quarta-feira, 23 de abril de 2014

Terapias alternativas e tradicionais: uma questão de escolha?

Posted by Marcela Busch
16 de abril de 2014

Uma vez comprovada a eficácia de terapias antes consideradas alternativas, a escolha pelo tratamento ideal agora é opção de cada um.

A medicina ocidental, a partir do século XVII – quando as ideias do filósofo René Descartes começaram a influenciar a ciência – passou a adotar a premissa de que o corpo humano é uma máquina e que cada parte tem uma função específica e independente. Até hoje, a medicina como conhecemos tem suas bases bem firmadas nesse conceito e isso se reflete nas especialidades médicas: gastroenterologista, neurologista, cardiologista, urologista, ginecologista e assim por diante. Especialistas diferentes para tratar cada região do corpo humano.

Todas as práticas da medicina tradicional foram calcadas em estudos científicos e passaram por vários testes que comprovaram sua eficácia, como explica o urologista e membro do Conselho Regional de Medicina de Bauru, Carlos Alberto Gobbo – “Os critérios que definem uma prática como especialidade médica são determinados através de uma validação médica, que avalia a eficácia, efeitos colaterais, como ela age no organismo e quais são os efeitos”. Esses tratamentos e procedimentos médicos são orientados e defendidos pelo Conselho Federal de Medicina, que penaliza os profissionais que utilizarem tratamentos alternativos em seus pacientes, o que demonstra certa resistência da medicina ocidental com relação a outras terapias.

Porém, essa situação pode mudar e já vem se alterando: em menos de dez anos a acupuntura e a homeopatia (tratamentos antes considerados alternativos) foram consideradas especialidades médicas. O tratamento acupunterápico é uma ramo da medicina chinesa que consiste no diagnóstico e na aplicação de agulhas em pontos definidos do corpo, chamados de “Pontos de Acupuntura” ou “Acupontos”, para obter diferentes efeitos terapêuticos conforme o caso tratado. Já a homeopatia atua por meio de estímulos energéticos desencadeados por medicamentos homeopáticos com o intuito de reequilibrar a energia vital dos pacientes.

Nesse contexto é importante destacar que, segundo o Conselho Federal de Medicina, as terapias alternativas são aquelas que apesar de não terem fundamento em nenhuma das especialidades médicas, tem seus efeitos comprovados cientificamente, como as terapias ortomoleculares, antienvelhecimento, Floral de Bach, etc. Porém, embora essas práticas ainda sejam consideradas não convencionais, elas podem vir a se tornar especialidades médicas.

Quando o oriente e o ocidente se unem

Quando os pacientes não encontram satisfação e solução de seus problemas físicos e psicológicos exclusivamente na medicina tradicional, ou só nas terapias alternativas, muitos deles procuram uni-las para alcançar seus objetivos. Foi o que aconteceu com a estudante de Radialismo, Juliana Romano, que encontrou na meditação, no yoga e Florais de Bach, um conforto para viver melhor. “No ano passado, eu estava tendo um problema com ansiedade muito forte, que estava atrapalhando a minha rotina diária. Aí eu procurei um médico e comecei a tomar remédio, mas eu nunca gostei muito dessa ideia do tratamento ocidental, porque toda ansiedade tem um fundo e quando você toma um remédio, você está mascarando aquilo. Até que teve um dia em que decidi parar com esse tratamento, porque eu acreditava que a cura estava dentro de mim. Foi aí que eu procurei outras alternativas: o yoga e a meditação. E logo de cara eu já notei as mudanças”, conta a estudante.
Juliana complementa a terapia tradicional com yoga e Florais de Bach. (Foto: Maria Tebet)

Para obter os resultados que desejava de maneira mais eficaz, Juliana também fazia terapia com psicólogo, unindo o tratamento oriental (yoga, meditação) e o tratamento ocidental (terapia convencional e floral de Bach). “Eu acredito que a terapia alternativa sempre tem que vir atrelada com a medicina tradicional, porque uma complementa a outra. Por exemplo, se você tem enxaqueca frequente, você tem que consultar um neurologista, mas se ele não encontrar nenhum problema, você vai para os tratamentos alternativos”, afirma Juliana.

É preciso destacar, porém, que “o código de ética profissional orienta os psicólogos a não utilizarem, ou ainda, associarem estas práticas à atuação profissional. Na verdade, isto é mais que uma orientação, quando olhamos para o artigo 1 do código de ética, observamos que é um dever. Profissionais da psicologia que fazem o uso de terapias alternativas em seus consultórios, estão descumprindo um princípio ético e podem ser penalizados, caso sejam denunciados”, afirma a psicóloga Karina da Silva Oliveira.

A explicação para resistência da medicina ocidental em aceitar e oficializar os tratamentos alternativos e orientais pode estar na subjetividade dessas terapias, que não veem o corpo humano como uma máquina, cujas partes seriam peças que precisariam ser consertadas quando quebram, individualmente. As terapias alternativas enxergam o ser humano como um todo: é preciso que se trate a mente e a causa verdadeira do problema como um todo, uno.

Reportagem: Mayara Reis

Produção Multimídia: Maria Tebet

Edição: Marcela Busch

Link:

Nenhum comentário:

Postar um comentário