segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Portugal: Plantas aromáticas do Alentejo exportadas para França

Joana e António Callapez Martins são o exemplo de que nem sempre a crise e o desemprego são o fim da linha para os mais novos em Portugal e apostaram na produção de plantas aromáticas.

Sem grandes alternativas em Lisboa, ela é bióloga e está a terminar a tese de doutoramento, ele ficou sem o emprego de engenheiro topógrafo numa empresa de construção civil, este jovem casal resolveu regressar às origens e deitar mãos à terra.

Assim nasceu o projecto Monte do Pardieiro, localizado na propriedade agrícola com o mesmo nome, próxima de Messejana, em Aljustrel, e virado para a produção de plantas aromáticas.

«Ficar na cidade teria sido mais complicado. Este projecto acabou por nos dar estabilidade. Queríamos mudar e fazer qualquer coisa de diferente», conta ao Correio da Manhã Joana, de 30 anos, natural de Aljustrel. Entre as várias ideias que tiveram, a opção acabou por recair na agricultura biológica e nas plantas aromáticas.

«Estamos a tentar explorar a terra de forma sustentável. Pensamos não só na qualidade dos nossos produtos, mas também no que vamos deixar aos nossos filhos», justifica António, nascido em Beja há 31 anos. «E é uma boa alternativa, porque não é um sector muito desenvolvido no nosso País e existe mercado externo», acrescenta Joana.

Assim, o casal Callapez Martins atirou-se ao trabalho no início da última Primavera, aproveitando os dois hectares de terra cedidos pelo pai de Joana para plantar segurelha, estragão francês, manjerona, tomilho e a típica hortelã. Ao todo, Joana e António gastaram no Monte do Pardieiro cerca de 250 mil euros, investimento que além da plantação das plantas aromáticas incluiu ainda as áreas de secagem, crivagem, ou seja, separação das folhas do caule, e armazenamento, tendo contado com os apoios do Programa de Desenvolvimento Rural (Proder) e do programa Jovens Agricultores.

O projecto garantiu igualmente os postos de trabalho do casal, que conta com uma preciosa ajuda vinda da Nova Zelândia. «É uma máquina única em Portugal, em que consigo fazer o corte sozinho enquanto a Joana me ajuda com as caixas; ao passo que com as outras máquinas, são precisas três ou mais pessoas. E em relação ao corte à mão, que é um dos métodos mais utilizados neste sector, é muito mais eficiente. Em cinco horas, cortamos o mesmo que oito pessoas num dia», revela António, garantindo que até final do ano devem sair do Pardieiro entre quatro a seis toneladas de plantas aromáticas para o mercado francês.

Sem planos para entrar nos tempos mais próximos no mercado nacional, o casal quer que os próximos passos a dar sejam a construção de uma estufa, que permita a produção das suas próprias plantas antes de serem plantadas na terra e a extensão da área de cultivo para cerca de quatro hectares. Ao mesmo tempo admitem a possibilidade de disponibilizar o seu equipamento de crivagem e espaço a outros produtores.

Fonte: Correio da Manhã
Data: 07.12.2012
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