quarta-feira, 8 de maio de 2013

É preciso regulamentação e conscientização para evitar o consumismo infantil

Nós vivemos em uma época que a publicidade está em toda a parte e o consumo é incentivado a todo instante, inclusive entre as crianças, que ainda não têm capacidade crítica para avaliar a real necessidade daquele bem que está sendo vendido. Muitas vezes, levados pela mídia e pela campanha promovida pelos próprios coleguinhas, os filhos apelam, sem compreender, mas insistentemente, aos pais, usando a famosa expressão: Compra!

Talvez para reduzir a culpa particular por conta das ausências, talvez para agradar a criança, talvez porque o gasto está ao alcance da família e não há nenhum outro motivo que impeça, os pais cedem. O problema é que, no caso dos brinquedos, passado o período da empolgação inicial, eles vão, invariavelmente, para o canto. No caso dos alimentos, não é difícil constatar que o interesse real não é o conteúdo em si, mas os personagens estampados ou os brindes oferecidos.



Esse costume de comprar exageradamente e sem reflexão é chamado de consumismo. Um hábito que tem sido passado e que vem, cada vez mais, fazendo parte da mentalidade das crianças. Mas será que é possível fazer diferente? Será possível inverter essa lógica e mostrar aos pequenos que a felicidade não está no que se pode comprar? Na opinião de Laís Fontenelle, psicóloga do Instituto Alana, sim!

Em um bate-papo organizado pelo Portal EBC, ela afirmou que é preciso, primeiramente, que os próprios pais tenham consciência dos hábitos do consumo. Além de ser coerente, o pai também precisa dialogar com os filhos para mostrar às crianças que é possível ser menos materialista: “Se nós estamos em uma sociedade que diz que eu sou pelo que eu tenho, os pais têm que conversar muito com os filhos e mostrar todas as outras aptidões, como ele pode ser aceito de outra forma, que nós não precisamos ter tudo para os outros gostarem de nós. É uma árdua tarefa”.

Mas defende, também que essa não deve ser uma missão apenas dos pais: “Os pais sozinhos não vão dar conta de driblar esse processo (…) todos os outros atores têm que estar envolvidos. Estado, tem que regular a publicidade dirigida às crianças. Escola, têm que formar, junto com a família, para um consumo mais consciente”.

Raquel Fuzaro, do movimento Infância Livre de Consumismo, concorda e lembra que a publicidade é pensada e trabalhada de forma a ter um poder de convencimento que, muitas vezes, é mais forte que o dos próprios pais. Por isso, na opinião dela, é crucial que as propagandas passem por um processo de regulamentação no Brasil.

“Nossas crianças são o nicho de mercado deles. E o apelo é tão grande que concorre (em relação aos meus filhos) com os meus valores de uma forma desigual e eu não tenho como, sozinha, fazer uma luta de corpo a corpo”, afirmou ela, se colocando no papel de outras mães.

“Meus filhos o tempo todo perguntam por que as outras crianças têm e elas não, por mais que eu converse com meus filhos e explique tudo para eles. Por isso, o primeiro passo é a regulamentação do Estado. (…) A partir disso, a vida vai ficar muito mais fácil, Vai haver um processo de conscientização das famílias (…) das escolas e de toda a sociedade”, explica.

Assista também aos documentários do Instituto Alana:



Matéria de Adriana Franzin, do Portal EBC, publicada pelo EcoDebate, 08/05/2013

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