Foto: PPWalldesktop
[EcoDebate] A fauna representa todo conjunto de espécies animais, que apresentam funções reguladoras extremamente importantes nos ecossistemas, especialmente na cadeia alimentar.
Cada animal é parte de uma cadeia biológica. Como exemplo, o tié-sangue (Rampfhocelusbresilius) é grande dispersor de árvores frutíferas, e sua retirada da natureza causa um grande impacto ambiental comprometendo significativamente a cadeia alimentar em seu sistema.
As grandes divisões dos ambientes ocupados pelos animais são as águas salgadas, as águas doces e a terra.
Os animais marinhos ecologicamente são separados por:
- Plâncton: Organismos que flutuam e são movidos passivamente pelos ventos, ondas e/ou correntes; tamanho pequeno ou microscópico; inclui protozoários e crustáceos;
- Nécton: Animais que nadam livremente; inclui lulas, peixes, serpentes marinhas, tartarugas, aves marinhas, focas, baleias, etc. Os animais do plâncton e nécton também são chamados de Pelágicos.
- Bentos. Animais que rastejam, se prendem ou cavam no substrato do fundo (Storer, 1991).
Os animais de água doce compreendem muitos protozoários, algumas esponjas, moluscos bivalves, vermes, crustáceos, larvas e adultos de insetos, e vertebrados de peixes a mamíferos.
Alguns macroinvertebrados bentônicos têm sido amplamente utilizados como bioindicadores de qualidade de água e saúde de ecossistemas por apresentarem as seguintes características:
- Ciclos de vida longo, comparando-se com os organismos do plâncton que em geral tem ciclos de vida em torno de horas, dias, 1 ou 2 semanas; os macroinvertebrados bentônicos podem viver entre semanas, meses e mesmo mais de 1 ano, caracterizando-se como “organismos sentinelas”. Em geral, são organismos grandes (maiores que 125 ou 250 µm), sésseis ou de pouca mobilidade;
- Fácil amostragem, com custos relativamente baixos;
- Elevada diversidade taxonômica e de identificação relativamente fácil em nível de família e de alguns gêneros;
- Organismos sensíveis a diferentes concentrações de poluentes nos meios em que vivem, fornecendo ampla faixa de respostas frente a diferentes níveis de contaminação ambiental.
Os animais terrestres são mamíferos, aves (todos que voam ou “vivem” no ar, voltam ao chão, a árvores ou a rochedos), répteis e insetos, em menor número, anfíbios, crustáceos, moluscos, vermes e protozoários. São todos móveis excetos alguns parasitas. Vivem na superfície da terra, nas plantas ou em pequenas profundidades no solo.
A identificação das espécies animais, que ocorre em um determinado ecossistema, por meio de levantamentos, é essencial para os diagnósticos ambientais e demais estudos de manejo, preservação e conservação.
O diagnóstico deve permitir a obtenção de informações, não apenas sobre a diversidade, mas também a densidade populacional das espécies, permitindo assim investigar a capacidade de suporte de um determinado habitat.
A presença de espécies estenóicas, ou seja, espécies dependentes de determinados ambientes, bem como a presença de espécies raras ou endêmicas, são fundamentais para a detecção do grau de primitividade do ambiente. As espécies eurióticas que são tolerantes a condições adversas são boas indicadoras dos diferentes níveis de alteração em um ecossistema. Um bom exemplo é a herpetofauna (répteis).
Nos ecossistemas terrestres, por exemplo, os mamíferos (mastofauna) representam o grupo que é mais vulnerável à perturbação ambiental, podem ser bons indicadores do grau de conservação de determinadas áreas, principalmente em função de deslocamento. Para muitas espécies a ocupação de novas áreas é impossível, não apenas por barreiras físicas, mas características comportamentais, habitat restrito ou grande territorialidade.
Impactos sobre a vegetação produzem efeitos diretos na fauna pela redução, aumento ou alteração de dois componentes básicos: alimentação e abrigo.
Os insetos também têm sido considerados bons indicadores ecológicos da recuperação ambiental, principalmente as formigas, os cupins, as vespas, as abelhas e os besouros. Em nível de solo nas áreas em processos de recuperação, há uma sucessão de organismos da meso e macrofauna que estão presentes em cada etapa da recuperação destas áreas, sugerindo que possam ser encontrados bioindicadores de cada uma destas etapas.
Outros animais considerados bons bioindicadores por sua relação com o habitat florestal, são as aves, pois a redução do número de espécies está associada com a redução da área em que habita. As espécies consideradas indicadoras de ambiente preservado são aquelas que ocorrem exclusivamente no habitat original, apenas eventualmente em áreas adjacentes. Os principais grupos ecológicos de aves afetados por uma redução do número de espécies são:
Frugívoros grandes das copas: aves que diminuem as ofertas alimentares e reprodutivas, a maioria necessita de troncos para nidificar;
Insetívoros corticícolas: necessitam de micro-habitats próprios para o local de uso de forrageiras para reprodução (troncos grossos);
Insetívoros grandes de solo e sub-bosque: provocam drásticas alterações na fauna de solo e nas condições do sub-bosque;
Insetívoros de brenhas: que são especializados em forragear em vegetação extremamente adensada.
Em menor escala, são afetadas as seguintes espécies que podem atuar como indicadores biológicos secundários:
- Frugívoros do solo;
- Carnívoros diurnos;
- Insetívoros de estrato médio;
- Insetívoros noturnos;
- Nectarívoros;
- Granívoros das bordas.
O número de indivíduos tende a aumentar substancialmente, com as modificações decorrentes de ações impactantes ou atividades antrópicas sobre o ambiente florestal. Entre estas espécies destacando-se os omnívoros de bordas de florestas e os insetívoros pequenos das copas
Já outras espécies animais tendem a permanecer inalteradas quando se modificam as condições do ambiente florestal, merecendo destaque os frugívoros de solo, os carnívoros diurnos, os insetívoros pequenos de sub-bosque e os insetívoros das bordas.
Em todos os demais grupos ecológicos, o número de indivíduos se reduz drástica ou sensivelmente em função das alterações nos ambientes florestais.
As aves de sub-bosque são as mais sensíveis às perturbações na estrutura florestal. São também as autênticas indicadoras do grau de regeneração de uma floresta, onde se pode evidenciar dois aspectos:
Há extinção gradual de certas espécies próprias das regiões alteradas;
A regeneração da avifauna de sub-bosque de uma área é inversamente proporcional à distância desta com outra área florestada próxima.
Estudos específicos ou até generalistas, com relação à fauna em geral e a avifauna em particular, são bastante apreciáveis como sugestões finais de uma avaliação de impacto ambiental. Estes estudos fornecerão subsídios para um monitoramento durante e depois da obra impactante, permitindo definições muito mais precisas das medidas necessárias para sua mitigação ou atenuação. Além disso, serão formas importantes de complementar os resultados de investigações paralelas dos diferentes impactos em um empreendimento.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
EcoDebate, 03/07/2014
Link:
Nenhum comentário:
Postar um comentário