ambiente seco e arejado e ao abrigo da luz solar.

Observação do Protocolo

Lembramos que as informações aqui contidas terão apenas finalidade informativa, não devendo ser usadas para diagnosticar, tratar ou prevenir qualquer doença, e muito menos substituir os cuidados médicos adequados.

Fontes principais de consulta do protocolo:

“PLANTAS AROMÁTICAS E MEDICINAIS - CULTIVO E UTILIZAÇÃO” – Paulo Guilherme Ferreira Ribeiro e Rui Cépil Diniz . Londrina: IAPAR, 2008.

“TRATADO DE FITOMEDICINA – bases clínicas e farmacológicas” Dr. Jorge R. Alonso – editora Isis . 1998 – Buenos Aires – Argentina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário